Capitulo 8

Laís chega à sua casa ainda “andando nas nuvens”. O encontro havia sido perfeito! Ela se deita na sua cama, lembrando-se dos melhores momentos. No dia seguinte, ao chegar ao trabalho, faz tudo como fazia todos os dias. Os irmãos chegam e logo vai até eles para passar as agendas. Primeiro Augusto, que sorria satisfeito pelo encontro perfeito, depois Arthur. Ao entrar na sala, seu “bom dia” foi respondido com um grunhido.

— Como foi seu encontro ontem?

— Bom, maravilhoso, apesar do seu esforço em atrapalhar.

— Eu não quis atrapalhar, é que...

— É quê...?

— Você conhece meus defeitos, sinto dizer que melhor que eu mesmo, e meu irmão não tem defeitos, é o homem ideal pra você, responsável, inteligente, leal — confessa e dá um suspiro. — Eu só queria te mostrar que estou tentando de verdade.

A morena sente sinceridade nas palavras do Castro mais velho.

— Eu sei que está.

— Eu te peço desculpas por ontem, prometo me controlar nos próximos encontros.

— Tudo bem, agora, deixa eu te passar a agenda.

A manhã foi tranquila. Na hora do almoço, a jovem sai com Allana pra comprar roupas novas, gastando suas últimas três comissões e metade do salário, mas sente que vale a pena, nunca gastava além da conta, ganhava bem, andava bem-vestida, porém economizava cada bônus, cada dinheiro extra, pois queria uma casa maior, queria ter um bom “pé de meia” e aquilo era uma extravagância. Colocou as sacolas embaixo da mesa e, às 17h, levantou-se e foi pra casa.

Às 20h estava pronta, esperando Arthur, que chega com roupas casuais.

— Acho melhor eu me trocar. Para onde vamos?

— Não precisa se trocar, vamos a um parque de diversões.

— Isso não se parece com você.

— Você disse para eu não usar os mesmos truques — revela e sorri. 

Ela usa um vestido longo e sapatos altos de bico fino.

— Acho melhor você trocar apenas os sapatos

— Jeans e camiseta então.

Em quarenta minutos eles estavam em um parque de diversões. 

— Há anos que não vinha em um. — Ela corre como criança pelo parque. Arthur vai um pouco atrás, admirando a empolgação da pequena.

— Vem! — Ela faz sinal com as mãos, apontando para os brinquedos. O homem anda até ela, e os dois correm pra dentro do parque.

— Em qual você quer ir primeiro?

— Escolha você.

— Então, vamos na montanha-russa!

Mais tarde, eles se sentam para comer.

— Eu nunca imaginei ver você comendo um cachorro-quente! — Arthur ri.

— Minha família não era rica, meus avós eram, na verdade, ainda são. Uma coisa espantosa sobre o sangue asiático, é que vivemos bastante. Pois bem, meu pai não se casou com a mulher que lhe foi prometida, então, a família não o apoiou financeiramente. Eles então compraram uma casinha no interior com muito trabalho. Foi onde eu e Guto crescemos. Quando ele se formou na faculdade, me convenceu a abrir a Castro Ilimitada. Nossos pais nos ajudaram vendendo a casa, trabalhamos arduamente dia e noite até termos dinheiro para devolver a casa deles e comprar as outras quatro casas em volta. — Os olhos de Arthur se enchem de lágrimas. — É um lugar especial pra mim e pro Guto também. Se hoje eu gasto comprando pijamas de mil dólares, é porque já comi muito cachorro-quente de cinco reais. E a sua história? Me conta!

Laís ri.

— Meu pai e minha mãe se conheceram na faculdade. Minha mãe fazia Letras, e meu pai, Engenharia. Eles se casaram e tiveram duas filhas. Minha mãe morreu em um acidente de carro quando eu tinha nove anos e Allana era apenas um bebê. Meu pai cuidou da gente, sempre fomos muito unidos, porém ele começou a namorar, e namorar, e namorar... Em menos de dois anos foram várias namoradas, e não anda parando em casa. Eu e Allana estamos pensando em nos mudar pra ficar mais perto do centro e dar liberdade pra ele. Quero que ele seja feliz, mas confesso que sinto falta de tomar café da manhã em família, ou de seu cheiro pela casa. — Ela sorri triste e logo muda de assunto. — Comi dois cachorros-quentes, estava com muita fome — diz com um sorriso nos lábios, sem notar que havia mostarda no canto da sua boca.

— Tem uma coisinha aqui… ele aponta para o rosto do dela.

— Onde? — diz, tentando limpar.

— Bem aqui, deixa que eu limpo! Ele segura o rosto da pequena e passa a ponta da língua no canto da boca dela.

Uma onda de calor atravessa Laís, que logo se distancia. Ele abre um longo sorriso.

— Bom, está na hora de irmos para a roda-gigante.

Os dois entram na cabine de mãos dadas, Laís admira as luzes da cidade. Eles alcançam o lugar mais alto do brinquedo, então, a roda para de girar.

Ele se aproxima, passa o braço pelas suas costas e a abraça.

— Olha pra lá... 5, 4, 3, 2, 1

Neste momento, vários fogos começam a passear no céu.

Alguns fazendo desenhos de flores, e outros, com as iniciais A&L dentro de um coração. Ela nunca havia visto nada tão adoravelmente brega, mas ama tudo aquilo. Seus olhos brilham de emoção, Arthur vira o rosto da morena com a ponta dos dedos e se aproxima, mirando aqueles lindos olhos. Pousa, em seus lábios, um pequeno beijo, que vai aumentando a intensidade aos poucos.

O show pirotécnico acaba, a roda-gigante volta a funcionar. Os dois vão de mãos dadas até o carro, não dizem uma única palavra até a casa de Laís. 

— Até amanhã!

— Amanhã é sábado, não tem trabalho!

— Nós poderíamos...

— Amanhã é meu segundo encontro com Augusto.

— Meu Deus! Aquilo era uma tortura — pensava Arthur. Ela o havia beijado...  Por que não acabar com aquilo ali?

Ele respira fundo e diz:

— Até domingo.

Arthur está cheio de sentimentos confusos, quer aquela mulher como nunca quis outra. Nunca havia passado por isso; normalmente, era o contrário, as mulheres eram quem se jogavam ao seus pés. Ao chegar ao apartamento, depara-se com Augusto sentado no sofá.

— Como foi o encontro?

— Perfeito.

Augusto faz uma careta.

— Ao contrário de você, eu não atrapalhei. Então, amanhã faça o mesmo que fiz hoje e se controle.

— Eu a quero, Augusto, de verdade, realmente a quero. Eu... Eu nunca me senti assim, ela faz meu peito doer quando está triste e faz meu coração bater mais rápido quando sorri, parece que...

— ... Está faltando o ar.

— Como você sabe?

— Por que eu sinto a mesma coisa.

— Pela primeira vez, em toda a minha vida, eu não sei o que fazer.

— Não cabe a nós escolhermos, a decisão é dela. — Augusto se levanta e vai até o elevador.

— E se eu não quiser esperar?

— Aí, ou você desiste, ou respeita a decisão dela. Ou vai acontecer o que nunca aconteceu até hoje.

— O quê?!

— Você vai ficar sem mim também.

Arthur fica estático, olhando o irmão entrar no elevador.

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