Eu gostava da minha rotina como era. A casa era meu refúgio, um lugar onde eu me sentia inteiro. Ter Aurora e Emma comigo tornava tudo mais leve. Trabalhar de casa sempre foi confortável, mas preciso admitir que voltar ao escritório reacendeu algo em mim. Me deu foco. Em casa, por mais que eu tentasse manter a concentração, acabava entrando no modo automático, com a cabeça nas duas - mesmo sabendo que estavam seguras.
Para Emma, sair foi mais difícil. Deixar a filha com alguém que não fosse a mãe ou a melhor amiga exigia um esforço emocional que ela tentava disfarçar. Mas eu confiava em Rosa - plenamente. Sabia que, mesmo se ficássemos dias fora, Aurora estaria em boas mãos. Ainda que "dias" fosse um exagero. Emma jamais passaria mais de seis horas longe da filha. Eu sabia disso. Era uma conexão que eu ainda não compreendia por completo, mas respeitava.
Elas tinham a própria vida, um mundo só delas, e por mais que eu fizesse parte, eu sabia qual era o meu limite. Ou, ao menos, deveria