Quando estava quase chegando no hotel um rapaz alto começou a se aproximar demais de mim.
Tentei apertar o passo, mas foi em vão. Ele correu atrás de mim e disse:
- Você sabe quem eu sou, não é?
Suspirei.
- Estou a mando do Orlando aqui.
Não, jura? Dei de ombros, era a nonagésima vez que isso acontecia comigo em menos de três meses.
- Ou você dá o dinheiro ou ele vai agir... Você que sabe...
- Diga para ele que eu não tenho essa grana...
- Ele não quer saber se você tem ou não tem o dinheiro, ele só quer a grana caindo na conta dele até meia noite do dia 22 do mês que vem ou, você sabe... Ele vai agir...
O que ele queria que eu fizesse? Não tinha muito o que eu pudesse fazer para me safar dessa, eu sabia que era uma questão de tempo.
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Entrei no hotel Le Carménère, passei o meu crachá pela catraca e bati o ponto. Desci até o quartinho das camareiras e encontrei Lina se trocando.
Olhei para a minha amiga e ela perguntou:
- De novo?
- Sim...
- Puta que pariu... Eu não acredito... Não é possível...
Enfiei a minha mochila dentro do armário e fui pegar as coisas para começar a trabalhar.
- É assim que as coisas funcionam... A justiça não socorre aqueles que estão do lado certo e não tem grana.
- A justiça no Brasil é uma piada - falou Lina, revoltada.
- O que eu vou fazer? Só se eu morrer e reencarnar sendo de outra nacionalidade.
Peguei as coisas e fui para o primeiro andar começar a arrumar o quarto dos hóspedes.