CAPÍTULO 3
— Você está com ciúmes? A Liliana está doente, não era você que sempre dizia para eu cuidar bem dela? Agora que eu faço isso, você vem me olhar com essa cara?

Diante do meu silêncio, a voz dele ficou cada vez mais cheia de razão:

— Silvia, para com isso. Ela é sua melhor amiga, não é? Você sempre quis que eu fosse mais atencioso com ela. Agora nem posso realizar um desejo dela?

Nesse momento, eu fiquei sem palavras.

— Felipe, você é mesmo muito generoso.

Ele franziu a testa, tentando se defender, mas antes que dissesse algo, o celular dele apitou.

Olhou a tela por alguns segundos e então me disse:

— Silvia, nos próximos dias vou viajar a trabalho. Não volto por enquanto.

— Cuide-se enquanto estiver sozinha em casa.

Assenti sem emoção. Achei até bom ele não voltar.

Na manhã seguinte, vesti um traje apropriado e fui até a mansão da família Valentino para me despedir.

No salão principal, os anciãos da família estavam sentados ao redor da longa mesa, discutindo os assuntos mais recentes.

Fiz uma leve reverência ao pai de Felipe, que estava na cabeceira da mesa:

— Dom Valentino, obrigada por todos esses anos de cuidado. Hoje vim para me despedir formalmente.

As conversas cessaram por um instante.

O imenso salão ficou em silêncio.

O rosto da mãe de Felipe já mostrava traços de preocupação:

— Silvia, o que aconteceu? Por que essa decisão repentina?

Dom Valentino bateu com força na mesa:

— Cadê o Felipe? Por que ele não voltou com você?

— Ele te fez alguma coisa?

Antes que eu pudesse responder, ouvi passos suaves do lado de fora.

Felipe e Liliana entraram juntos.

— Silvia? O que você tá fazendo aqui?

A fala da Liliana soou como se fosse ela a nora da família Valentino.

Sorri de canto e respondi friamente:

— Onde eu estou, não diz respeito a você.

Depois disso, fui em direção à porta.

Felipe, se dando conta, correu atrás de mim para se explicar:

— Silvia, não entende errado. Hoje trouxe a Liliana aqui pra ver se meus pais ajudam a encontrar um bom médico pra ela.

— Você não tá mesmo com raiva, né? Sempre disse que queria ver a Liliana bem... agora que ela tá fraca, deixá-la aqui é o mínimo pra cuidar dela, não acha?

Não sei por quê, mas de repente, uma lembrança me veio à mente.

Foi aos 16 anos do Felipe, quando viajamos ao Japão e subimos o Monte Fuji.

Lá no meio da neve, ele me prometeu que se casaria comigo.

Disse que era o maior desejo da vida dele.

Disse que a futura dona da família Valentino seria eu.

Mas agora... ele trouxe outra mulher pra dentro da casa dos Valentino.

E ainda teve a cara de pau de mentir, dizendo que ia viajar a trabalho.

Soltei uma risada de desdém.

Ridículo.

Diante do meu silêncio, ele completou:

— Silvia, nem isso você consegue aceitar?

Olhei pra ele em silêncio, e de repente, achei aquele homem... patético.

Felipe então me puxou pra um abraço e ainda beijou minha testa:

— Se comporta. Fica em casa e me espera.

Assim que ele virou as costas, passei a mão na testa e limpei o beijo.

Ele me dava nojo.
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