Uma esposa para Cássio
Uma esposa para Cássio
Por: Roberta Aragão
Prólogo

Ashley

Estou sentada no sofá velho que um dia já foi totalmente de couro preto e sem rasgos, encarando os papéis que reduzem minhas opções de paz no momento.

“ Você está demitida ”

A lembrança ecoa pela minha mente outra vez, e depois outra e outra até que eu decido levantar e respirar fundo. Claro que uma demissão não seria suficiente para me levar a loucura, entretanto uma demissão e uma ordem de despejo juntas, podem conseguir esse feito.

Nos últimos anos minhas condições financeiras foram reduzidas drasticamente graças aos muitos empréstimos que eu peguei para ajudar no tratamento do meu pai. Não foi o bastante, ele não sobreviveu.

- Ash, abre a porta. - Ouço a voz aflita da minha melhor amiga, Olívia. Com base em sua pressa e nas batidas fortes, ela com certeza já sabe da minha demissão.

- Eu juro que estou bem. - Digo antes que a preocupação transpareça ainda mais em seu rosto.

Não gosto que sintam pena de mim, mas gosto de saber que não estou totalmente sozinha no mundo. Minha família de sangue se foi, mas a família da Olívia me adotou como parte permanente desde então.

Eu sou muito grata por isso.

- Nós vamos dar um jeito nisso, aquele careca miserável não tinha esse direito. - Em todos os anos em que somos amigas, nunca vi Olívia tão brava. Era até um pouco engraçado, já que isso a deixava fofa.

- Ele tinha, a empresa é dele. - Pontuo de forma simples, mesmo sabendo que não é totalmente verdade.

- Você sabe que ele só fez isso porque você recusou sair com ele. - É, o meu ex chefe era incrivelmente um filho da pu** nojento, mas eu precisava muito do emprego e não podia me deixar ao luxo de sair, mas agora estou aqui sem ele do mesmo jeito. O sentimento é conflitante.

Parte boa? Não olhar mais para aquela cara nojenta. Parte ruim? Morar dentro de uma caixa na rua e usar a água da chuva para banhos e lavar os cabelos.

Ok, talvez eu tenha dramatizado um pouco. Só um pouco, afinal minha situação ainda é muito ruim.

- Você pode ter razão, Oli, mas além de sem emprego agora também sou sem teto. - Seus olhos se arregalam e eu lhe entrego a carta de despejo que quase rasguei no desespero para abri-la.

- Tenho uma semana para desocupar o apartamento. - Digo resignada, pelo menos me esforço para que Oli acredite que não estou surtando. Não quero que ela se envolva mais do que o necessário, essa preocupação é toda minha.

- Você vai ficar na minha casa. - Sugere.

É uma decisão um pouco louca rejeitar um potencial abrigo? Sim.

Mas, eu realmente preciso conseguir resolver isso tudo sozinha, Oli e sua família me deram muito apoio enquanto eu cuidava do meu pai, não quero outra vez ser uma preocupação, preciso caminhar com as minhas próprias pernas.

- Não se preocupe, eu tenho um plano. - tento convencê-la.

Mas, a verdade é que eu não tinha um plano.

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