Capítulo 3

[ Seis dias depois ]

Foi no dia treze de outubro, de dois mil e dezesseis, em plena sexta-feira, exatamente às duas e quarenta e cinco da manhã, que Sebastian ouviu aquele chorinho pela primeira vez.

Foram quase seis horas de parto. E isso enlouqueceu o papai do ano.

Ele não sabia o motivo daquilo demorar tanto e sequer saiu do lado da Hana. Mesmo não tento nada, romanticamente, com a mulher, ela havia aceitado passar por tudo aquilo só para ajudá-lo a ser pai. Sebastian, com a permissão da mulher, ficou ao lado dela, fez massagem, a alimentou e até a ajudou a andar pelo hospital.

Hana, em certos momentos gritava de dor e isso fazia o coração do Sebastian agitar. Ele não sabia o que fazer para ajudá-la e isso, às vezes, causava algumas risadinhas fofas das enfermeiras. O hospital, desde o começo, havia sido informado da situação da gravidez. Então, para algumas enfermeiras “soltinhas”, ver Sebastian sendo tão fofo assim, deixavam elas mais atiradas. Isso causava algumas caretas desconfortáveis em Sebastian e algumas risadas da Hana.

Ele deixou na mão da mãe a responsabilidade de avisar a Ana da chegada do bebê e da mudança da babá para a sua residência. Ela sabia que o bebê poderia nascer a qualquer momento, então já havia deixado uma boa parte das coisas que levaria, arrumadas. Em quatro horas ela terminou de arrumar tudo e entrou na casa do Sebastian com a chave reserva que Selena havia lhe dado dois dias atrás.

Depois de tomar um banho rápido e higienizar bem as mãos e braços, ela entrou no quarto do bebê e arrumou tudo. Ela arrumou as roupinhas que estavam em um cesto bem organizadinhos em cabides. Selena a avisou que elas havia sido entregues naquela tarde pela lavanderia. Selena também a avisou que havia algumas roupinhas recém compradas que ainda não havia sido enviadas para a lavanderia, então Gabriela fez um lembrete mental de separá-las. Ela organizou as roupinhas e deixou tudo preparado para a chegada do bebê. Ela não sabia o motivo, mas estava muito ansiosa. Talvez seja pelo fato de sempre ter gostado de bebês.

Sebastian também estava ansioso, e nem a chegada do filho o deixou mais tranquilo. Assim que Ben nasceu, ele foi direto para os braços do pai. Por Deus, Sebastian nunca se sentiu tão feliz e completo na vida. Ele agora era pai.

Agora tudo iria, realmente, mudar. Sua rotina, seus horários de sono, sua casa, sua vida, nada mais seria igual ao que era. E claro, essa mudança seria para melhor.

Sebastian agora era pai. Agora ele tinha alguém para recebê-lo ao final do dia, quando chegasse cansado de tanto trabalhar. Ele queria muito ser um bom pai. E ele iria dar o seu melhor para ser.

Assim que o filho foi tirado dos seus braços, Sebastian deixou um beijo na mão direita da Hana e a agradeceu, mais uma vez, por tudo aquilo. Essa seria a última vez que eles se veriam, porque tinha que ser assim. Sebastian a perguntou, antes de entrarem na sala do parto, se ela queria ver o bebê, ao menos uma vez. Mas Hana negou com a cabeça.

Quando chegou na sala de espera, Sebastian abraçou a mãe e ganhou um tapinha no ombro do pai.

— Ele é tão lindo, mãe! Tão lindo.

— Quando poderemos vê-lo? - Selena perguntou ao filho.

— As enfermeiras me falaram que ele passaria por alguns exames agora e que seria levado ao berçário daqui a duas horas.

— Certo!

— Conseguiu falar com a Ana? - Sebastian perguntou a mãe.

— Consegui sim! Ela já está na sua casa. Mandou uma mensagem há uma hora, avisando que o quarto já está pronto!

— Ah, mãe! Eu estou tão nervoso. E se eu não conseguir?

— Por que essa insegurança agora? Você está arrependido por...

— Não! - Sebastian nem deixou o pai terminar a frase para negar o que tinha por vir — Eu não me arrependo de nada, pai. Juro! É só que... ele é tão pequeno, tão inocente, tão...frágil. Eu só estou nervoso. Mas eu sei que irei conseguir. Eu tenho vocês dois e tenho a Ana também.

— Esse nervosismo é normal, meu amor - Selena levou as mãos até o rosto do filho e recolheu as lágrimas — Essa insegurança que você está sentindo de não ser o suficiente para cuidar do seu filho, também é normal. Mas eu juro, que quanto você chegar em casa, depois de um dia cansado de trabalho, e encontrar ele sorrindo pra você, vai valer muito a pena esse esforço, filho.

— Eu nunca fui tão feliz contando até vinte, mãe - Sebastian sorriu — Contei os dedinhos das mãos e dos pés. Ele é tão pequeno.

— Agora você entende o motivo desse velho aqui não ter lhe pego até os três meses, certo? Você também era pequeno. Parecia que ia se desmanchar nas minhas mãos.

Sebastian riu e foi ao banheiro trocar de roupa. Tirou a touca, o avental, os pró-pés e trocou aquele pijama verde pelo terno caro. Depois retornou a sala de espera e aguardou ali, o momento em que poderia ir ver, novamente, o seu menino.

Um alívio se instalou em seu peito quando o médico lhe disse que seu filho havia nascido saudável. Com três quilos e novecentos gramas, Benjamin Peterson chegou ao mundo.

No dia seguinte, por volta das sete horas da noite, Ben recebeu alta e com a ajuda do pai, Sebastian o colocou no bebê conforto.

Selena e o marido acompanharam o carro do filho até a casa dele, mas não ficaram por lá.

Quando entrou em casa, com a ajuda de Ana, Sebastian deu leite ao filho e a responsável por fazer o bebê arrotar, foi a babá. Durante a primeira noite Sebastian não conseguiu dormir. Ele estava eufórico com a chegada do filho e isso se estendeu durante o primeiro mês.

Sebastian trabalhou em casa, assim como tinha avisado. Ele estava feliz por, finalmente, estar vivendo a rotina que tanto sonhou. Suas reuniões eram encerradas mais cedo por conta do choro do bebê. Ana até tentava pegar o bebê para não atrapalhar as reuniões, mas Sebastian fazia questão de mostrar que agora era pai.

— Hum, parece que alguém está com fome - Ana correu para o quartinho azul, quando ouviu o choro do bebê, depois Sebastian tinha feito o Ben dormir e saiu para assinar alguns papéis na empresa, enquanto a babá ficou na cozinha, organizando algumas compras que ele havia feito pela manhã.

Naquele dia, Sebastian passou quase o dia todo fora de casa, não queria se ocupar muito no trabalho, queria ter mais tempo para o filho, principalmente nesse momento. Colegas de trabalho lhe parabenizavam e falavam para ele aproveitar bem aquele momento, porque o tempo passava rápido. Mas quem disse que o trabalho deixava? Eram tantos papéis para assinar e projetos novos sendo planejados, que Sebastian se via perdido, mas claro, sua prioridade sempre foi o filho.

Só que meses foram passando, Benjamin estava crescendo rápido e os cuidados aumentando. Sebastian sentiu que cada vez que piscava os olhos uma festa de aniversário era feita para o filho. Nunca foi de reparar no quanto o tempo passava rápido, mas chorou quando viu que o bebê que pegou no colo assim que nasceu, agora estava perto de completar seis anos.

Seis anos. Como havia passado tanto tempo assim? Mas Sebastian não poderia dizer que não aproveitou o tempo, porque ele aproveitou sim. Estava presente quando Ben teve febre pelo nascimento dos primeiros dentinhos, viu quando ele falou papai pela primeira vez, foi ele quem deu a primeira frutinha ao filho e foi o dedo dele que Ben segurou para dar os primeiros passos.

Podemos dizer, com toda certeza do mundo, que Sebastian estava indo bem. Até que Ana precisou pedir demissão. A babá havia recebido uma nova oferta para ajudar outros papais de primeira viagem a passar por tudo que Sebastian passou. E ela aceitou, claro. Sebastian entendeu o lado da babá e agradeceu por toda a ajuda que teve.

Mas e agora? O que faria com o menino de seis anos que não parava de chorar pela falta da babá? Teria que arrumar outra pessoa, o mais rápido possível.

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