Ergo a sobrancelha.
— De que?
Ela me olha por um momento.
— Ér... — Kia olha para os lados. — Tenho que arrumar algumas coisas... licença.
Ela se levanta e corre escada acima. Aquela garota com certeza estava escondendo alguma coisa.
Dou de ombros e ligo a TV.
[...]
— É lindo! — digo para Arabella.
Ela tinha vestido uma jardineira jeans e uma blusa cropped preta com mangas.
— Estava pensando em usar esse fim de semana.
— Está nevando. Não vai sentir frio?
— Jogo um sobretudo por cima.
Ela dá de ombros.
Escuto a porta abrir e dou uma olhada rápida. O suficiente pra ver Louis coberto de neve.
— Lou! — Arabella exclama. — Vai molhar o chão.
— Eu sei.
— Não vou secar.
— Eu falei que você ia secar algo?
Olho para trás e o encaro.
— Credo, Louis! — ela exclama e sobe.
— Por que falou assim? — pergunto. — A menina não fez nada!
— Emily não se mete. Não quero ser grosso com você também.
— Será que você quer contar o que te deixou assim?
Ele me encara por um longo momento e balança a cabeça negativamente.
— Melhor não. — diz.
— Por quê?
— Emily...
— Okay! Não vou me meter.
Vou para a cozinha e pego nos copos que estavam em cima da mesa. Levo-os até a pia e começo a lavá-los.
— Vai ficar chateada?
— Não tenho motivos para isso. — respondo. — Quem sou eu para me meter em seus assuntos?
Não tenho resposta.
Termino de lavar os copos e me viro. Louis estava parado na porta da cozinha.
— O que foi? — pergunto.
— Apenas observando.
— O que?
— Você.
— Por quê?
— Para de perguntar essas coisas, Emily! — ele solta uma risada.
— Você é todo estranho.
Passo por ele e vou para a sala.
— Ei — o olho — posso fazer uma pergunta?
— Já fez.
— Posso fazer outra?
— Acabou de fazer.
— Emily!
É minha vez de rir.
— Faça, Louis. — cruzo os braços.
— Vai para algum lugar nesse fim de semana?
— Não. — bato o pé. — Por quê? Quer que eu saia?
— Não! — ele fala rapido. — É que...
— Fala, Louis.
— As meninas vão ficar fora no fim de semana.
Arqueio a sobrancelha.
— Isso quer dizer que...
Um sorriso safado aparece no seu rosto.
— Vamos passar três dias sozinhos aqui.
[...]
Acordo bem cedo e bem disposta para começar o dia. Não tinha nada de especial acontecendo, eu apenas me sentia estranhamente bem e feliz. Depois de dar um beijo no porta retrato com a foto dos meus pais, me levanto e vou para o banheiro, com a minha necessaire. Faço minha higiene matinal e depois escovo os dentes. Olho para o chuveiro e penso em tomar um banho.
Mas não trouxe roupa para o banheiro.
Mas está cedo demais para alguém estar acordado.
Mas meu quarto nem é longe do banheiro.
Decido parar de pensar e me dispo. Ligo o chuveiro e entro embaixo da água quente. Dez minutos ali, foram o suficiente para que eu me sinta limpa. Puxo uma toalha e envolvo meu corpo com ela. Agarro minhas roupas e a necessaire e saio do banheiro, fechando a porta com cuidado.
— Que manhã maravilhosa.
Dou um salto e encaro Louis, ofegante.
— Louis! Que merda!
Ele ri.
— O que faz acordado? É cedo demais.
— Estou no comando. — ele se aproxima, me medindo de cima a baixo. — Tenho que supervisionar tudo de perto. Bem de perto.
Arqueio a sobrancelha.
— O que quer dizer com isso?
Ele passa a língua pelos lábios.
— Nada. — ele balança a cabeça.
— Se me der licença, vou me vestir.
— Você está sem nada? — seu sorriso aumenta.
— Sai da frente, Louis!
Seguro a toalha com uma mão e com a outra o empurro da frente da porta. Entro no quarto e fecho a porta. Mas antes posso ouvir a risada de Louis.
Dou respiradas rápidas e me sento na cama. Olho em volta ainda atordoada. Aquele olhar. Aquele sorriso.
Meu Deus, parecia que ele queria me devorar!
Um riso sufocado escapa pelos meus lábios, e eu me levanto. Me agacho e pego na gaveta, um conjunto de lingerie, um casaco de lã branco, uma blusinha fina e calça jeans. Visto a calcinha e retiro a toalha para vestir o sutiã. Depois que termino de me vestir, passo um pouco de maquiagem e penteio o cabelo. Faço uma trança lateral e saio do quarto. Louis não estava na sala e nem na cozinha.
Começo a arrumar as coisas para o café.
[...]
— BOM DIA!
Me assusto com o grito de Lis e me viro. Sua irmã estava sonolenta do seu lado.
— Acordaram sozinhas? — estranho.
Ayla nega com a cabeça e se senta à mesa.
— O chato do Louis nos acordou. — ela diz. — Ele nunca acorda cedo, Emily.
Solto uma risada.
— Ele deve ter algo importante para fazer. — Coloco as torradas na mesa.
— Louis não faz nada nas férias. Ele só sabe dormir.
— Que feio. — ergo o olhar e encaro o garoto bem vestido na porta. — É feio falar dos outros, Ayla!
Louis não olhava para a irmã. Olhava para mim.
— Me deixa, Louis! — a pequena deita a cabeça na mesa. — Ainda bem que saio cedo hoje.
— Por quê? — Louis questiona, se sentando ao lado da mesma.
— Vai ter uma reunião entre os professores. — ela tateia a mesa até pegar um morango. — Emily — ela levanta a cabeça e me encara, mordendo o morango. — Pode nos levar até a pracinha?
Olho para Louis.
— Por que não eu? — ele pergunta.
— As meninas vão ficar babando em cima de você. — mordo o lábio. — Não quero ver isso.
— Ayla...
— Eu levo. — digo, interrompendo Louis. — Nós saímos da escola e passamos um tempinho lá. Fechado?
Ela e Lis assentem. Louis me olha e eu balanço as sobrancelhas, divertida.
— Em tem bacon? — Lis pergunta.
— Hoje não.
Ela faz biquinho, mas dá de ombros. Volto para a pia e termino de cortar as frutas. Kia e Arabella entram na cozinha, e se espantam.
— Louis acordado? Isso só pode ser miragem. — Kia diz, e belisca o irmão.
— Au! Ficou louca?
— É. É real. — Ela se senta. — Bom dia, Emily.
— Bom dia, Kiara. Quer algo?
— Não. — ela se serve com suco. — Obrigada.
Pisco pra ela e coloco as frutas picadas em um pequeno pote. Vou até a mesa e despejo um pouco de calda de caramelo. Pego um pouco e levo até a boca.