༺ Grayson Fonseca ༻
Acordei com uma dor de cabeça insuportável, a luz do sol filtrando-se pelas cortinas pesadas do quarto. O primeiro pensamento que me veio à mente foi a lembrança da mulher incrível com quem passei a noite. Ao virar-me para o lado, esperei encontrá-la, mas o lado da cama estava vazio. — Merda, aonde é que ela está? — murmurei, começando a ficar irritado. “ Será que ela está no banheiro?” pensei. Levantei-me e fui na direção do banheiro, mas ele estava vazio. Passei a mão pela barba, sentindo o crescimento indesejado. Não conseguia acreditar que a mulher que passou a noite comigo e nem sequer se despediu. — Realmente, ela era uma ordinária. — A frustração crescia dentro de mim. Preciso encontrá-la novamente. Essa infeliz despertou algo em mim que nenhuma mulher jamais fez. Enquanto puxava o lençol, uma mancha de sangue chamou minha atenção. Olhei para ela, perplexo. — Puta que pariu, a garota era virgem? — O choque me atingiu. Agora mais do que nunca, estava determinado a encontrá-la. Mas como? Nesta cidade grande, seria um desafio. Talvez voltar àquela boate fosse uma boa ideia, e quem sabe revisar as imagens das câmeras de segurança. Peguei uma toalha e segui para o banheiro, enquanto minha mente divagava sobre a noite anterior. Era como se tudo tivesse mudado. Fiquei pensando nos próximos passos a tomar. Logo, ficaria livre desse contrato de casamento que me prendia. Quase cinco anos de prisão a uma mulher que nunca conheci e nem queria. Ela era apenas uma pirralha rica que assumiria em breve a presidência da empresa, e então eu estaria livre. Livre para fazer o que quisesse, sem amarras, sem obrigações. A medida que a água quente do chuveiro caía sobre mim, pensei na possibilidade de explorar o que aquela noite significava. Era um impulso que eu nunca havia sentido antes. Essa mulher poderia ser a chave para uma nova fase na minha vida. Não deixaria ela escapar sem lutar. Saí do chuveiro com a mente ainda turva, mas com uma centelha de determinação queimando dentro de mim. A imagem dela, com aqueles olhos intensos e aquele sorriso provocador, não saía da minha cabeça. Quem diria que uma noite poderia mudar tudo? Enquanto me enxugava, revivia cada toque, sussurro que ecoou na escuridão do meu quarto. — Preciso encontrá-la, — declarei para o espelho, como se as paredes estivessem ouvindo. A certeza crescia em mim como uma tempestade prestes a estourar. Com um impulso, vesti-me rapidamente e saí do quarto. A boate era a primeira parada. Onde tudo começou. Enquanto dirigia, lembrei-me das poucas palavras que trocamos. Sua risada, como seu corpo se movia com a música. Aquela mulher não era apenas uma futilidade de uma noite; havia algo mais profundo, que me atraía de uma maneira que nunca sentido antes. O desejo se misturava com a adrenalina, criando um coquetel intoxicante que me deixava ansioso. Chegando à boate, estacionei e saí do carro com um objetivo claro em mente. Saí do bar, a mente fervilhando com a ideia de que talvez o dono da boate pudesse me ajudar. Se as câmeras de segurança registraram a noite, talvez pudesse descobrir quem era aquela mulher que tinha me deixado tão intrigado. O desejo de encontrá-la novamente pulsava em minhas veias enquanto me dirigia para o escritório do proprietário. Ao chegar, bati na porta e esperei. A porta se abriu, revelando um homem de aparência austera, com um olhar cético. — O que você quer? — ele perguntou, cruzando os braços sobre o peito. — Preciso falar com você sobre as câmeras de segurança da noite passada, — respondi, tentando manter a calma. — Tive uma experiência… bem, um encontro especial e gostaria de rever as imagens. O dono da boate franziu a testa, sua expressão se tornando mais séria. — Olha, amigo, não dá para fazer isso. Apenas com uma ordem judicial. — A frieza na sua voz era quase palpável. — Mas eu só quero saber quem estava lá! — protestei, frustrado. — Não faz sentido não poder ter acesso a isso. Ele balançou a cabeça, indiferente. — Sem ordem, sem imagens. O que acontece aqui dentro é confidencial. Você quer ver as gravações? Então, arrume um advogado e obtenha um mandado. A frustração subiu em meu peito como uma chama. Eu não estava preparado para esse tipo de obstáculo. A imagem dela dançando na boate, cheia de vida, ainda estava fresca na minha mente. Como poderia deixá-la escapar novamente? — É uma questão de urgência — insisti, quase implorando. — Essa mulher… ela é importante para mim. O dono me olhou de cima a baixo, um sorriso sarcástico começando a se formar nos lábios. — Se ela é tão importante assim, talvez devesse ter pensado nisso antes de deixar a cama sem se despedir. — O deboche dele só aumentou minha irritação. Calei-me por um momento, processando a frustração. O que eu faria agora? Ir embora sem respostas? A ideia de me dar por vencido não era uma opção. — Você não pode simplesmente me ignorar, — declarei, tentando controlar minha raiva. — Isso não é justo. — Justo ou não, é assim que as coisas funcionam aqui. Agora, se me der licença, tenho outras prioridades. Ele se virou, fechando a porta na minha cara, e deixei escapar um suspiro profundo, misto de raiva e desânimo. Fiquei parado por um instante, absorvendo a situação, sem saber para onde ir a seguir. Fiquei ali parado, perdido em pensamentos, até que a porta do escritório se abriu novamente. O dono da boate apareceu, com uma expressão de irritação no rosto. — Você continua aqui? — ele perguntou, cruzando os braços. — Preciso resolver algumas coisas antes de abrir a boate de novo. O que mais você quer? — É realmente importante — respondi, tentando soar convincente. Ele revirou os olhos, mas o olhar de desdém logo se transformou em curiosidade. — Você não vai desistir, vai? — Não. — Precisava ser direto. — Quero ver as gravações da segurança da noite passada. O homem soltou uma risada sarcástica. — Você está realmente desesperado, hein? Que tipo de mulher te deixou tão assim? — Uma que saiu sem se despedir — respondi, a frustração à flor da pele. Ele soltou uma gargalhada, como se achasse a situação hilária. — Ah, isso é sempre assim, não? O tipo que pisa em cima e depois some. — Eu só quero saber quem ela é. Ele me encarou por um momento, analisando meu rosto, e então pareceu ter uma ideia. — Ok, posso abrir as gravações, mas tem um preço. Quanto você está disposto a pagar? — Diga seu preço. — Estava pronto para fazer o que fosse necessário. Dinheiro não era problema. — Que tal 70 mil? — ele sugeriu, erguendo uma sobrancelha. Ergui a minha, surpreso. — Só isso? Ele deu uma risada, como se eu estivesse brincando. — Você acha que é pouco? Beleza, 100 mil. — ele disse com ganância nos olhos. — Fechado. — Ele estendeu a mão, e apertei a dele, fechando a negociação. Enquanto ele me conduzia até o local das câmeras de segurança, o coração acelerou. A sala estava escura, com uma tela grande e um computador. Ele começou a revirar os arquivos até que finalmente parou em uma gravação da noite anterior. A tela iluminou-se e a visão da boate tomou forma. Vi o lugar lotado, as luzes piscando, o som da música vibrando no ar. Quando a cena se desenrolou, vi-me na pista de dança, junto da mulher que tinha me encantado. Como ela se movia era hipnotizante. Concentrei-me nos detalhes dela: cabelos negros até o ombro, olhos verdes brilhando na escuridão da boate, pele parda e uma silhueta definida. Seus lábios carnudos e o nariz afinado formavam um rosto de um anjo. — Ela realmente é linda — murmurei, absorvendo tudo. A memória da noite anterior inundou minha mente. O toque dela, a maneira como ela havia me olhado, tudo ainda ardia em meu corpo. — Preciso encontrar essa mulher de novo — disse a mim mesmo. Mas a pergunta permanecia: como? O dono da boate observou-me com um olhar de curiosidade. — Então, o que vai fazer agora? O ignorei, completamente imerso em meus pensamentos. A imagem dela persistia em minha mente, e a ideia de deixá-la escapar novamente era insuportável. — O que você tem em mente? — o dono insistiu, com um sorriso malicioso. — Vou descobrir quem ela é — declarei, determinado. Era hora de agir.