46. Não crie um lado
Permaneço estática. Olho para seu rosto, a fim de que seja alguma brincadeira, mas não. Lucca falava sério com um sorriso nos lábios, como se estivesse contente por falar algo que já estava ali a muito tempo ou até mesmo por ter aliviado um pouco do peso.
Ele era indefeso, uma criança... É muita crueldade. Mas, meu pai? Ele nunca foi assim comigo, é estranho ouvir isso quando conheço o outro lado.
— Adoro você assim. — diz, beijando meu rosto.
— Assim, como?
— Com essa cara de perdida, como se tivesse caído na armadilha do diabo e agora não sabe como reagir.
— É que eu ainda estou em choque. Você...
— Por isso querida, falei para não criar um lado.
Seu polegar alisa minha bochecha, parando em meu queixo e me puxando para um beijo. A língua de Lucca pedia passagem e eu sem demora concedi, um beijo lento e cheio de sentimento foi me dado e sei que ele também sentiu os meus. Sua mão alisa minha cintura em um carinho e seus olhos me analisam enquanto percorro os dedos por sua barba fina.