- Sra. Teresa, os resultados do exame mostram que você tem uma parede uterina fina desde o nascimento, a imagem fetal não é estável. Tenha cuidado com sua dieta e exercícios diários. – Aconselhou o médico, enquanto prescrevia medicamentos. Ao entregar a receita a ela, ele acrescentou. – Aqui estão, vá pegar os remédios.
- Tudo bem, obrigada, doutor. – Disse Teresa. Ela pegou a receita, se levantando devagar.
- Você precisa prestar muita atenção, não leve isso na brincadeira! – Continuou o médico.
A parede uterina fina podia levar a abortos e muitas mulheres não conseguiam engravidar novamente.
- Obrigada, doutor, vou tomar todas as precauções necessárias. – Disse Teresa, com um sorriso, concordando com a cabeça.
Casada havia três anos, ninguém além dela ansiava mais pela chegada desse bebê. Ela estava determinada a proteger ele.
Após pegar os remédios, Teresa saiu do prédio da clínica e voltou para o carro.
- Senhora, Sr. Fabiano vai pegar o voo das três da tarde. Vamos diretamente para o aeroporto? – Perguntou o motorista, enquanto ligava o carro e olhava para ela pelo retrovisor.
- Sim, vamos. – Respondeu Teresa.
Pensando que em vinte minutos poderia vê-lo, um sorriso doce apareceu no rosto de Teresa, revelando sua impaciência interior.
Fabiano estava em uma viagem de negócios por quase um mês e ela sentia muito a falta dele.
No caminho, ela não pôde deixar de pegar o resultado do exame de gravidez em sua bolsa e olhar várias vezes, colocando de leve a mão sobre o ventre.
Ali, estava o bebê de Teresa e Fabiano. Em oito meses, ele nasceria.
Ela mal podia esperar para compartilhar essa boa notícia com Fabiano.
Ao chegar ao aeroporto, o motorista estacionou o carro em um local visível.
- Senhora, o que acha de ligar para Sr. Fabiano agora? – Perguntou o motorista.
Teresa olhou para o relógio, estimando que Fabiano já havia desembarcado. Ela fez uma ligação, mas o serviço estava indisponível.
- Parece que o avião está atrasado, vamos esperar um pouco. – Disse Teresa. Depois de algum tempo, Fabiano ainda não tinha aparecido, então Teresa fez outra ligação, mas novamente não conseguiu e falou para a motorista. – Vamos esperar mais um pouco.
Os atrasos de voos eram comuns, às vezes até mesmo uma ou duas horas a mais eram normais.
Duas horas depois.
Teresa ligou de novo para Fabiano, finalmente não ouvindo mais o som frio da indisponibilidade, alguém atendeu rapidamente.
- Fabiano, você desembarcou? – Perguntou Teresa.
Houve um momento de silêncio do outro lado, seguido por uma voz feminina.
- Desculpe, Fabiano foi ao banheiro, peço para que ele retorne a ligação em breve. – Avisou a mulher.
Teresa ainda não havia falado, quando ouviu o tom ocupado pelo celular.
Ela olhou para a tela do celular, ficando perplexa por um momento.
Ela se lembrava de que, nessa viagem de Fabiano, ele não tinha levado sua secretária.
Teresa ficou olhando para a tela apagada do celular, esperando o retorno de Fabiano.
Logo, dez minutos se passaram.
Fabiano não retornou à ligação.
Teresa esperou mais cinco minutos antes de se permitir discar de novo para Fabiano.
Após uma longa espera, quase no momento em que a ligação estava prestes a se encerrar automaticamente, a voz familiar e sedutora de Fabiano ecoou pelo celular.
- Alô, Teresa? – Perguntou Fabiano.
- Fabiano, onde você está? Eu e o motorista estamos no estacionamento da área D do terminal. Você pode vir diretamente pra cá. – Respondeu Teresa.
Houve uma pausa na voz do outro lado.
- Desculpe, esqueci de ligar o celular depois de desembarcar. Já saí do aeroporto. – Disse Fabiano.
O sorriso de Teresa desapareceu num instante.
- Então, devo voltar para casa e esperar por você? – Perguntou Teresa, mordendo os lábios, acrescentando. – Preciso conversar com você sobre algo.
- Ok, eu também tenho algo para te contar. – Concordou Fabiano.
- Deixe a governanta preparar o jantar com suas comidas favoritas... – Disse Teresa.
- Você coma sozinha, tenho algo para resolver e vou demorar para voltar. – Recusou Fabiano.
- Está bem. – Respondeu Teresa, com calma, mas se sentindo desanimada.
Justo quando ela estava prestes a desligar, a voz da mesma mulher que atendeu anteriormente a ligação de Fabiano ressoou:
- Fabiano, desculpe, esqueci de te dizer que Teresa ligou há pouco...
O coração de Teresa afundou, franzindo a testa. Ela estava prestes a perguntar quem era essa mulher, quando a ligação foi encerrada de repente.
Ela olhou para a tela do celular, apertando os lábios.
- Vamos para casa. – Disse Teresa, ao motorista.
O motorista deduziu algo com base nas palavras e deixou o aeroporto.
No jantar, Teresa não tinha muito apetite, mas por causa do bebê em seu ventre, ela conseguiu comer um pouco.
A televisão estava ligada na sala.
Abraçando uma almofada, ela se sentou no sofá, olhando com frequência para o relógio em seu pulso, sem realmente prestar atenção no que estava passando na televisão.
Já era dez da noite.
Teresa bocejou, inconscientemente adormeceu.
Em um estado meio adormecido, ela sentiu o corpo ficar leve, como se alguém estivesse levantando ela.
- Fabiano? – Murmurou Teresa, sonolenta, parecia perceber um cheiro familiar e um leve aroma de álcool.