Max tem ligação com poucas pessoas, a maior parte são amigos da família e é apenas isso, mas apenas duas pessoas dessa pequena lista dele me chama atenção: Josh e Vitória. 

Saio do pequeno quarto e tranco-o, empurro a porta com força só para ter certeza que está totalmente trancada. Direciono-me até a cozinha, pego um frasco de analgésico, tomo um comprimido e retiro as minhas roupas. A cicatriz ainda é visível na parte inferior da minha coxa e ainda dói bastante, analgésico há cada 4 horas vem me ajudando, mas sei que um dia não será mais suficiente. A enorme cicatriz vai da parte de trás do joelho até a minha virilha, enquanto a encaro e o terror toma conta de mim, sinto uma lágrima quente escorrer pela minha bochecha. 

Preparo uma banheira com algumas ervas e me deito dentro dela, uso o calor da água para relaxar.

Sempre quis fazer a diferença, essa era a minha meta: Adotar uma criança. A minha mãe costumava sorri enquanto eu contava para ela que um dia salvaria uma criança órfã dá solidão, o olhar dela brilhava a admiração e orgulho. 

Pego uma toalha e vou para o quarto levando comigo os papéis do evento e o notebook. Dou uma olhada e a programação baseia-se em sorrir e beber. O intuito do meu chefe é fazer com que os Steel aceitem a sociedade conosco e invistam 100 milhões de dólares na empresa. Abro o notebook e pesquiso sobre os Steel. 

Josh Steel é um dos dois herdeiros da grande fortuna deixada pelo seu pai, dono da maior companhia de fabricação de bolsas da América Latina. O jovem tem apenas 30 anos e uma grande reputação de mulherengo. 

 Meu plano é simples: chamarei a atenção de Josh discretamente. Max deixou explicito no contrato que não aprova que suas secretárias flertem ou recebam flertes durante eventos e reuniões com ele. E o que melhor para destruir uma empresa do que destruir futuros sócios e a chance de expandir os negócios? 

Ligo o meu notebook pessoal e entro na rede social da Victoria Davis, clico nas suas fotos e sinto meu estômago revirar com a lembrança.

The New York Times,  15/11/2018

—Vic? - Digo enquanto bato na porta 

Abro e mostro o que há em minhas mãos 

—Como você descobriu que tenho uma queda por cappuccino? -- Vic abre um grande sorriso  

Há muito venho seguindo e investigando Vitoria de perto, e um dos seus vários hábitos é tomar cappuccino antes das oito da manhã.

—Intuição, talvez – Dou de ombros e vou até ela 

 Vejo um sorriso contente se formar no rosto da jovem  

 Não sei o que pensar da Vitoria, apesar de tudo ela é só mais uma vadia querendo tomar o que vai ser meu, Max e minha vingança estão em jogo, não perderei.

— Posso ajuda-lá? - Diz uma bela moça enquanto abre a porta 

— Investigadora Brida, FBI. Podemos conversar? - Mostro o meu distintivo para ela.

A moça acena e dá espaço para que eu passe

— Por favor, sente-se. 

— Obrigada, não irei demorar. Preciso apenas que me responda algumas perguntas 

— Claro, mas sobre o que é?

— Preciso que me fale sobre o tempo que passou como assistente do senhor Max Stewart. - Observo o movimento das duas pernas- está tudo bem?

— Sim – a jovem sorri hesitantemente e tenta controlar o movimento da sua perna - aconteceu algo?

— Não, mas me diga senhorita Emma – olho fixamente para a garota – como era a sua convivência com o seu ex chefe?

—Max sempre foi um cavalheiro, gentil e sempre me ajudou com tudo, tínhamos uma boa convivência

—Então por que foi demitida? 

—Tive alguns problemas de saúde que me levaram a deixar o emprego até melhorar, e então quando estava melhor já haviam ocupado a vaga. - A linguagem corporal dela me disse outra coisa

Abro a minha bolsa e retiro alguns documentos 

—Aqui diz que você pediu demissão no dia 10 de novembro, correto? - Olho fixamente para ela e observo o seu aceno. - Mas de acordo com os dados fornecidos você não deu entrada em nenhum hospital. Fez o tratamento em casa? 

Houve uma breve hesitação, mas Emma apenas concorda com a cabeça.

—Novamente sobre o relacionamento de vocês, dois dias antes de você deixar a empresa, o senhor Max deu um presente para você, certo? - Olho para o pingente de diamante branco no colar de Emma – vejo que ainda o utiliza.

—Onde está querendo chegar, investigadora? - Diz Emma rispidamente 

—Ele costuma dar presente para todas as suas assistentes ou apenas para você?

—Por que não faz esta pergunta para ele? - Emma revira os olhos e sinto o seu medo

—O que te faz pensar que ele responderia, Emma? 

Emma dá de ombros 

—Há algumas semanas iniciei uma investigação sobre todas as secretarias que passaram pela empresa Stewart, e todas receberam presentes nos primeiros meses de trabalho, mas sabe o que aconteceu? Todas, exceto você, desapareceram misteriosamente, me diga Emma, ou devo chamá-la de Emília? 

Todo o corpo da jovem se contrai

—Você sabe o que quero, quero a verdade Emilia 

—Eu nã.. - O som da voz de Emília para, e sinto algo quente escorrer pelo meu rosto. A única sobrevivente, agora está caída em minha frente com um tiro na cabeça. Assassinada