KIERAN:
Podíamos ouvir com clareza tudo o que diziam; éramos lobos, e nossos ouvidos captavam isso perfeitamente. Prestamos atenção para ver se revelavam algo que nos desse pistas sobre quem eram na realidade, mas não foi o caso. Conversavam sobre assuntos triviais, relacionados a mulheres. Foi então que me veio à mente a lembrança de Sarah vigiando pela minha janela.
— Vocês viram Sarah? Não podemos permitir que ela se aproxime delas —advirtei, vendo como me olhavam com questionamentos—. Está bem, vou contar, mas vocês devem continuar se comportando com ela como até agora. Não podemos mudar o passado, e no futuro, ela está presente; não quero perder nada que me impeça de retornar à minha vida.— Confie em nós, meu Alfa —disseram os dois em uníssono.Respirei fundo e engoli em seco;KIERAN:Depois de dizer às mulheres que no dia seguinte estaríamos ocupados e que o doutor Gael, responsável pelo nosso orfanato, as levaria para um passeio, elas concordaram, especialmente ao verem meu primo, que era um encanto de pessoa; e era compreensível, ele era um ômega.Deixamos elas com ele e partimos imediatamente, sentindo seus olhares cravados em nossas costas. Mas tínhamos que saber; não era algo que podíamos deixar para depois.O voo foi rápido, apesar de ter durado algumas horas. Ao chegarmos, já estávamos com os carros prontos para nos levar perto do local, assim como os guias. Alguns lobos se ofereceram para nos acompanhar. Não estávamos sozinhos; trouxemos um corpo de elite dos nossos guerreiros. Quando estávamos na floresta, deixamos tudo para trás e nos transformamos em lobos.Atka ativou imediatamente todos os nossos instintos lupinos. Er
CLARIS:Havíamos percorrido todo o lindo orfanato. Era um imponente edifício que tinha todas as comodidades e mais. Os quartos não eram compartilhados; cada criança tinha o seu, e os irmãos ficavam em alguns mais amplos juntos. E o melhor de tudo, cada um deles estava decorado de acordo com seus gostos.—Nossa, isso é fantástico —exclamou Clara emocionada—. Vocês repararam que há um pavilhão para cada idade?—Notei que há até adultos —disse, assombrada; era incrível. Voltei-me para o agradável doutor Gael, que nos acompanhava—. Até que idade eles ficam aqui?—Até conseguirem se independizar. Alguns decidem ficar para trabalhar aqui; ninguém é obrigado a ir embora —respondeu Gael com orgulho.A cordialidade com que o doutor Gael falava sobre o orfanato era contagiante, e não pude
KIERAN:A densa névoa que nos cercava parecia pulsar ao ritmo dos nossos corações. Cada passo que dávamos reverberava com um eco de desafio, como se o próprio chão nos sussurrasse para seguir em frente. Ao nosso redor, a magia se entrelaçava com o ar, formando fios dourados que cintilavam sob a luz tênue do crepúsculo.—Não se aproximem! O Alfa Kieran Theron já domina o poder Carmesim e o Místico! —ouvi uma voz que me parecia estranhamente familiar. Era Chandra Selene, a filha do alfa Aleh. O que ela estava fazendo ali?—Kian, me diga se estou enganado, é Chandra? —perguntei ao meu lobo.—É ela! —responderam os três lobos: Atka, Magnus e Roan—. É a filha do alfa dos lobos do norte. Como…?Só poderia haver uma explicação para isso: ou era uma bruxa imitando e tentand
CLARIS:O silêncio momentâneo que se seguiu à minha pergunta me impressionou; minhas irmãs não costumavam fazer isso. Estava cheia de incerteza e curiosidade; era a mesma pergunta que nos envolvia a todas como um abraço inesperado. Clara e Elena trocaram olhares, aqueles que só podem compartilhar irmãs em momentos de cumplicidade e compreensão.—Não podemos tirar conclusões apressadas, Claris —disse finalmente Elena, tentando parecer neutra—. Não conhecemos Kieran, mas duvido que, se ele tivesse um relacionamento com ela, teria te levado para casa e estaria te pedindo um relacionamento. Não comece a sabotar sua vida antes mesmo de ela começar.Clara assentiu com a mesma serenidade que sempre tentava transmitir. Veio correndo e passou o braço pelos meus ombros.—Claris, você não disse que ele te deixava louca?
CLARIS:Nos afastamos rapidamente pelo corredor principal, tentando desaparecer entre a multidão que lotava o mercado naquele dia. Elena soltou um suspiro de alívio, embora o nervosismo ainda reluzisse em seu olhar.—Aqueles Craon são problemáticos —disse em voz baixa, olhando brevemente para trás, como se esperasse ver suas sombras ainda nos perseguindo.—Sim, mas pelo menos parece que Kieran estava prestando atenção em nós —respondi, tentando acalmar as dúvidas que ainda voavam em minha mente como borboletas inquietas. Eu realmente gostei que ele nos cuidasse, embora isso me fizesse sentir vigiada.—Você disse a eles para nos seguirem? —perguntou Clara, com curiosidade e um toque de preocupação.—Não exatamente —confessei, sentindo um leve rubor em minhas bochechas—. Embora, de alguma forma, eu sinta que Kieran s
KIERAN:Tudo era muito confuso neste orfanato no meio da selva. Perguntei sobre os cuidadores e me disseram que eram duas mulheres que morreram tentando resgatar as crianças do fogo; não havia mais ninguém. Depois olhei para meu Beta, Fenris, que ainda esperava por minha resposta. —Por que você me pergunta isso se sabe a resposta? —disse, sentindo-me de repente muito cansado e irritado—. Vamos levá-los para a matilha; os bruxos saberão o que fazer com eles e nos dirão se são reais ou se são como os demônios que acabamos de ver há pouco. Fenris assentiu e começou a organizar tudo junto com Rafe. Eu queria sair de lá o mais rápido possível; estava certo de que estávamos sendo vigiados. Cada poro da minha pele me alertava. Peguei meu telefone, surpreso por ele funcionar em meio a aquela selva densa. —Kieran, sou
CLARIS:Fiquei observando o telefone com incredulidade. Se os guardas não eram de Kieran, então, de quem? Olhei para Elena e Clara, que esperavam que eu contasse tudo, o que fiz em breves palavras. — Diz que mandará Gael por nós. Mas acho que é melhor nos escabullirmos. O que vocês acham? Estou com medo —disse ao ver sua expressão de desconcerto. — Podemos chamar seu amigo, Elena. Refiro-me ao cientista Jerry. — Ele já saiu da cidade. Temos que nos virar sozinhas; não podemos confiar em ninguém —disse pensativa. Estávamos em uma loja de lingerie no terceiro andar. Agora sabíamos que os guardas que nos salvaram dos Craom eram, na verdade, outros que nos estavam seguindo, e não queria que eles nos pegassem. Eu podia ver como estavam distribuídos pelas lojas adjacentes. — Est
CLARIS:Fiquei parada observando como discutiam entre si, se afastando; Sarah à frente e Gael parecia implorar. Havia algo estranho na relação deles. Então olhei para a mensagem de Elena.—Não saiam se virem Sarah com Gael. Enviei alguns homens em um carro para buscar vocês; dirão meu nome completo. Se não o fizerem, não são os meus —ficamos nos encarando, sem entender o que estava acontecendo entre eles.—Sabem de uma coisa? Seus namorados são muito complicados. Vou escrever para Fenris e ver como ele resolve tudo —disse Clara enquanto o chamava—. Fenris, estamos escondidas e não sabemos em quem confiar. Diga-me o que fazer.—Amor, não posso falar muito, mas apenas diga ao vendedor para fechar a loja e não saiam de lá. Nós assumiremos todas as suas perdas —ouvíamos muito barulho do outro lado, o que nos intrigava—. Em breve virão buscar vocês; saberão que são do nosso lado porque entrarão pelo depósito.—Viram? Esse é meu namorado —disse Clara, sentando-se decidida a seguir suas inst