O dia tinha começado com uma leveza rara. Ian brincava com seus brinquedos, balbuciando sons que, em breve, se tornariam palavras mais definidas, e Bernardo e eu estávamos ali, observando-o, aproveitando o silêncio momentâneo. Eu quase podia fingir que tudo estava bem, que a tempestade de problemas que nos cercava tinha passado, mas sabia que aquilo era apenas uma ilusão.
Foi Bernardo quem quebrou a tranquilidade. Ele estava quieto demais, o que, no fundo, eu sabia que significava que algo o estava incomodando. Assim que ele começou a falar, o jeito contido de suas palavras e o cuidado exagerado em sua escolha já me fizeram entender que aquela conversa estava prestes a tocar em algo delicado.
— Alice, eu tenho pensado muito nos últimos dias — ele começou, e seu tom já denunciava que o que estava por vir seria algo grande. — E... acho que precisamos considerar algo que talvez você não queira ouvir.
Um frio percorreu meu estômago, aquela sensação incômoda de que algo sério estava por vi