Uma Babá Para o Herdeiro Italiano: Conquistada Pelo Rockeiro
Uma Babá Para o Herdeiro Italiano: Conquistada Pelo Rockeiro
Por: Laura Ricci
Capítulo 1: Stella Monteiro

A noite cai sobre Roma como um véu cintilante, transformando a cidade em algo ainda mais vivo. As ruas parecem respirar luz e música, e enquanto eu me olho rapidamente no espelho do elevador, sinto algo inédito dentro de mim — talvez empolgação, talvez liberdade. Talvez só o efeito da Pietra, minha melhor amiga, falando sem parar que “hoje será inesquecível”.

Eu deveria estar no Brasil, focada na minha carreira de escritora, mas tudo esta desmoronando.

Meu casamento.

Minha carreira, não me resta mais nada além do divórcio. 

Há dois anos eu acreditava em algo que jurava ser amor.

Talvez esse seja o problema, não consigo escrever sobre algo que não acredito mais. 

Eu não acredito mais em amor.

Então tudo oq ue vou fazer agora é aproveitar minha última noite de férias em Roma e afogar meus sentimentos. 

— Sabe, eu estou oficialmente me recusando a deixar você em casa antes das duas da manhã — Pietra fala enquanto atravessamos a rua e seguimos em direção ao Trastevere, o bairro que ela jura ser o coração pulsante da vida noturna.

— Duas? — arqueio a sobrancelha — Minha alma idosa não tem estrutura.

— Tem sim — ela me puxa pelo braço e ri — Ou vai ter. Hoje você é minha responsabilidade, e vou te provar que Roma é a cidade perfeita para recomeçar.

O ar noturno tem cheiro de pizza assando em forno de pedra e perfume cítrico, misturado ao som de vozes altas e risadas ecoando pelos becos estreitos. A rua de paralelepípedos está cheia, mas não me sinto sufocada — sinto energia.

Quando chegamos à entrada da casa de shows, fico surpresa. A fachada é discreta, com uma porta preta e duas luzes de neon roxas piscando. Nada extravagante, mas a vibração dali… é elétrica. Dá para sentir a música vibrando nos meus ossos.

— Aqui? — pergunto.

— Aqui. Confia — ela pisca e entrega nossos nomes na porta, como se fosse uma habituée. E talvez seja.

O espaço interno é amplo, com paredes cheias de artes urbanas e luzes coloridas refletindo no chão. Tem uma pista, mesas altas, um bar lotado e um pequeno palco iluminado no fundo. A banda ainda está montando os equipamentos, mas a galera já está animada, como se toda a noite estivesse prestes a explodir.

Pietra levanta duas mãos e grita um “Uhuuu!” tão alto que várias pessoas olham e riem. Ela não está nem aí. E eu gosto disso nela.

— Vamos brindar! — ela puxa minha mão até o bar, dá um tapa no balcão — Dois spritz, per favore!

Quando as taças chegam, ela ergue a dela em um brinde improvisado.

— À nova vida da minha amiga incrível, que merece tudo de bom. E que deixou todo o lixo para trás, onde ele devia estar. — Ela respira fundo e sorri — Bem-vinda à Roma, Stella.

Meu coração amolece.

— Obrigada.

— Agora bebe.

Obedeço. A bebida está refrescante, cítrica, borbulhando na língua. Uma pontada de coragem. Talvez até de esperança.

A noite mal começou e eu já sinto que… sim. Eu posso recomeçar. Não preciso ser definida pelo que vivi.

Depois de alguns minutos dançando juntas no meio da pista, um rapaz alto com cara de bad boy estiloso aparece do nada, segurando o cotovelo de Pietra.

— Te achei — ele diz em italiano, sorrindo de forma tão descarada que Pietra praticamente derrete.

— Stella, esse é o Luca… não o meu, outro Luca — ela ri — ...e eu vou ali conversar com ele. Juro que volto.

— Vai lá — faço um gesto com a mão, rindo — Eu sobrevivo.

Ela me manda um beijo no ar e desaparece com o rapaz entre as luzes e o movimento. E então, pela primeira vez em muito tempo, fico sozinha em um ambiente cheio de pessoas… sem sentir pânico.

A banda sobe ao palco.

Luzes vermelhas. Microfones ajustados. A bateria faz um bum seco que reverbera pelo chão. Um teste de guitarra atravessa o ar, seguido de um riff tão afiado que arrepia minha nuca.

E então ele aparece.

O vocalista.

Cabelos escuros, bagunçados. Jaqueta preta. Olhar intenso, que parece examinar a multidão como se estivesse procurando algo — ou alguém. Ele inclina a cabeça, ajusta o microfone com calma e a sala inteira parece prender o fôlego. Até eu.

Engulo em seco sentindo os dedos dos meus pés se contraírem dentro do coturno, diante do peso daqueles olhos delineados de preto. O contato dura apenas alguns segundos, o suficiente para arrancar um pedaço da minha alma ao ouvir sua voz voltar aos meus ouvidos.

Com o microfone apoiado no pedestal, ele canta em italiano, mexendo o quadril lentamente. Os quatro têm uma sintonia perfeita, algum tipo de ligação erótica que os fazem interagir um com o outro, ao mesmo tempo que entoam letras rebeldes e pesadas.

— Buonasera, Roma, eu sou Romeo Bianchi e essa noite vamos para o inferno. — ele diz, a voz grave, rouca no ponto certo.

Meu peito aperta.

O guitarrista sorri. O baterista gira as baquetas como se estivesse prestes a incendiar o mundo. A primeira nota ecoa, vibrante, e sinto algo quente percorrer meu corpo.

Eu não sei o nome da banda. Não sei quem ele é. Não sei nada sobre aquela noite além do que já vivi.

O som é absurdo. Entra por mim, abre espaço, espanta sombras.

Se o diabo existe, eu tenho certeza de que ele deve ter essa cara. O diabo é um rockstar em macacão de couro e coleira no pescoço. Viro de costas por alguns segundos para tentar enxergar qual seria a minha dificuldade ao tentar chegar até o bar. Ao meu lado Pietra está com a língua enfiada na boca do namorado.

As garotas ao meu lado tentam se aproximar do palco ao ouvirem o vocalista dizer algo que não entendo. O espaço já é apertado e com o casal se pegando ao meu lado e a multidão me apertando, quase não consigo virar de volta para o meu lugar em frente ao palco, desistindo da ideia de fuga.

Poderia rezar em silêncio para que algo me salvasse do meu posto de vela, mas acho que Deus não me levaria a sério, pois no momento em que levanto os olhos de volta para o palco, vejo Romeo agachado com a mão estendida na minha direção.

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