O tempo tem uma maneira cruel de nos lembrar do que perdemos. Para Helena, cada dia sem notícias de Miguel parecia mais longo, mais pesado, mais sufocante. Desde aquela última conversa, o silêncio entre eles se tornou um abismo, e ela temia que fosse impossível atravessá-lo.
Ela havia pedido tempo, mas agora se perguntava se não havia esperado demais.
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O Peso do Silêncio
Naquela manhã, Helena tentou se ocupar com os afazeres do ateliê. O cheiro da tinta fresca se misturava ao aroma do café que ela havia feito, mas nada parecia trazer conforto.
Ela organizava alguns pincéis quando ouviu a porta abrir. Seu coração acelerou por um instante, mas quando se virou, viu que era apenas Dona Estela.
— Bom dia, querida — disse a senhora, entrando com seu sorriso caloroso.
— Bom dia, Dona Estela — respondeu Helena, tentando parecer animada.
Mas a mulher mais velha a conhecia bem demais.
— Você está com essa expressão há dias. Posso saber o que está acontecendo?
Helena hesitou. Contar ou não co