Flora Narrando
O jantar foi mais silencioso do que o normal, mas teve um pouco de vida. Por insistência da Luna, o Marcos comeu alguma coisa. Pouco, mas comeu. Ela ficou do lado dele o tempo inteiro, servindo, perguntando se queria mais, tentando arrancar um sorriso mesmo que fosse forçado. Era nítido o esforço dela pra manter ele em pé, inteira por fora, mas com os olhos inchados de quem chorou escondida no banheiro.
— Isso vai passar — ele disse, de repente, com a voz baixa. — É só o peso da decepção. Da traição.
Aquela frase me deu um aperto. Eu vi dor nos olhos dele. Vi um cara forte tentando juntar os pedaços da própria dignidade. E sinceramente, eu não ia aceitar ver ele se destruindo por causa de um desgraçado como o Alexandre.
— Por que vocês não viajam? — sugeri, olhando pros dois. — Saem do Rio por uns dias. Dá um tempo. Deixa meu pai e o Evan cuidarem disso.
Marcos olhou pra mim com uma dúvida no olhar, como se não soubesse se podia deixar tudo nas nossas mãos.
— A gente r