Meu coração estava na mão. Não era como se isso já não tivesse acontecido. Só que dessa vez era diferente. Tudo era diferente com ele. Deu para sentir o desejo. o ar até ficou pesado, como se meus pulmões se recusassem a puxar o oxigênio.As taças de vinho deixaram a minha cabeça solta. Assim como o meu desejo, que eu nem fazia questão de esconder. Noah, naquela blusa branca, com metade dos botões abertos. Meus olhos olhavam freneticamente para eles, como se buscassem uma brecha. Quase desejando tirar ainda mais.Depois, encarei aqueles lábios, que diziam alguma coisa que minha mente não estava absorvendo. Apenas prestando atenção na curva que fazia.- Para de fazer isso – Ele diz, dando um sorriso sexy. Senti meu rosto arder de vergonha. Pisquei algumas vezes para voltar a realidade. Fiquei sem palavras. Obvio que um homem observador perceberia o que eu estava fazendo. – Ou vai ficar sem roupa, antes de chegarmos ao quarto.Eu estava, naquele momento, bebendo mais algum gole do pouco
Eu gostava da minha rotina como era. A casa era meu refúgio, um lugar onde eu me sentia inteiro. Ter Aurora e Emma comigo tornava tudo mais leve. Trabalhar de casa sempre foi confortável, mas preciso admitir que voltar ao escritório reacendeu algo em mim. Me deu foco. Em casa, por mais que eu tentasse manter a concentração, acabava entrando no modo automático, com a cabeça nas duas - mesmo sabendo que estavam seguras.Para Emma, sair foi mais difícil. Deixar a filha com alguém que não fosse a mãe ou a melhor amiga exigia um esforço emocional que ela tentava disfarçar. Mas eu confiava em Rosa - plenamente. Sabia que, mesmo se ficássemos dias fora, Aurora estaria em boas mãos. Ainda que "dias" fosse um exagero. Emma jamais passaria mais de seis horas longe da filha. Eu sabia disso. Era uma conexão que eu ainda não compreendia por completo, mas respeitava.Elas tinham a própria vida, um mundo só delas, e por mais que eu fizesse parte, eu sabia qual era o meu limite. Ou, ao menos, deveria
Era a primeira vez, desde que deixamos meu apartamento rumo à casa - ou melhor, à mansão - de Noah, que eu deixava Aurora sozinha. Eu sei, precisava aprender a confiar na Rosa. Ela cuida da minha filha como ninguém, é óbvio. Mas ainda assim, havia um pino solto dentro de mim, aquele receio silencioso que sussurra nos momentos mais improváveis. Mesmo assim, eu precisava focar. Trabalho. Rotina. Eu estava segura. Estávamos numa casa segura.Passei quase toda a manhã diante do computador, resolvendo pendências, organizando a agenda, tentando impor uma lógica nas rotinas que Noah insiste em desrespeitar. Para ele, tudo precisa ser previsto, avisado com antecedência, certinho como um relógio suíço - mesmo que, na prática, ele deteste seguir esse relógio.Antes do almoço, liguei no restaurante favorito. E, dessa vez, foi quase animador pedir um almoço para dois. Era melhor assim, mesmo que, lá no fundo, eu soubesse que seria melhor manter certa distância. Pelo menos por enquanto. Não ali, c
Eu sabia que o que estávamos fazendo era errado, pois a razão sempre me julgava a cada movimento, mas quem disse que eu queria a ouvir.Não deveríamos estar fazendo isso no local de trabalho, alguém poderia nos pegar fazendo isso e, com certeza, chegaria nos ouvidos do chefão, que até então eu não tinha trocado meias palavras. - Noah – Chamei-o, em meio aos pequenos gemidos que eu tentava engolir. Estávamos dentro da sala de arquivos. Um lugar bem frequentado pelas secretarias, quando se precisa de um arquivo que não está no banco de dados, então, sim, corríamos sérios riscos no qual eu tentava o lembrar. – Vamos ser pegos. Quando pensava nisso, já que estava acontecendo com frequência. Um grande erro de ambos, já que prometemos separar as coisas. Só que isso não estava acontecendo. Noah sempre me arrastava para algum lugar e todos os dois perdiam a razão, quando tocávamos um no outro.- Não acha emocionante? – Ri, adentrando suas mãos na saia, causando arrepios. O homem sorria como
Harvey não queria ter que saber o que seu filho mais velho fazia na sala de arquivos, com sua secretaria, que também era sua namorada, mesmo que ele nunca tenha sido apresentado a ela.Foi o acaso que o levou até ali, já que o homem já estava indo naquele trajeto, então, o som. Mesmo que baixo. No momento, Harvey tentava esquecer tudo aquilo, pois odiava tentar imaginar o que estava acontecendo dentro daquela salinha. Ao andar até o escritório do filho, sabendo que teria que o olhar nos olhos, era difícil, pois acreditava que ficaria com aquela cena presa em sua mente por muito tempo.O homem pigarrou, ao entrar, olhando para as paredes e objeto. Ao olhar para a direita, lá estava a sala da secretaria, que estava presa nos arquivos, com seu filho.Obvio que o homem não era um conservador que nunca tenha feito algo assim com sua esposa. Muito pelo contrário. Harvey já brincou com os limites e o perigo, bem naquele andar, mas saber que seu filho fazia o mesmo, com a secretaria dele, era
Eu estava morta de vergonha.Não acreditava que aquilo realmente tinha acontecido - e pior, que tínhamos sido pegos por Harvey Novack. O pai do meu namorado. O chefe supremo daquele prédio colossal onde todos pareciam andar na ponta dos pés só de ouvir seu nome. Ele não era o tipo de homem que distribuía simpatia por aí, mas, para minha surpresa, não disse uma palavra ofensiva. Na verdade, ele me convidou - como se não tivesse acabado de testemunhar a cena mais constrangedora da minha vida - para aquele jantar. O mesmo jantar que eu tanto esperei, e agora só queria evitar a qualquer custo.Meu estômago parecia encolher a cada passo em direção ao inevitável. Eu iria encarar o pai dele. Sentar à mesma mesa. Trocar olhares. Falar. Depois do que ele viu. Tudo o que eu queria era apagar o dia anterior, riscar aquele momento da existência. Mas não dava. E o pior? Harvey parecia até respeitar algo em mim, o que tornava tudo ainda mais insuportável. Ele já me enxergava com um rótulo. Eu tinha
A casa estava em alvoroço, como se aguardasse a chegada de uma celebridade. Mas não era isso. Era só Noah. Noah... e Emma. Os irmãos estavam inquietos, como se algo fora do comum estivesse prestes a acontecer. David, o mais velho entre eles, ajeitava-se no sofá como quem se preparava para um espetáculo. No fundo, ele mal podia esperar para ver com os próprios olhos o irmão certinho - aquele que sempre disse preferir estar casado com a ciência do que com uma mulher - se rendendo a um romance.Era cruel jogar isso na cara dele, David sabia. Mas a provocação estava pronta, ensaiada, só aguardando a deixa certa. Só precisava de um olhar, um gesto, qualquer coisa que justificasse a cutucada que vinha alimentando há dias.Já a caçula da família, com os olhos brilhando de curiosidade e emoção, escondia mal a empolgação. Era a mais sonhadora entre eles, a que vivia dizendo que todo mundo merecia viver uma grande história de amor - inclusive Noah, com todo o seu jeito fechado, metódico e apare
- Por que não me falou sobre ela?A voz da Sophia surgiu assim que todos se afastaram. Emma incluída. Eu sabia que isso ia acontecer. Ela não deixaria passar - nunca deixava. Sempre fomos quase inseparáveis. E eu sempre cuidei da minha irmã como se fosse minha filha. E, sim, sou um irmão ciumento. Qualquer idiota que chegar perto dela precisa passar por mim antes. Não é exagero. É instinto. É proteção. Não vou permitir que ninguém a machuque. E se machucar... vai se ver comigo.Apesar da bronca, ela sorriu. Um daqueles sorrisos grandes, que escondem um pouco de mágoa atrás do brilho dos olhos. Sabia que ela estava chateada por eu não ter contado nada sobre Emma. Soltei um riso abafado, baixando a cabeça. Eu a conhecia bem demais para fingir que qualquer desculpa serviria. Então, decidi ser honesto.- É complicado, Sophia... Você me conhece. Antes de sair por aí dizendo que me apaixonei, eu queria ter certeza.- Mas isso não justifica esconder de mim - ela retrucou, emburrada. - Achei