Meu mundo para e explode, estou paralisada enquanto as suas palavras rodeiam os meus pensamentos, respiro fundo e forço minhas pernas a se mexerem.
-Senhor? - Deixo a minha expressão neutra enquanto me viro para encara-lo
- Perdoe-me, só tive a sensação que te conhecia
-Hum - Dou um longo sorriso e volto-me para a porta, assim que ela se fecha dou passos largos até a minha mesa.
Afundo na cadeira, como poderia me reconhecer, Max? Faz tanto tempo... Já não me pareço mais com uma criança e ele já não é mais um adolescente. Tanto tempo...
Recolho minhas coisas e prossigo pelo extenso corredor. Tenho a ideia de passar na sala da Vitória e dou uma leve batida, e entro. Diferente da sala de Max, a sala da Vitória é simples.
A mulher à minha frente é elegante com a sua saia azul escuro e me faz lembrar do terno de Max. Eles estão juntos? Max deixou claro que roupas combinando servia para indicar que alguém é dele, merda.
O cumprimento da saia vai até o joelho, acompanhando o seu blazer da mesma cor. A sua blusa é de um tecido leve branco, posso ver um colar com uma pequena pedra, creio ser diamante branco, que reluz como o próprio sol. Seus cabelos não param de me chamar atenção. Pego Vitória me olhando com as sobrancelhas franzidas.
— Passando apenas para avisar que eu estou indo
— Obrigada por vim aqui se despedir, nos vemos amanhã?
— Tenho certeza que simVitória apenas dá um breve aceno e eu me retiro.
Eu com certeza não quero ser amiga dela, no entanto preciso da sua ajuda, ela está aqui há muito tempo e sei que sabe mais coisas que qualquer um, está sempre ao lado de Max e envolvida em todas as reuniões e há também o fato dela ser dona de uma parte da empresa, mesmo que seja mínima ainda é algo
Chego até o elevador e sigo até a recepção. Após deixar a empresa, me permito dar um breve sorriso e uma respirada funda. A sensação de estar cada dia mais perto da verdade me abraça, e tudo em mim se acalma.
Sigo para o meu apartamento no Brooklyn e me jogo no sofá... Preciso apenas descansar um pouco.
Pego o notebook e verifico meus e-mails, Vitória realmente deve ser reconhecida pela sua agilidade, abro o pequeno documento em word e rolo a tela pegando apenas algumas partes. Ao contrário do que Max pensa, eu conheço bem esse documento, cada palavra e frase. Li e reli tantas vezes que decorei a maior parte.
Durante anos de pesquisa, descobri tudo o que o senhor Stewart gosta e espera de uma assistente. Cada mínimo detalhe eu aprendi, incontáveis noites sem dormir, anos lendo documentos sem parar, mas tudo valerá a pena, sei que sim.
O documento, assim como eu esperava, exige um comportamento adequado, em outras palavras devo obedecer ao meu chefe e agir como propriedade dele. Cada frase minha deve ser medida, pensada, premeditada ou o próprio Max se encarregará da punição.
Fecho o notebook com força, deposito todo o meu ódio nele, um objeto para ser moldado e usado, isso que devo me tornar.
Merda, merda
Levanto-me e vou até uma pequena sala do meu apartamento, se eu me sentia calma e relaxada quando sai da empresa isso já não precede mais. Encontro meu mural e dou uma breve olhada nas notícias que estão coladas nele. São todas referentes aos relacionamentos e envolvimentos do senhor Stewart.
Max não é o que chamamos de mulherengo público, pelo menos até onde sei. Ele é discreto e teve apenas uma relação fixa, que nunca chegou a ser assumida por ele, ninguém sabe como começou ou porquê acabou, mesmo com todas as minhas investigações consegui apenas boatos e hipóteses, ele sai uma vez ou outra com alguém, mas nunca duas vezes com a mesma mulher.
Eu não sei como ele consegue esconder, mas creio que o dinheiro dele ajuda muito a omitir informações.
Entrei no FBI e me tornei a melhor investigadora que pude nos escassos anos que me foram permitidos, e aprendi muito com a minha breve experiência.. Busquei a papelada sobre o que aconteceu com a minha família e a ordem jurídica que destruiu minha adolescência e a minha vida. Todas elas me levaram até a família Stewart, e somente a esta família.
Apesar de descobrir diversas informações, algumas pontas ficaram soltas e, para uni-las, preciso estar próxima de todos que estão ligados aos Stewarts.