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Uma bala é para sempre. — Gideon pensava inconformado no enterro de seu pai.

Ele escutou essa frase em algum filme ou série que passava em alguma plataforma de entretenimento.

Experiente no assunto, o jovem sabe que uma bala pode matar de três formas distintas. A primeira é nas extremidades, sem uma artéria principal leva de dez a quinze minutos para o alvo morrer. A segunda forma é em qualquer lugar na caixa torácica, no centro do peito. A bala resvala, ossos são atingidos, o coração ou uma artéria são lacerados e a pressão sanguínea cai a zero. A última forma é a fatal, no centro do crânio, em qualquer ângulo. O cérebro morre antes mesmo de saber o que ouve.

Ele sabe de tudo isso... Afinal fez parte de sua vida por uma fração de anos.

Com apenas dezesseis anos entrou na universidade de direito, em Harvard, seu QI sempre foi elevado, por isso se destacou, se formando aos vinte anos, mas em vez de seguir carreira na profissão que escolheu,ingressou no corpo de fuzileiros dos EUA, optou em servir o seu país na guerra, no Afeganistão. 

Quatro anos servindo foi o suficiente para se tornar o melhor atirador de elite do seu batalhão. Conquistou respeito e honra, não pelo nome do seu falecido pai,que era um famoso juiz, mas pelo seu próprio mérito.

   — Senhor Russell alguma declaração? — Um dos repórteres perguntara querendo informações que o mesmo não tem.

O que dizer nessa situação trágica? Aconteceu,e o mesmo não pode mudar ,o que já foi feito.

O seu pai foi brutalmente assassinado com um tiro na cabeça e está bem claro que foi executado, agora o porquê ninguém sabe. No entanto, se suspeita já que Emerson Russell era um juiz federal, especializado na área criminal, e forjou muitos inimigos no decorrer desses trinta anos de carreira dedicados a tirar de circulação os criminosos, e não era novidade que isso poderia acontecer, mais cedo ou mais tarde.

Gideon Russell entrou no carro, escoltando sua mãe que se desmanchava em lágrimas.

   — Meu filho o que pretende fazer agora? — Mariana, a viúva perguntou extremamente abalada.

   — Irei atrás de justiça mãe!

A ira nos olhos do seu filho a deixou ainda mais aflita do que já estava pela situação difícil que se encontrava.

   — O que quer dizer com isso? — Perguntou-lhe abalada.

O militar pegou na mão de sua mãe com carinho, e a conduziu até seus lábios.

   — Está na hora de aceitar o meu legado e me tornar o juiz que meu pai sempre sonhou que fosse!

Ciente que falou o suficiente a sua progenitora, o futuro juiz se calou o restante da viagem.

 — Vossa excelência o que tem a dizer sobre o caso?— Um dos repórteres perguntou afoito.

   — O senhor é conhecido como um juiz implacável, assim como o seu pai um dia foi. Concorda com essa declaração?

Gideon escutava todas as perguntas, mas as ignoravam. Sua única vontade é chegar logo em casa para encher de beijos o seu amor.

   — Para onde senhor? — Kleber o chefe de segurança e motorista do juiz perguntou sorrindo discretamente.

    — Para casa meu amigo!

O salvaguarda foi o mais rápido que pôde e quando adentrou os portões da mansão do seu chefe diminuiu a velocidade, pois como o conhece bem , sabe que descerá do veículo antes mesmo de pará-lo.

E foi o que aconteceu. Gideon desceu correndo e entrou em sua casa chamando por sua garotinha.

   — Sofia?

Ele gritou a plenos pulmões e, quando viu o seu pequeno tesouro vindo em sua direção, correndo com suas pernas pequenas, seu coração se aqueceu.

   — Papa, papa!

A menina Sofia corria para abraçar o seu herói.

   — Filha que saudades,oh, é muita saudades, minha pequena sereia. — A carregou em seu colo e sentou-se no sofá, encostando sua testa com a de sua herdeira e fez a saudação dos dois, como sempre fazem. O beijo de esquimó mais gostoso de todos os tempos. — Que beijo gostoso, meu amor.

   — Eu também sentir muito a sua falta papai.

Ele sabia que toda essa situação, é chata para sua filha. Às vezes passava dias fora, apenas falando com a pequena pelo telefone.

   — Desculpa meu amor, eu já expliquei que o meu trabalho é muito complicado.

   — Eu entendo papa, veja eu já sou grandinha, mesmo assim isso não me impede de sentir a sua falta. — Sofia possui quatro anos de idade, mas é uma menina muito esperta. Ela foi o melhor acerto de Gideon em todo o seu erro.

Conheceu a mãe da menina em uma festa e foi atração à primeira vista. A mulher era linda, cheia de curvas, e fazia sexo como ninguém, era um critério válido para ele.

A mãe de Gideon, dona Mariana, detestou a mulher assim que a viu.

   —“Quero que se afaste dessa mulher meu filho.”

Ele ficará intrigado, sua mãe nunca se meteu em seus relacionamentos e apesar de ser estranho não acatou o pedido da sua protetora.

   — “Ah mãe, não se preocupe, sei muito bem em que território piso.”

Ele disse isso por já saber à vagabunda que Malena era. Além de ficar com ele possuía outros casos.

Relacionamentos saudáveis nunca foram o seu forte. Se envolver em casos amorosos que sempre são fadados ao fracasso.

Mas um dia ela bateu em sua porta afirmando que estava grávida o deixando louco, a dúvida o matava, se era sua filha ou não, pois a mulher não queria a criança e só pensava em como a gravidez estragaria o seu lindo corpo.

   — “Malena quanto quer para manter a gravidez até o fim?”

O repúdio que sentiu dela ainda estava vivo.

   — “Oh sim! Meu querido, agora falou minha língua.”

Depois que a menina nasceu, a mulher sumiu, nem quis lhe dar um nome, quem deu foi a mãe de Gideon. Após o nascimento foram realizados os exames confirmando que ele era o pai, o que acalmou o seu coração, mesmo estando decidido que se não fosse dele a criaria como tal.

   — Papai estou treinando uma nova canção.

Voltou à realidade, sorrindo satisfeito com a sua nova vida. Nesses cinco anos, estudou direito, e passou no concurso para juiz federal, e desde então tem construído uma sólida carreira, para em um futuro próximo ser um dos melhores juízes de toda a Nova York.

Os repórteres o nominaram, de Lobo Negro, e infelizmente ou felizmente o apelido pegou, por que todos com exceção de sua mãe e ngela o chamam assim. 

Lamentavelmente, não achou o culpado pela morte de seu pai, no entanto nunca desistiu de encontrar e condenar o culpado por todo o sofrimento que ele e sua genetriz sofreram, e ainda sofrem.

   — Quer me mostrar? — Inquiriu apontando para o piano.

 A criança levantou de seu colo e correu afoita para o instrumento. 

Como nos filmes e nas novelas, o piano de cauda, engrandece todo o ambiente. O da pequena Sofia mede dois vírgula treze centímetros,sua cor negra chama atenção de quem adentra a soberba sala da mansão. 

Gideon presenteou o seu pequeno tesouro quando a menina tinha dois anos e atualmente, com quatro anos de idade, toca excelentemente bem para a idade.

O juiz sentou-se ao lado de sua filha,e abriu a enorme tampa,aquela que é responsável por esse comprimento longo do piano ,e que necessita de um suporte para ficar aberta.

A pequenina Russell ,é apaixonada pelo seu presente.

   — Como se chama a canção filha? — Indagou orgulhoso da sua menina.

   — Se chama Sonata ao Luar e é uma canção de Beethoven papa.

   — É mesmo filha?

   — É sim. A minha professora disse que essa canção, foi composta por Ludwig van Beethoven, e que foi concluída em 1801 foi dedicada em 1802 à sua pupila, a condessa Giulietta Guicciardi. 

O juiz olhou para trás e viu sua mãe se aproximando em companhia da ngela, a governanta da casa de sua mãe. Elas nunca se separam, além de terem o relacionamento, entre patroa e empregada, são grandes amigas.

   — Boa tarde meu filho! Estava lá dentro na cozinha com ngela.

   — Desculpa mãe estava com muita saudade da minha pequena sereia. Boa tarde ngela. — Disse indo até as mulheres,e beijando o topo da cabeça de cada uma.

   — Boa tarde, menino. — ngela respondeu afagando o rosto dele carinhosamente.

   — Eu sou um homem sortudo, afinal eu sou um entre as mulheres da minha vida .

As senhoras riram do galanteio dele.

   — Papa, eu posso tocar agora? — Sofia perguntou eufórica, um pouco impaciente. 

   — Claro amor! Nos dê essa alegria.

Ela não esperou nenhum segundo a mais, seus pequenos dedos, dedilhavam as notas, com tamanha perfeição, que eles tinham medo até de respirar e estragar o lindo momento.

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