Foi nesse instante que ouvimos gritos no corredor. Em quase um ano desde que cheguei ali, nunca havia escutado Grace levantar a voz. Mas, naquele momento, ela gritava — e alto. Ainda assim, eu não me levantei. Permaneci ao lado dele, oferecendo o que ele mais precisava… presença e acolhimento.
Continuei a confortá-lo, repetindo que nada daquilo era culpa sua. Que ele não tinha culpa de ser o único sobrevivente daquela tragédia. E que, apesar de tudo, ele merecia, sim, ser feliz. Mais do que ninguém.
— Eu não mereço, Sarah… eu estraguei tudo. — Ele disse, entre soluços.
— Ethan, olhe para mim… — Falei séria, fitando-o nos olhos. — Aquela mulher não tem a menor ideia do que você enfrentou, das suas lutas diárias, das conquistas que você conseguiu com esforço. Ela não ficou. Pensou somente nela mesma e partiu. Que direito ela tem de voltar e te dizer as coisas que disse?
— Como ela mesma falou… eu matei a irmã dela — Murmurou, com a voz carregada de culpa.
— Não, Ethan. Foi um acidente.