Elizabeth disse que sabia o porquê de Louis ter dito que o banheiro de baixo estava ruim e me ofereceu o dele. Depois disso, ela fica o repreendendo. Diz que ele precisa se portar bem perto de mim. E agora isso. Ter me pedido para ficar, e não ir levar as meninas com Louis.
Era como se ela estivesse tentando me manter longe dele.
Balanço a cabeça e volto a lavar a louça. Depois que acabo tudo, seco minhas mãos e vou para a sala. Olho em volta e decido varrer o chão.
Estava quase acabando, quando escuto um celular tocar. Olho em volta e avisto o celular na mesinha perto da porta.
— ELIZABETH, LOUIS ESQUECEU O CELULAR AQUI E ESTÁ TOCANDO. — grito, segurando o aparelho.
— ATENDE PARA MIM EM! PODE SER UM DOS MENINOS.
Poderia ser. Mas não era. O nome que piscava na tela, era bem feminino.
Valeria.
— Alô? — atendo.
— Kia?
— Não... É a Emily.
— Emily? — ela faz uma pausa. — Louis está?
— Ele...
Antes que eu pudesse terminar de falar, ele entra. Estico o celular para ele.
— É a sua amiga, Valeria.
Ele meio que arregala os olhos, antes de agarrar no celular.
— Val?
Ele sai da sala e vai para a cozinha.
Volto a varrer a sala. Assim que termino, vou para a cozinha guardar a vassoura. Mas paro, assim que ouço Louis tocar no meu nome.
— Emily é a babá.
.....
— Porque é o que somos, Valeria.
.....
— Não sei. Talvez. Ela é tão...
— EMILY!?
Me afasto bruscamente da porta e olho para escada. Elizabeth estava me chamando. Subo as escadas correndo, preocupada com o que poderia ter acontecido. Entro em seu quarto sem pedir licença. Ela me olha bem na hora.
— Elizabeth, tudo bem?
— Sim. Eu...
— Ah... — passo a mão no rosto — Achei que...
Antes que eu pudesse acabar minha frase, Louis entra no quarto correndo e quase me derruba.
— TUDO BEM? — grita.
— Sim! — Elizabeth afirma, rindo. — Acho que não deveria ter gritado.
— Também acho. — falo junto com Louis.
Ela ri.
— Vou viajar. E queria que você me ajudasse com as malas.
— Viajar? — Louis pergunta. — Como assim?
— Uma lua de mel adiantada. Quando os gêmeos nascerem vai ficar difícil. Fico fora por um mês.
— Mas mãe, vou ficar aqui por um mês.
— Oh Louis. — ela passa a mão na barriga. — Eu posso voltar uma semana antes...
— Tudo bem. — ele diz. — Vá e aproveite.
Ela sorri e abraça o filho.
— Você será o responsável. — ela diz. — Mesmo que isso seja uma coisa que você não é.
— Mãe! — prendo o riso. — Para de rir, Emily! Sou muito responsável.
— Eu não fiz nada!
— Emily, — ela pega minhas mãos. — de olho nele. Se deixar Louis vestir as meninas, elas vão para a escola com roupa de festa.
Solto uma risada.
— Pode deixar.
— Eu não faço isso! — ele se defende. — Ayla disse que ia ter uma festa.
— Era apenas um festival de pipoca. — Elizabeth diz rindo. — E as gêmeas foram para a escola com vestidos de veludo.
— Oh Deus. — boto a mão na boca.
— Já chega de ridicularizar o Louis.
Elizabeth ri.
— Tudo bem, filho. Chega. — diz. — Agora desce. Emily vai me ajudar a arrumar as coisas.
Ele dá língua para a mãe e sai do quarto.
— Aqui embaixo tem uma mala grande. — ela aponta para a cama.
Eu me agacho e puxo a enorme mala. Largo-a na cama e a abro.
— Vou pegando as roupas no closet e você arruma para mim?
— Claro.
Elizabeth vai até o closet e alguns segundos depois, volta com algumas roupas em mãos. Ela me entrega e eu as coloco na mala.
[...]
— Pronto. — digo fechando a mala. — Tudo arrumado.
— Obrigada Emily.
— Não foi nada. — sorrio para ela. — É só isso?
— Sim. Pode descer e chamar Louis para mim?
— Tudo bem.
Sorrio sem mostrar dentes e saio do quarto.
Desço as escadas rapidamente e encontro Louis no bebendo algo no sofá. Me aproximo do sofá e ele me olha.
— Sua mamãe está chamando.
Ele sorri e tomba a cabeça.
— Mamãe está chamando?
— Sim. — afirmo. — Ela quer ver o bebê dela.
Ele deixa o copo na mesa e se levanta.
— Eu não sou um bebê.
— Ah, mas para Elizabeth é! Aqui você é apenas o filho dela. Aqui você tem que obedecê-la. — ele faz bico. — Inclusive quando ela manda você ficar longe de mim.
— O quê?
— Sei lá, mas tenho a impressão que Elizabeth não quer que nós... fiquemos muito próximos.
— É. — ele ergue as sobrancelhas. — Eu sei.
Ele passa por mim e vai para as escadas.
— Vai ver — falo e ele para — ela tem medo que você me seduza.
Ele está de cabeça baixa, mas me olha com um sorriso brincalhão no rosto.
— Será que um dia eu consigo?
Solto uma risada.
— Continue tentando. — pisco pra ele.
[...]
Elizabeth havia pedido para que eu saísse sozinha para buscar as meninas e que as levasse direto para casa.
— Mas não tem sorvete hoje? — Ayla pergunta novamente.
— Não querida. Sua mãe pediu para irem direto pra casa.
— Por quê?
— Ela quer conversar com vocês.
— Foi a Lis! — Ayla acusa, mesmo sem nada para acusar. — Ela que brincou com a pasta de dente.
— Ayla! Sua linguaruda.
— Calma meninas. — balanço meus dois braços. — Creio que a mãe de vocês não saiba disso.
— Ufa.
Voltamos para casa com elas tagarelando algo sobre a festa do pijama de alguma amiguinha. Seria no final de semana.
Entramos em casa e eu seguro as mochilas delas, para que possam bater os sapatos sujos de neve no tapete.
Elizabeth desce com Louis. Ele me encara sorrindo e eu olho para o outro lado. Para o vaso de margaridas.
— Olá meus amores! — Elizabeth diz. — Como foi a aula?
— Chata. Mas temos uma boa notícia.
— E qual é?
— Lilly nos convidou para uma festa do pijama na casa dela. — Lis diz. — Vamos na sexta e voltamos domingo.
— Nós podemos ir? — Ayla pede.
— Tenho que ligar para a mãe de Lilly e ver se isso é verdade. — Elizabeth diz. — Se for, vocês podem.
— Obrigada, mamãe.
Elas pulam no pescoço da mãe, a abraçando forte.
Sinto um pequeno aperto no meu coração, ao assistir aquela cena. Era algo que eu nunca havia passado ou sentido.
O abraço da minha mãe.