Kiara Raffaello
— Então está tudo certinho? — Questiono e ele assente. — Tudo certo com a contabilidade e tudo certo em relação ao enterro! — Ele fala com calma. — Muito obrigado! — Falo e ele assente. — Esses dois dias, estão parecendo um ano! Eu só quero resolver tudo isso e poder voltar logo para a nossa casita. — Aquele homem não parece disposto a te deixar ficar aqui sem ele. — Lucas fala e eu dou de ombros. — Aquele homem e a opinião dele é insignificante, para mim! — Falo com seriedade. — Tem algo a mais para me falar? — Não, agora irei para meu quarto e dormirei embaixo da cama. — Sorrio negando. — Bobo! Ele não é nem louco de fazer algo contra você. — Falo me levantando da cadeira pronta para sair. Lucas vai para o quarto dele e eu vou para o quarto que eu escutei as meninas conversando, abro a porta devagar vendo Giuliana dormindo calmamente, sorrio e encosto a porta. Desço as escadas escutando um falatório na cozinha e vou direto para lá, encontrando Afrodite, Vittorio e Rocco. — Mas ela também não era nenhuma santa! — Vittorio fala parecendo revoltado. — De quem vocês estão falando? — Pergunto entrando na cozinha e indo até a geladeira. — Da cristal. — Rocco fala e eu me viro. — Você não pode culpar ela de nada Vittorio, também deve respeito pela mãe da sua filha que agora é falecida. — Afrodite fala. — Aquela vagabunda escondeu Giulia de mim, eu perdi os últimos seis anos da minha filha. — Ah, não! Não tô escutando isso rapaz. — Como que é Vittorio? Você a umas onze horas atrás estava decidido a mandar a menina para um colégio interno e só buscar ela com vinte anos para a merda de um casamento arranjado. Então eu não irei admitir que você ofenda a mãe da sua filha sendo que o escroto foi você. — Falo e vejo a cara do Rocco se transforma em raiva. — Você ao menos tinha perguntado o nome da sua filha ou conversado com ela, até hoje de madrugada no avião. — Sua mãe não pode nem sonhar com uma merda dessa! — Afrodite fala e eu assinto. — Se for para você ser a merda de um pai, eu posso criar ela como minha filha! — Arregalo os meus olhos com a fala de Rocco. — Isso ai! ela terá amor, carinho, será criada como nossa filha e não jogada na merda de um colégio interno. — Afrodite fala e eu vejo Vittorio trincar a mandíbula. — Vá a merda, vocês dois! — Ele fala e eu vejo na hora a mão do Rocco se fechar em punho, mas Afrodite coloca a sua não encima da dele e meu cunhado relaxa. — Ela é minha filha, minha! E eu serei o pai dela e nem você e sua mulher irão impedir que isso aconteça. Seguro a minha risada, porque Vittorio realmente está falando como uma mãe leoa. Rocco tem um sorriso irônico em seus lábios. — Se você não cuidar bem da minha sobrinha, eu tomarei a guarda dela! — Rocco fala. — E sobre aquele outro assunto, acho que está evidente que eu não concordamos! — Afrodite fala. Não concorda com o que meu Deus? — Esse assunto não te diz respeito, não diz respeito a nenhum de vocês. — Vittorio fala com seriedade e se desencosta da bancada. — Amanhã será um longo dia, irei enterar a mãe da minha filha e iremos partir novamente para a Rússia. — Você não pretende ficar nem mais uns dias? Para conhecer seus sobrinhos e ver sua mãe. — Afrodite pergunta e ele nega. — Não! — Vittorio fala cortante e sai sem nem olhar para trás, olho para Rocco e vejo a decepção e tristeza em seu olhar. — Por que sua boca está cortada? — Afrodite pergunta e eu vejo que ela está triste com o jeito que Vittorio tratou Rocco. Rocco é considerado a besta da máfia Italiana, mas ele é um amorzinho e somente quem convive com ele todos os dias entende o que eu estou falando. Rocco é um ótimo pai, ótimo marido, ótimo amigo, ótimo irmão e ótimo filho. Ver ele triste por causa do filho da puta do Vittorio é foda cara. — Vladimir! — Murmuro e ela nega. — — Titio nunca levantou a mão para você, e olha que várias vezes achei que faria quando você o tirava do sério. — Ela fala com raiva. — Aí vem aquele velho, filho da puta e faz isso?! Sorrio e abaixo a minha cabeça, quando ergo novamente eu sinto meus olhos encherem de lágrimas, é nesse momento que eu sou engolida pelos braços da minha melhor amiga. Às lágrimas que eu não permitir derramar na Rússia e demostraram tristeza perante eles eu estamos aqui. — Anjo, durma essa noite com ela! — É a última coisa que escuto, antes de soltar um grito entre minhas lágrimas. ******* Eu literalmente não dormi! Passei a madrugada acordado, bebendo vinho e conversando com minha melhor amiga sobre como eu estou me sentindo. Lhe contei tudo, desde a minha louca decisão de ir para a Rússia até o reencontro com os meus pais, nossa discussão e todo o resto. Eu achei que estaria tudo bem, que eu não estava sentindo essa dor, mas a realidade é que doi sim e muito. Quando deu umas três da manhã eu tratei de mandar ela para casa, afinal ela tinha que ir trabalhar, mas ela decidiu que não iria e sim iria para o enterro conosco. Quando deu umas cinco horas da manhã eu já estava arrumada e Afrodite tinha ido se arrumar em casa, então eu só arrumei uma bolsa com coisas básicas e fui até o quarto da Giulia. Quando abri a porta a menina já estava arrumada, sentada na cama em perna de índio olhando para uma foto, me aproximei sabendo que ela já tinha notado a minha presença. Vi a foto em seus mãos, Giulia bebezinha com uma mulher linda, cabelo cacheado cor de mel, cara cheia de sardas e olhos claros e Giulia bem bebezinha sorrindo para a câmera. — Bom dia, Giulia. — Falo e ela continua olhando para a foto. — Podemos ir? O carro já está te esperando. — Sim! — Ela murmura se levantando da cama, então ela pega uma bolsa que parece um nécessaire e sai andando na minha frente. Estranho a bolsa, mas não falo nada e deixo como está, vendo que em sua outra mão ela segura a foto com cuidado.