Clara olhou para Marcelo, que estava com o rosto pálido de raiva, e perguntou:— Quer que eu conte para todo mundo sobre as suas... Questões? O Salvador também é nosso velho amigo, o que acha de deixá-lo dar uma opinião?Salvador, visivelmente curioso, esfregou as mãos e olhou para Clara com uma expressão animada:— Sogra, fala logo!Marcelo, furioso, interrompeu:— O que você vai contar? — E logo depois, abaixando a voz, se aproximou de Clara e falou baixinho. — Eu te imploro, não faz mais isso. Pode falar o que quiser, eu vou fazer o que você mandar, tá bom? Não briga mais!Clara soltou uma risada fria e disse:— Sério? Vai fazer o que eu mandar?Marcelo, com uma expressão de total resignação, respondeu em voz baixa:— Sim, vou fazer o que você mandar.Clara sorriu, olhou para Salvador e falou:— Salvador, me desculpe, mas pensando bem, isso é um assunto da nossa família, não quero atrapalhar o seu trabalho. — E então, com a bolsa novamente no ombro, ela deu um olhar por cima do rost
— Chega! Ainda não sei quem você pensa que é? — Clara disse, apertando os olhos, com desprezo. — Não me venha com essas histórias! Eu não me importo, se você não devolver o Teodoro ao cargo dele, amanhã eu volto aqui. Eu não tenho vergonha, e o Salvador está esperando para saber o que o seu Sr. Marcelo tem a dizer!Marcelo olhou para Clara com um olhar fulminante, uma expressão que parecia querer matá-la, desejando que ela parasse de pressioná-lo dessa forma.Marcelo falou, palavra por palavra:— Clara, não exagere! No pior dos casos, nós morremos juntos! Se você quiser me forçar a morrer, saiba que você será a primeira a morrer!Após essas palavras, Marcelo se virou, furioso, e saiu.Clara observou sua figura se afastando, com a certeza de uma coisa. Ela tinha certeza de que Marcelo estava envolvido com Duarte. Além disso, o fato de a investigação sobre Teodoro estar afetando os interesses e a carreira de Marcelo explicava o motivo de ele estar disposto a brigar com Clara, correndo o
Depois que Ademir soltou Lorena, ambos estavam com a respiração um pouco descompassada. Com as testas coladas, Ademir acariciou o rosto de Lorena, e sua voz rouca e carregada de um tom suave e insinuante, disse:— Rena, vamos nos casar.Ademir desejava profundamente que Lorena fosse sua, e sua totalidade, pertencendo-lhe completamente. Contudo, antes do casamento, ele queria respeitar a vontade de Lorena. Somente depois de se casarem, com a aprovação tanto legal quanto moral, ele sentiria que poderiam seguir adiante, juntos.Lorena ficou surpresa ao ouvir Ademir fazer a proposta de casamento, e, ao mesmo tempo, um sentimento de nervosismo e alegria tomou conta dela.Achando que talvez tivesse sido muito repentino, Ademir se apressou a dizer:— Mas, se você achar que está rápido demais, podemos esperar. Não tem problema, eu respeito sua vontade.Lorena sorriu levemente, segurando com suavidade a mão de Ademir e disse:— Então, amanhã vamos juntos ver minha mãe, pode ser? Quero que ela
Ademir ouviu as palavras de Marcelo sobre sua mãe e, imediatamente, seu rosto se fechou.Ademir perguntou, com frieza: — O que? Acha que o conteúdo dessa carta não é verdade? Mesmo que tenha sido minha mãe quem a escreveu, foi apenas para a justiça!— Você! — Marcelo apontou para Ademir, com a mão tremendo involuntariamente. — Diga para sua mãe que, se ela continuar com essa loucura, eu vou morrer junto com ela! Se eu me destruir, ela também não terá paz!Com essas palavras, Marcelo se virou, furioso, e saiu, batendo a porta com força.Ademir soltou um suspiro suave e franzia a testa.Ele se lembrava claramente de ter explicado para Clara no dia anterior que a razão pela qual ele não havia denunciado Marcelo era para evitar que Alice se envolvesse. Ademir acreditava que sua mãe jamais tomaria a decisão de denunciar Marcelo sem antes consultá-lo. Isso era completamente fora do comum.Na verdade, Ademir não estava irritado com Clara, mas, sim, preocupado. Temia que Marcelo realmente fi
Jorge parecia ter sido fisgado no íntimo, como se alguém tivesse exposto seus pensamentos mais secretos. Sem coragem para responder, ele ficou em silêncio.Foi Yasmin quem não aguentou mais e disparou:— E essa é a sua atitude em relação aos mais velhos? Ele, pelo menos, é seu pai! Sua mãe nunca te ensinou a respeitar os mais velhos? E mais, seu irmão faleceu, e todas as propriedades e ações que ele deixou para trás não têm destino certo. Não está na hora de dividir essas coisas?Lorena, que estava ali, ficou chocada, se sentindo até ridicularizada, mas o que mais a incomodou foi a total falta de vergonha. Eles, de fato, haviam vindo com um plano, e o que queriam era pegar a herança que Gabriel havia deixado!Lorena tremia de raiva e, com a voz firme, exclamou:— O que meu irmão deixou, fica onde está, ninguém tem o direito de tocar!Embora a Sra. Lopes estivesse confusa e Lorena tivesse perdido a memória, ela não sabia exatamente o quanto de bens seu irmão havia deixado. Mas, pelo tom
O rosto de Yasmin ficou pálido devido ao sarcasmo de Ademir. Pensando que Lorena era a atual namorada dele, ela disse, com intenção: — Ademir, eu sei que você me odeia. Não é porque, na época, eu não aceitei que você ficasse com a nossa Gabriela? Nesse momento, uma mulher elegante entrou na sala e falou: — Mãe, eu não te falei para deixar o papai resolver isso sozinho? Você não deveria ter vindo, não é adequado! — A mulher disse, e só então percebeu que havia mais alguém no quarto. — Ademir? Ela arregalou os olhos, claramente surpresa, como se não entendesse a situação. Lorena, que estava ao lado de Ademir, se sentia ainda mais confusa. Ela parecia ter começado a entender alguma coisa, mas também achava que tudo aquilo era coincidência demais, quase surreal. Foi Yasmin quem quebrou o silêncio: — Gabriela, olha só como ele muda rápido! O homem que, na época, implorava para eu te dar em casamento, agora está me xingando. Ele deve ter se esquecido de como te amava! Foi qua
Jorge e Yasmin também perceberam que, com Lorena nutrindo tanto ódio por eles e agora tendo Ademir ao seu lado, a ideia de fazer Lorena ceder e ir ao cartório registrar o testamento parecia impossível. Eles tiveram que sair, decidindo que precisariam voltar e pensar melhor em um plano.No entanto, quando Gabriela estava prestes a sair, olhou para trás, olhando Ademir com um olhar cheio de palavras não ditas. Ademir desviou o olhar, evitando encarar Gabriela, com medo de que Lorena pudesse interpretar errado.Quando todos saíram, o quarto voltou ao silêncio.Lorena estava com sentimentos mistos. Embora Ademir já tivesse deixado claro sua posição, era evidente pelas palavras de Yasmin que o relacionamento entre Ademir e Gabriela no passado havia sido profundo. — Alice, deve ser a filha deles, certo? Ao pensar nisso, uma sensação estranha de tristeza tomou conta do coração de Lorena.Ademir pareceu perceber algo, então falou calmamente: — Eu e Gabriela já passamos dessa fase. Fa
Hoje, no entanto, havia algo em sua mente.Quando Ademir chegou em casa e abriu a porta, ficou surpreso ao ver Gabriela lá. Ele não imaginava que, após sair do hospital, Gabriela teria vindo até sua casa. A babá se aproximou para explicar: — Sr. Ademir, a Srta. Gabriela disse que é sua amiga, então a deixei entrar. Neste momento, Gabriela estava brincando com Alice. Afinal, Gabriela havia trazido para a pequena menina lindas saias e vários doces, seus presentes eram sempre esses, então Alice adorava estar com ela. Ademir pareceu perceber o que Gabriela estava tentando fazer, e com um tom sério disse para Alice: — Alice, vai para o seu quarto. Alice ficou surpresa e um pouco assustada com o tom sério de seu pai. Ela rapidamente saltou do sofá e correu para o seu quarto. Em seguida, Ademir olhou fixamente para Gabriela e disse: — Srta. Gabriela, não acha que é um pouco imprudente ir à casa dos outros assim, sem mais nem menos? Gabriela olhou profundamente para Ademi