Ultimo Crime
Ultimo Crime
Por: DmaspUmada
Prólogo

Cabelos loiros e um pouco compridos, olhos azuis, estatura mediana, estava ali um garoto de 19 anos.

Bonito e muito esperto, porém tinha uma pequena aversão a vida, a depressão o consumia diariamente, e para piorar sua situação tinha acabado de perder o emprego, bom ele voltaria quando se sentisse melhor.

E fica pior, pois sua casa está com infestação de insetos e cobras, por conta do mesmo morar longe da civilização por assim dizer, sua casa ficava em um dos terrenos da reserva, dava uns vinte minutos de carro até o centro da cidade, ou ficaria na casa de algum vizinho ou alugaria uma casa no centro.

— Ótimo então, vou ver se os Clan ou se os Valen tem um quarto sobrando, que tédio...— Com seus pensamentos negativos andou cerca de dez minutos até chegar na casa do vizinho mais próximo, a casa da família Clan, verdade seja dita aquela era uma das poucas vezes que saia de casa.

Passando perto do portão de entrada que estava ali apenas para enfeite, pois o mesmo tinha menos de um metro, logo viu a mulher de cabelos acobreados vir na direção dele.

— Boa tarde vizinho, como tem passado? — A mulher era educada e também muito comunicativa, do tipo que deixava Gabriel um pouco inseguro ao falar.

— Minha casa precisa de uma reforma e ser dedetizada, vou precisar ficar no centro por um mês e eu não queria me mudar, sabe tirar móveis... Colocar móveis ... Muita coisa se perde nesse período e vocês ainda alugam o celeiro? — Explicou Gabriel um pouco sem graça.

— Vou chamar o Norberto, acredito que ele tenha fechado o celeiro ontem com um viajante, mas talvez ainda possa dividir os quartos. — explicou a mulher.

Gabriel olhou amável e amaldiçoou o fato de não ter vindo um dia antes se informar, mas permaneceu com sorriso no rosto.

— "Droga... Eu tô desempregado, vou ter que ficar um mês aqui e provavelmente dividir o quarto com alguém que pode facilmente me matar enquanto eu durmo... Se bem que isso não seria tão ruim me poupa o trabalho de fazer algo contra minha vida..."

— Insetos meu rapaz — Norberto vinha falando com a voz um pouco alta demais quase que aos gritos. — Entra!, não fica aí de enfeite.

E o homem seguia gritando mesmo estando a dois metros de distância.

Gabriel passou pelo projeto de portão e foi até a varanda olhando as flores que faziam o caminho, a esposa do homem era realmente cuidadosa com detalhes.

— Tem dois quartos no fundo do celeiro, um eu aluguei ontem e tem o outro vazio, mas não costumo alugar, tem um buraco enorme na parede, a gente coloca uma cortina lá, mas até eu arrumar aquilo vai levar uns dias, se lembra de que minha égua ficou louca e começou a coicear sem parar? ela acertou a empilhadeira e caiu o guincho bem na divisória dos quartos, eu já arrumei o telhado, mas falta a parede. — Explicou Norberto, com um largo sorriso para Gabriel.

— Se o seu hóspede não se importar eu não ligo, vou ter que me arrumar até o final de semana pra fechar com a obra da casa, tem aquelas paredes da garagem que estavam lá antes de me mudar e estão caindo aos pedaços, teve o raio, meu carro não é novo mas não quero perder ele por conta da garagem caindo em cima dele e agora apareceu baratas e aranhas de dentro da parede, e não vou citar as cobras...

— Sabia que o velho não cuidava da casa, Herbert morreu e os filhos venderam pra você do jeito que estava, sinto muito, vai ter um trabalho com a reforma. — Dessa vez falou a mulher que vinha com uma bandeja com o chá e alguns biscoitos.

— Me garantiram acabar com a bagunça dentro de um mês, agora que não estou trabalhando terei mais tempo pra fazer mais vendas pelo site, e é muito melhor trabalhar em casa. — Falava Gabriel se referindo ao fato de que agora iria poder continuar vendendo imóveis para imobiliárias pelo site e lucrando em cima disso.

— Isso é bom na verdade, você não gostava de trabalhar na construtora pelo que entendi.— O homem comentou com expressão de quem ria internamente.

— E está correto, aquele escritório todo dia era um pepino diferente, pelo menos o chefe pediu pra que eu voltasse quando estivesse com os nervos em dia, pode ser considerado como umas férias longas, e em anos naquele lugar não tirei nenhum dia sequer, vai ser bom. — Gabriel estava confiante.

— Bom, eu vou esperar meu hóspede chegar a noite, e vou explicar a situação, dependo da aceitação dele... o homem pegou uma empreitada na construtora rival a que você trabalhava e tem que ficar cerca de dez meses aqui e não gosta de socializar, e a construção é perto aqui da reserva.

— Ahh o condomínio, tinha me esquecido dessa obra, meu ex chefe recusou a obra quando foi pedido pra ele, tínhamos que contratar mais pessoas para a obra e o dinheiro não batia com os novos contratos, pelo visto a Sians tinha dinheiro pra gastar, e quando ficar pronto certamente venderei algumas casas ali.

— E como vão seus legumes?, Ana passou pelos fundos da casa semana passada e viu a estufa. — comentou divertido.

— Pelo menos eles estão indo bem, até levei pra Joan na feira essa semana. — Respondeu orgulhoso do pequeno cultivo.

Enquanto conversavam ali na varanda não viram a hora passar, logo estavam em outro assunto, agora era sobre as cabras, e pareciam bem entretidos no assunto principal que era a forma correta de tirar o leite de cabra para fazer queijos.

Ana convidou Gabriel para o jantar, ele não tendo absolutamente nada para fazer em casa ficou por ali mesmo.

Ele queria usar o espaço livre de sua casa para fazer mais cultivos e até criar alguns animais ali dentro da reserva.

Havia vantagens em morar no meio do mato, mas por ter animais silvestres ali, não era indicado esquecer as portas abertas a noite, já que os ursos eram bem libertinos e as vezes passavam por perto das casas.

Pouco antes do jantar ser servido um carro vermelho estacionou próximo ao celeiro, Gabriel não tinha esperança de que o homem aceitasse morar com mais alguém, principalmente com a parede do quarto com um buraco enorme, a privacidade deles seria algo bem difícil de ser encontrada ali.

Ana ligou os refletores, para que se tivesse algum animal por perto eles fossem espantados pela iluminação, e o seu hóspede pudesse fazer o caminho entre o celeiro e a casa.

— Boa noite, eu pretendia chegar antes, mas tinha uns cálculos para fazer, e isso acabou me tomando mais tempo que o necessário— Falou o homem da mesma altura que Gabriel com os cabelos vermelhos como fogo e totalmente desalinhados.

— Pois bem, estávamos esperando por você, precisamos de uma resposta sua ou esse garoto aqui pode acabar tendo que morar com minhas porcas. — Norberto brincava com o seu hóspede.

— Se eu puder impedir que isso aconteça ficarei aliviado, o chiqueiro não é o lugar mais adequado para se fazer moradia, pelo menos não aos humanos — O ruivo devolvia a brincadeira já imaginando do que poderia se tratar o assunto.

— Preciso de uma ajuda por um mês até minha casa ficar habitável novamente, tem cobras, aranhas e baratas nos vãos das paredes e só descobri isso a um mês, caiu um raio no meu quintal e algumas paredes racharam, daí os bichos começaram a aparecer, e dormir ao lado de uma coral que nomeei de Cleonice, não é muito seguro embora acredito que ela sempre estivesse lá e não sentiu a necessidade de picar antes — Gabriel explicava se lembrando de acordar com o animal no seu travesseiro no dia anterior.

— Eu não me importo, mas tem um vão enorme no meio, vamos dividir o mesmo ambiente por assim dizer, então preciso te levar pra jantar antes do casamento? — O ruivo brincou e Gabriel ficou roxo de vergonha.

— Acredito que dizer o nome já basta... — Respondeu virando o rosto para outro lado totalmente sem graça.

— Henry Santiago, prazer.

— Gabriel Carter, prazer...

A apresentação mais sem graça do mundo e o donos da casa fizeram questão de continuar com a brincadeira vendo que Gabriel estava sem graça, já que ele também não era muito de interação social e que ali parecia estar mais sociável.

— Bom... Viva aos noivos !!! — Falou Ana rindo.

— Por favor, não me matem de vergonha... E Henry não caia na onda deles, pessoas normais vêem um urso e se escondem dentro de casa, esses dois dão nome ao animal e ainda deixam comida na porta... — Falou enquanto voltava a se sentar a mesa.

— O Brian é um bom menino e é mal compreendido e você tem a Cleonice e a Amalia. — Norberto defendia a tese de que o urso não era violento.

— Certo, vou colocar a mesa... — Falou a mulher vendo que o relógio da parede marcava 20:00.

Gabriel durante aquele breve jantar estava se sentindo bem, ele não estava tendo pensamentos negativos nem sentia a necessidade de se isolar.

Fazia um bom tempo que não interagia com pessoas que não fossem relacionadas ao seu trabalho e estar ali parecia lhe trazer um pouco de animação interior.

Outro motivo que tinha escolhido a reserva para morar era o fato de que se sentia em paz em meio a natureza.

Enquanto jantavam ali escutaram o barulho da sirene da reserva.

— Droga... Será que é o Brian de novo? — Falou Ana correndo para trancar a porta da frente.

— Por sorte o celeiro está trancado, nada entra lá, vamos ficar no andar cima, se entrar aqui e ainda estivermos aqui em baixo vai ser difícil sair com vida...— Norberto avisava a Henry que parecia ser o único que não entendia o que estava acontecendo ali.

— Alguém me explica...— Falou Henry ainda sentado a mesa enquanto os outros estavam já indo para o andar de cima.

— A reserva é cheia de animais silvestres, portas vivem trancadas a noite, e as trilhas são feitas com acompanhamento dos guardas florestais, e tem uma divisa, uma cerca por assim dizer que separa os humanos deles, mas as vezes eles acabam achando um meio de passar para o nosso lado, e quando isso acontece a sirene toca, por que Algum morador apareceu ferido ou coisa pior.— Explicou Gabriel olhando para seu futuro colega de quarto.

— Obrigado pela explicação... Melhor mesmo ir para o andar de cima. — Henry tinha a voz preocupada ali, mas em seu interior se amaldiçoou por ter chegado atrasado.

Depois que todos estavam já na parte de cima, Norberto puxou uma corda que levantava a escada fazendo o acesso ao cômodo térreo desaparecer, ele amarrou a corda a um gancho fincado do lado de fora por uma estrutura de concreto, não tinha como serem atacados ali em cima.

— Espero que não se importem de dormirem juntos, até a sirene tocar de novo avisando que o animal foi capturado temos que ficar em segurança. — Ana falou quase sussurrando, já que agora que estavam em segurança tinham que falar um pouco mais baixo.

— Rapazes, no quarto reserva ali tem uma cesta com pães e frutas e tem uma geladeira com bebidas e congelados, a gente sempre se previne, teve uma vez que os lobos fugiram, e ficamos três dias aqui e não estávamos preparados.

— Henry, espero que isso não tenha lhe assustado, mas a reserva é um pouco assustadora se olhar por esse lado. — Comentou Norberto enquanto puxava uma alavanca que acendia todos os refletores.— a luz vai manter seja lá o que for afastado.

Ana e Norberto entraram no quarto e deram boa noite aos dois rapazes, Gabriel que já estava acostumado com as situações da reserva parecia bem mais tranquilo com relação aquilo.

Entrou no quarto chamando Henry, assim que o ruivo passou pela porta Gabriel trancou a porta.

— Me ajuda a colocar esse guarda roupa na frente da porta, ele tem uma estrutura de metal e sozinho eu não consigo. — Gabriel apontava para o móvel enquanto mostrava um conjunto de dentes um pouco sem graça.

— Ahh, claro...

Os dois arrastaram o móvel enquanto escutavam barulhos vindo do quarto ao lado, o casal também estava trancando a porta com móveis.

— Não tem como um animal subir aqui sem as escadas... — ponderou Henr.

— Não tem, mas tem outros perigos, humanos por exemplo, a reserva é maravilhosa de se viver, mas as vezes somos surpreendidos por coisas como essas. — Falou o loiro enquanto puxava as cobertas— aliás, por que não pediu o quarto dentro da casa?, pelo que sei eles alugam esse quarto também.

— Bom, eu não queria importunar, o trabalho é perto da reserva era mais viável, e pra ficar aqui, eu nunca sei a hora que vou terminar, hoje por exemplo perdi uma hora com um cálculo idiota. — Mentiu o ruivo.

— Reconsidere é mais seguro aqui em cima.

— E você vai ficar no celeiro sozinho loirinho?

— Bom, eu não me importo... Longa história e além de longa é bem sem graça. — Gabriel não ia falar nada sobre não se importar se estava vivo ou não, apenas tentou fugir do assunto. — Tem um banheiro nesse quarto também, se quiser tomar um banho antes de dormir estamos em casa aqui, Norberto e Ana são pessoas boas e generosas.

— E vou vestir o que depois? Minha mala ainda está no carro. — comentou enquanto coçava a nuca sem graça

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