Tinha Que Ser Você
Tinha Que Ser Você
Por: Cherry
Capítulo - 1

      Lembro-me como se fosse hoje, daquela noite inesquecível de virada de ano. O céu com estrelas pontilhado, iluminado pela luz da lua com todo seu esplendor, naquela noite fresca de verão.

     A brisa balançando delicadamente meu cabelo e acariciando com mãos invisíveis agradavelmente meu rosto. Era como se estivesse presa a um sonho, um conto de fadas daqueles que nem sempre são descritos nos livros. Do alto do mirante podia ver as pessoas lá em baixo, espalhadas pela areia da praia felizes, comemorando essa data tão almejada durante todo o ano. A praia lotada só fazia se confirmar o quanto para elas era importante celebrar mais um ano que se findara. Mais um ano chieo de novas esperanças e sonhos que começava.

    Elas brindavam entre si, desejando umas a outras o melhor possível que o novo ano pudesse lhe trazer a elas. Às vezes fechava meus olhos, sentindo a maresia trazida pela brisa e pedia perdão por começar o ano novo com uma mentira. Era por uma boa causa, tentava iludir minha consciência tão pesada. Dizia isso a mim mesma tentando aplacar a culpa que me surrava em forma de pequenos arrepios pelo corpo denunciando que isso me castigaria de alguma forma no futuro. Assim, era pelo menos o que eu pensava da situação...

    Gabriel, sentado ao meu lado, me envolvia em um abraço, quente e caloroso, cheio de paixão. Beijava docemente meu rosto e dizia que não me preocupasse, era só um pequeno pecado, mas valeria a pena todo sacrifico que fiz, para por fim estar ali ao seu lado. Sorria-lhe tímida em resposta, ainda sentia um arrepio de medo me subindo pela espinha. Uma pontada de dúvida no meu coração por estar ali em sua companhia e por cima ainda sozinha consigo. Porém, tinha um friozinho gostoso em meu ventre que denunciava certa ansiedade pela ação que viríamos a acometer.

    Trocávamos beijos mais ardentes que os habituais, carícias um pouco mais ousadas, antevendo o que de fato decidimos por livre e espontânea vontade fazer naquela noite. Entregar-nos uma ao outro, de corpo, alma e coração, foi o que propôs Gabriel como prova concreta de nosso amor.

    Éramos dois jovens adolescentes sonhadores, perdidamente apaixonados um pelo outro. E embora acreditasse fielmente que não precisasse me submeter a esse ato para provar meu amor por ele, aquele chamado se fazia mais forte que a nossa vontade de supri-lo e guardamo-nos mais um pouco. Já se faziam dois anos de namoro. Dois anos de tortuosa espera, pelo menos para Gabriel.

    Talvez para as meninas possa até ser mais fácil esperar uma vida inteira por isso imaginando o momento exato de se entregar a uma paixão. Embora nunca ninguém talvez consiga definir de fato quando é exatamente esse momento. Mas, os meninos são sempre mais precoces e isto se torna uma tortura insuportável para eles. Beijar-me simplesmente na boca e aqueles “amassos” comportados no carro, pareciam não mais o satisfazer. Seu corpo exigia mais de mim a cada encontro. Meu cheiro já o excitava a um ponto que não deixava mais seu fogo o aquietar-se perto de mim. E ele dizia que pensar nesses possíveis momentos íntimos comigo, lhe estavam roubando toda a concentração que precisava dispensar nos estudos e no trabalho. Roubava-lhe o sono nas noites frias e lhe fazia ficar rolando na cama abraçado aos seus travesseiros. Imaginado como de fato seria agradável em vez deles, me ter em seus braços, acariciar o meu corpo e dormir em peito depois de se satisfazer com meu prazer.

    Por isso, depois de dias a fio divagando em meu quarto, no breu da noite fria, em silêncio sozinha na minha cama, decidi que não haveria mal algum em “sossegar seu facho”, como diria minha vó. As amigas também colaboraram com essa decisão e sempre me diziam que se continuasse sendo essa puritana boba, alguma outra garota mais assanhada faria esse serviço por mim.

     E não duvido da facilidade que ele teria de encontrar alguma putana faceira a lhe consolar. Pois a sua beleza lhe dava uma grande margem de vantagem a isso. Seus cabelos castanhos, aquele par de olhos verdes que fariam qualquer uma se perder na vastidão de sua beleza e o corpo perfeito que mantinha por meio de exercícios físicos e uma boa alimentação. Somado a isso, não se poderia esquecer aquela simpatia toda que manifestava sem nenhum esforço para conseguir tudo que queria, posso até imaginar a fila de meninas querendo experimentar o beijo doce daquela boca carnuda que tinha.

    Lembro-me de cada jura de amor que fez sussurrada em meu ouvido, da promessa de que nunca, nada jamais nos separariamos, que usou para me convencer à essa decisão. De como era forte e inabalável nosso amor e que isso o faria ainda ficar indestrutível. Acreditei cegamente nessas falsas promessas, embora sempre tivesse uma opinião contrária a elas.

     Amores perfeitos deveriam ser baseados em atos de companheirismo, cumplicidade, doação mútua, respeito e perseverança entre o casal, sem contar é claro a imensa carga de paciência que deveriam acumular com os anos vividos juntos. Pois sem ela, nada dura pra sempre, se desintegra pelo caminho e se dissolve no primeiro obstáculo que a vida forneça. Tinha uma certeza absoluta que um amor verdadeiro não precisaria de uma prova tirada num momento de luxúria aplicada unicamente ao gozo da alma.

    Lembro-me também de todo cuidado que teve comigo para não me machucar com sua paixão avassaladora que sentia por mim. De todo o aparato improvisado para tonar aquela noite inesquecível. Escolhemos o mirante do farol. Com certeza aquela noite seria o lugar mais abandonado da região e não teríamos problemas com testemunhas. Uma vista privilegiada da praia lá em baixo. Um decampado em meio à natureza quase intocada. Um lugar de difícil acesso e que talvez fosse perigoso demais para esse tipo de brincadeira.

    Menti aos meus pais aquela noite dizendo que veria os fogos com a família de uma amiga ao qual tinham confiança. Era a primeira vez na vida que menti para eles. Sempre fui aquele exemplo de filha perfeita que vivia sendo elogiada com orgulho aos amigos. Sentia-me muito mal por isso, mas tentava me convencer que se um dia soubessem dessa minha peraltice entenderiam. Afinal, um dia já tiveram a nossa idade, nossos desejos e nossa rebeldia.

    Estar ali naquele ponto tão distante da praia, longe da segurança das pessoas, livres de qualquer testemunha, me dava certo receio. Tínhamos somente as estrelas a nos vigiar e tenho certeza que elas não nos impediriam de seguir em frente com nossa proposta para a noite em questão. Nunca cogitei de fato, se mudasse de ideia seria respeitada por Gabriel. Se seria cavalheiro suficiente para o ato e respeitar minha vontade de desistir.

    Providenciei uma ceia especial, regadas á frutas que segundo as tradições sempre trazem muita sorte para ao ano que se inicia. E de fato queria que fosse o melhor das nossas vidas! Que nossos sonhos fossem realizados e que só supressas boas nos aconteceriam.

     Roubei muito espumante do infinito estoque da casa da minha tia. Tive que de princípio me certificar quanto deles ainda estavam na validade, já que sua coleção era enorme. Talvez, por causa deles e dos efeitos que provocaram em nós, deixamos passar despercebidos detalhes que fariam muita diferença num futuro próximo. E que a pressa que aquele calor de nossas mãos em nossos corpos exigia para saciar nosso desejo, dizia-nos não ter muita importância.

     Mas, diante de tudo, o que isso importava? A noite estava plena e perfeita. A nossa paixão era inocente, pura e perfeita também. O que então poderia acontecer de errado por um mero pecado? Que mal poderia haver em um casal apaixonado que se guardou por tanto tempo se entregar assim, dessa forma inocente? Tão calma, porém quente e indecente que queimava até a alma?

Poderia haver clima mais adequado do que se chagar ao ápice do prazer em meio aos fogos de artifícios de uma festa tão especial como aquela? Qual seria o castigo que o universo prepararia para uma entrega assim, sem cobranças e nem culpas? Pelo menos nós acreditávamos que ali não estávamos realizando nada mais que algo normal a nossa idade e condição.

Foi uma noite inesquecível. E tenho certeza que se eu vivesse uns cem anos a mais, ela não me sairia da memória nem por um minuto! Cheguei a me fantasiar velhinha, sentada ao seu lado, numa cadeira de balanço na varanda da nossa casa, admirando o jardim que construímos durante os longos anos juntos, fazendo-o lembrar-lhe desse dia.

     Doce ilusão de menina apaixonada. Queria saber quanto tempo, o menino bobo ao meu lado se lembraria disso também? Talvez dali a uma semana, tivéssemos outra oportunidade de repetir a dose e ele colocaria a próxima transa como a melhor de nossas vidas e esqueceria dessa lá no fundo do baú da sua memória.

    Porém, nem só de lembranças boas é que vivemos. Existem as piores que se tornam pesadelos toda vez que as trouxemos a tona. Seja por que estamos tristes ou mesmo por que queremos nos lembrar de quanto fomos inconsequentes no passado...

     Dentre elas, a pior de todas era lembrar-se da fatídica quarta feira, dois meses depois, quando após um longo  beijo e um caloroso abraço, nos perguntamos mutualmente...

“O que você tem de tão importante para me dizer?”

     Por mais que tivesse ensaiado uma centena de vezes na frente do espelho da cômoda do meu quarto... Decorado cada linha e cada palavra daquele texto escrito a próprio punho, com minha bela letra cursiva. Muitas vezes, borrada pelas lágrimas que derramei sobre o papel. Ainda me faltava coragem para as palavras a serem ditas...

     Decidi deixá-lo falar primeiro... Respirei fundo tentando disfarçar a ansiedade que estava me dominando por dentro. O frio na barriga agora era apreensível, não era mais gostoso de sentir como fora a noites a trás. Ele dói naquele momento, tinha bons motivos para isso e estava disposto a não me poupar da dor que viria  seguir. Assim, como meu coração batendo descompassado, pelo ato acometido e sua consequência...

     Quem sabe fosse uma bobagem qualquer que ele tinha a me dizer, quando seu irmão apareceu no meu trabalho me entregando um bilhete seu. Algo que me fizesse sorrir e me deixa-se mais relaxada para lhe contar o motivo do meu lhe confirmando a urgência do encontro.

     Sim, tinha tido naquele dia a mesma ideia de chamar o seu irmão e lhe pedir que entregasse um bilhete meu à ele. Fazíamos isso toda vez que queríamos um encontro furtivo sem deixar rastros na conta telefônica dos nossos pais.

     Sabia que ouvir a sua voz do outro lado da linha, poderia me trair. Assim como já estava me sabotando a algumas semanas, essa conversa que precisávamos urgentemente ter. Tinha medo que ela roubasse a coragem que juntei ali e adiaria, mais uma vez a trágica noticia que precisava lhe dar. Óbvio que para mim era uma boa Nova. Mas, não sei como de fato reagiria a ela...

     Mas não era uma bobagem qualquer...

     Nem me trouxe um pingo de humor...

     Muito menos sequer, lhe consegui retribuir o mesmo sorriso de felicidades sua...

     Ele passara no vestibular com mérito e ganhara uma bolsa gratuita para uma das mais importantes universidades do país. Teria que morar à quase 500 quilômetros de mim, na capital do estado. Vender o carro para comprar materiais de estudos, pagar as refeições e hospedagem na mesma, já que teria que ficar no próprio dormitório da faculdade. Comprometer os nossos quase inexistentes encontros semanais...

     Por causa do vestibular, ele me pediu que nos víssemos menos para não comprometer seus estudos. Naquele momento, bem tola eu aceitei, nem percebendo o quanto o nosso romance tinha esfriado depois daquela nossa noite no mirante. Achava que poderia ajudar mais ao seu lado nos estudos.

     Mas, ele usava a desculpa que meu perfume lhe roubava toda a sua atenção e despertava uma vontade louca de jogar tudo para o alto e desperdiçar seu tempo precioso em me ter em seus braços e na sua cama.

     Depois de despejar aquela pavorosa noticia sobre mim, esplendorosa para ele, ainda me prometeu que me visitaria ao menos uma vez ao mês ou sempre que tivesse uma folga. De ficarmos juntos o tempo inteiro que estaría na cidade e quem sabe, vez ou outra eu conseguisse escapar do meu pai e o surpreendesse com uma visita. Sabia que todas essas promessas eram uma mentira. A faculdade lhe consumiria seu tempo integral e duvido que essa frequência que me propôs conseguiria manter por muito tempo.

     Ao menos uma vez por mês? Isso era proposta de alguém que se dissera perdidamente apaixonado por mim? E o que acontecera com aquela promessa de que nada nessa vida nos separaria? Diante daquela oportunidade tudo isso era muito vago. A minha presença em sua vida agora, parecia ter um valor diminuto que meros momentos de ligações telefônicas abrandariam...

     __Então, o que você tem para me dizer? ___Perguntou ainda entusiasmado com tudo que me contou. __Não ficou feliz com minha notícia sobre a faculdade? Por que está chorando Nanda? São só quatro anos! E é o nosso futuro em jogo! Depois que me formar, podemos nos casar e ter uma família como você sempre quis! E vou poder lhe dar uma vida no mínimo confortável! Isso não lhe agrada?

     Não contive as lágrimas que desceram pelo meu rosto. Deixei que me abraçasse forte e deixei que os soluços viessem à tona. Estavam maltratando o meu peito com a dor que estava sentindo. É claro que estou feliz por ele. Vai realizar seu sonho!  Como ele mesmo diz, “são só quatro anos”, que diferença poderia nos fazer esse tempo? A não ser é claro nos trazer um futuro melhor? É verdade que não vou morrer pela distância que será lançada entre nós e um mês passa rápido. Porém, quatro anos... É uma eternidade para o problema que temos que resolver...

     __ Diz alguma coisa menina! Ficou muda do nada! Que diabo aconteceu para ficar desse jeito? __ Gabriel já ficava impaciente comigo. Um tanto irritado e enciumado por não partilhar da sua alegria.__ Foi para isso que me pediu para te encontrar com tanta urgência? Para ficar calada sem nada para dizer?__ Me segurou pelos meus braços e obrigou-me a encará-lo.

     Tinha duas palavras para lhe dizer que poriam todo seu projeto de vida a baixo... Duas sentenças que destruiriam seus sonhos em minutos... Mas, elas simplesmente não saiam pela minha boca, por mais que tentasse expeli-las para o lado de fora. Estavam grifadas no fundo da minha alma e de momento pareciam mais uma sentença de morte...

     Carrascas a me judiarem cobrando o preço da nossa irresponsabilidade num passado não tão longínquo,

“Estou Gravida!”

     Mas, não as disse, não tinha coragem para tanto. Berrei a frase em meu cérebro inúmeras e inúmeras vezes com um ódio descomunal. Como lhe diria que abandonasse tudo por minha causa, já que fui imprudente em exigir que cuidasse de nós nesse detalhe? Por que não tomei a iniciativa de pelo menos cuidar de mim? Afinal tive tempo de sobra para me preparar para aquela noite!

     Não tenho uma desculpa plausível por não ter tirado um minuto sequer para conversar com ele sobre esse assunto. Será que eu poderia viver eternamente o ouvindo dizer que se eu fosse um pouco mais cuidadosa e menos irresponsável ele hoje seria um doutor?

     Aquela oportunidade de entrar de graça para a faculdade em questão era única. Talvez não houvesse uma oportunidade semelhante no futuro. E qual seriam as chances disso acontecer tendo que alimentar uma esposa e um filho?

     Ele teria que abandonar o emprego atual para dedicar-se em tempo integral aos estudos. Num futuro teriam estágios que não supririam as nossas necessidades e até ele conseguir um emprego com a nova profissão isso poderia levar muito tempo.

     Iria ser sua mãe quem o bancaria agora. Uma viúva arrogante que simplesmente me detestava e vivia pedindo ao filho que terminasse o namoro comigo. Nem imagino os títulos que me colocaria de agora em diante sabendo que seria avó, por descuido e desleixo nosso. Todo esse sacrifício dele para a vaga em questão seria usado eternamente contra mim. Uma pervertida que tentou segurá-lo à força usando um bebê.

     Ser bioquímico era o sonho de Gabriel desde a infância. Era a carreira do pai interrompida por um infarto. Todo material que ele lhe deixara como herança do laboratório era cuidado como um tesouro de inestimado valor.

     Nosso romance quase teve fim uma vez por que, lhe decidi ajudar com a limpeza dos vidro e tubos em questão, e novamente por descuido, deixei que um deles caísse ao chão e se quebrasse. Foi uma briga horrível, por algo que para mim era substituível, mas para ele...

     Pedir nesse momento que largasse tudo por minha causa, era como pedir que mate todo o seu sonho por um deslize que na época atribui somente a mim. Seria a meu ver até um egoísmo de minha parte, já que sei bem o que é sufocar um grande sonho como esse...

     Será que, por exemplo, se estivesse em seu lugar faria isso? Lembro-me da dor no meu peito quando meu pai falou que nem adiantava nutrir sonhos com faculdade na capital.

     Primeiro por que não haveria dinheiro para tal. Depois por que moças de família não moram sozinhas longe dos pais. Isso em sua mente atrasada era sinônimo de pura libertinagem e que nada tinha a ver com estudos. O certo era abraçar as profissões disponíveis naquela cidade pelos cursos técnicos ou se tornar uma exemplar dona de casa.

     Ou seja, trabalharia naquela padaria até encontrar alguém que me aceitasse em casamento e depois viraria a sua esposa, e em minha opinião a sua serva do lar...

     Por mais que lhe tentasse explicar que se conseguisse me formar em medicina num futuro não tão distante poderia nos dar uma vida mais confortável e depois sim, formar uma família.

     Agora vejo meu sonho ali de novo destruído pelos dois. Um por sua incapacidade de aceitar a liberdade que as mulheres tanto lutaram para conseguir. Outro por que tem uma ótima oportunidade e parece estar jogando deliberadamente toda culpa para cima de mim. Um filho. Um filho agora vai destruir o futuro de nós dois. Nenhum vai alcançar o que almejou por mais vontade que tenha de lutar por isso...

     E embora ainda não conseguisse lhe contar meu segredo, outro ponto me afligia. Existia sim, a possibilidade de ele me rejeitar. E seria deveras cruel escutar isso da boca dele. 

     Meu coração entrou em descompasso, pensando em ouvir que não tinha nada a ver com isso! Que tive tempo de me preparar e que agora assumisse os meus erros sozinha. Não conseguia imaginar o que dizer ao pai caso levasse um pé na bunda dele. Ele não suportaria essa ideia de ter uma mãe solteira dentro de casa, antiquado como é, levaria isso a uma delegacia, já que ainda sou de menor e Gabriel é dois anos velho que eu e já se enquadra no crime de sedução. 

     Pior ainda era imaginar essa briga se alongando pelo tempo e talvez como seus avós vindos da Europa, ele resolvesse lavar a minha honra com sangue.

     Não quero forçar ninguém a ficar comigo. Não quero ficar sozinha com esse dilema! Por isso em silêncio, enquanto o ouvia ainda ralhar comigo pela minha insatisfação ao seu prêmio, rezei por um milagre, algo que talvez adiasse essa conversa para poder me dar tempo para arranjar uma solução cabível a nós dois sem ninguém ser privado dos seus sonhos.

     Pensei em desmaiar... As noivas fazem isso quando não querem mais se casar e sempre dá certo. Porém, não sabia como fingir tal ato. Estava aflita e sem tempo. Sem ideias e sem pelo jeito, um namorado pra me apoiar. Foi então que Flávio, meu irmão, apareceu esbaforido, suado de cima a abaixo e com os olhos cheios de lágrimas...

     ___ O que houve Flávio? Por que você está assim?___ Ele nem conseguia falar. Arfava com a mão no peito sofrendo em trazer uma notícia muito pior que a que tinha para dar a Gabriel...

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