No Dia dos Namorados, Felipe usou novamente os assuntos da família como desculpa para me dispensar, e ainda mandou todo mundo esconder de mim.
Mas naquela mesma noite, recebi uma mensagem anônima:
“Link ao vivo: Casamento de Felipe & Liliana.”
Cliquei.
A tela mostrou uma cerimônia grandiosa, luxuosa, repleta de chefes mafiosos vindos da Sicília.
Naquele momento, senti meu sangue gelar.
Três meses antes, Liliana havia sido diagnosticada com uma doença terminal.
Durante uma reunião da família, ela disse:
— Antes de morrer, gostaria de realizar um casamento com o homem que eu mais amo.
Naquela época, eu não desconfiava de nada.
Inclusive, brinquei com ela na festa, perguntando quem era esse “homem mais amado”.
Ela olhou pra mim com um sorriso enigmático:
— Você vai descobrir na hora.
Só depois entendi.
Aquele homem... era Felipe.
Nunca vou esquecer aquele Dia dos Namorados.
Enquanto eu chorava até desmaiar, ele estava com a Liliana.
Naquela ilha privada batizada com o nome dela, jurando amor eterno.
Ainda bem... que tudo isso está prestes a acabar.
Acabara de chegar em casa, quando recebi uma ligação da Liliana.
— Silvia, me desculpa de verdade. Eu não sabia que ia te encontrar hoje.
Soltei uma risada de desprezo, sem responder.
— A família Valentino é mesmo muito afetuosa. O próprio Dom Valentino veio me ver pessoalmente, e disse que vai fazer de tudo pra encontrar os melhores médicos do mundo para me tratar.
Ela pausou, depois falou com um tom carregado de intenção:
— Silvia... você já pensou como seria maravilhoso se fosse eu quem se casasse com alguém da família Valentino?
— Claro. Se você tiver capacidade para isso, desde já te dou os parabéns.
Depois de desligar, fui direto bloqueá-la.
Mas sem querer, acabei entrando no status dela.
Ela tinha postado meu motorhome.
Disse que era uma surpresa do Felipe.
Aquela van…
Fui eu quem montou.
Levei um ano inteiro planejando, comprando peças, ajustando cada detalhe.
O plano era quando tudo se acalmasse, Felipe e eu viajaríamos pelo mundo com ela.
Mas agora... a van é da Liliana.
Na foto, ela sorri radiante, em frente ao carro.
Na legenda, escreveu:
“Obrigada, Felipe, pela surpresa. Quando eu melhorar, vamos viajar juntos!”
Minhas mãos tremiam levemente na tela.
Nunca imaginei que Felipe fosse capaz de dar até isso pra ela,
a coisa que eu mais amava.
Nesse instante, recebi uma ligação da Noemi.
A voz dela vinha carregada de raiva:
— Silvia, o que tá acontecendo?! Como assim aquela sonsa da Liliana tá andando com o seu carro?!
— Ela merece isso?
— Você perdeu noites sem dormir pra terminar esse projeto! E agora ela toma como se fosse dela?
Respirei fundo, tentando manter a calma:
— Eu já não me importo mais.
— Não se importa? — Noemi gritou, batendo na mesa. — Silvia, se fosse verdade, já teria explodido esse carro!
— A Liliana não tem um pingo de vergonha! Só porque tá doente, acha que pode pegar o homem dos outros, o carro dos outros?!
— Vai saber se ela tá mesmo doente? Quer saber? Eu vou investigar isso! Ver se essa história de doença terminal é real.
— E o Felipe?! Aquele desgraçado ainda vai te enganar até quando?!
— Não por muito tempo. Afinal... o casamento tá chegando.
Foi então que a voz do Felipe surgiu, de repente, por trás:
— Casamento? Que casamento?