Ethan Narrando
O olhar dela me matou. Desde o momento em que entramos no elevador, Sophie manteve aquele silêncio cortante, frio, distante. Eu sentia cada centímetro da distância que ela impôs entre nós como se fosse uma barreira invisível. E, mesmo assim, lá estava ela, ao meu lado, cumprindo o trabalho com toda a competência que sempre demonstrou. Mas aquilo... aquilo não era só trabalho. Era mágoa. Era dor.
No carro, tentei puxar assunto. Queria qualquer abertura para consertar as coisas, nem que fosse com meia dúzia de palavras mal colocadas. Mas, antes mesmo de eu concluir a frase, ela me cortou.
— Senhor Ferraz, por favor, se for algum assunto profissional, estou aberta a discutir. Fora isso, gostaria que o senhor respeitasse. Esse é o meu horário de trabalho — disse ela, séria, sem hesitação.
Fiquei em silêncio, engolindo seco. Não era a resposta que eu queria, mas era a que eu merecia. Ela estava magoada, e a culpa era minha.
O silêncio voltou a preencher o carro, até que o n