𝔏𝔢𝔱í𝔠𝔦𝔞 𝔖𝔦𝔩𝔳𝔞.
Na manhã seguinte após Letícia dar as aulas ela seguiu até a casa de Matheus, e daquela vez ela não havia sido barrada na entrada. A mesma estacionou o seu carro no pátio e desceu do veículo, e antes que ela pudesse bater na porta a mesma se abriu e o homem que parecia o mordomo apareceu.
— Boa tarde.
— Boa tarde. — Ela sorriu. — O meu nome é Letícia, sou a professora do Matheus.
O homem acenou com a cabeça e permitiu que ela entrasse na casa, que para ela aquilo não era uma simples casa e sim uma mansão enorme, Letícia nunca tinha entrado em uma casa tão grande e rica.
— O pequeno está no quarto. — O homem falou, e ele parecia um robô.
— Ele está bem? — Letícia perguntou preocupada, enquanto ela e o mordomo subiam as escadas.
— Ele passou a noite com febre, mas agora ele está melhor.
Letícia sentiu seu coração se encolher no peito ao ouvir aquilo, quando chegaram no quarto do pequeno a jovem professora já foi falar com o seu aluno.
— Boa tarde querido, como você está? — falou e lhe deu um beijo na testa, ela viu que a pele dele ainda estava um pouco morna.
— Eu estou bem. — ele sorriu, mas Letícia havia percebido que o garotinho estava pálido demais, e os lábios dele ainda estavam sem cor, e o pequeno parecia tão frágil.
— Eu acho melhor você descansar hoje meu amor, amanhã nós fazemos as tarefas. — Letícia fala colocando os livros na mesinha que havia ali.
— Tia não vai não. — Letícia sente a mão pequena segurar o braço dela com força. — Por favor, fica aqui comigo, eu senti tanta falta da escola.
— Tudo bem querido eu fico, mas só por hoje nós não vamos estudar tá bom? Nós não podemos nos descuidar dos estudos. — O menino assentiu concordando. — O que você está assistindo?
Matheus mostra o Tablet pra ela, e nele passava um desenho animado da Disney, e assim os dois ficaram assistindo aos desenhos. E o pequeno garotinho falava sobre os personagens e a história, mas Letícia percebia o quão fraco ele parecia estar, será que o pai do garoto não percebia o estado que ele se encontrava?
E algo lhe dizia que aquele garotinho não estava nenhum pouco bem. Quando estava anoitecendo uma mulher com o rosto bem sorridente entrou no quarto, e deixou a bandeja com o jantar dele em cima da mesinha.
— Obrigada. — Letícia agradeceu a mulher.
— Coma tudo hein Matheus. — ela falou e saiu do quarto em seguida.
— Eu não estou com fome tia. — Ele falou baixinho.
— Mas meu amor, você precisa se alimentar, você precisa ficar bem forte, igual ao hulk. — pediu. — Você não quer voltar para a escola?
— Quero muito tia.
— Então para isso você tem que alimentar, você tem que ficar forte e saudável. — Letícia se levanta da cama e pega a bandeja, levando até a cama, e aos poucos ela foi ajudando o garotinho a comer, e foi assim que ele tomou toda a sopa que estava no prato. E aquilo acalmou o coração de Letícia.
Quando a moça estava colocando a bandeja vazia sobre a mesinha a porta do quarto foi aberta novamente, e dessa vez quem entrou foi Augusto. O homem marcante estava vestido todo de preto, olhou para ela mas não falou nada apenas a cumprimentou com um aceno de cabeça.
— E você meu pequeno, como está? — Ele perguntou ao filho.
— Eu estou bem papai. — o garotinho fala sorrindo. — A tia me ajudou a comer.
— Que bom, eu fico feliz filho.
— Papai, a tia não pode vir morar conosco? — ele perguntou como se fosse uma pergunta do dia a dia.
— Matheus! — Letícia falou mortificada, e se aquele homem pensasse que ela havia pedido para o menino para falar aquilo.
— Tia, você cuida tão bem de mim. — O garotinho falou manhoso e Letícia riu.
— Querido, eu não posso, eu tenho a minha casa, você lembra?
— Então eu vou ir morar com você, na sua casa. — Ele falou como se aquilo resolvesse o assunto.
Letícia sorriu e sentiu o seu coração se despedaçar pelo garotinho, Matheus era uma criança carente, e por isso ele tinha se apegado tão rápido nela, uma simples professora.
— Filho, a sua professora tem a casa dela e nós não vamos incomodá-la
— Mas papai......
— Matheus. — O homem falou sério.
O homem se levantou da cama e foi para perto de Letícia.
— Nós precisamos conversar. — falou sério.
— Papai eu não quero ficar longe da minha tia. — Matheus falou triste e com a voz chorosa.
— Matheus, esse assunto está encerrado — Augusto falou sério.
Quando o pai do garoto saiu do quarto, Letícia foi até a cama do menino e segura nas mãos dele.
— Ei meu amor, não fique triste, eu prometo que estarei aqui sempre que você precisar.
Matheus não falou nada, apenas se virou na cama e colocou o seu cobertor sobre a cabeça. Letícia soltou um suspiro bem desanimada e saiu do quarto. E antes mesmo de perguntar onde encontrar Augusto, o homem apareceu na sua frente.
— Venha comigo.
Augusto a leva até um cômodo da casa e parecia ser o quarto principal, e quando entraram, Letícia viu um escritório bastante amplo e decorado de forma bem diferente.
Nas paredes tinham quadros abstratos e escuros, o homem foi até a mesa no canto daquele cômodo e se sentou na cadeira e indicou para que Letícia se sentasse na cadeira que tinha a sua frente, Letícia obedeceu e então ele começou a falar.
— Bom, eu percebi que nesse pouco tempo em que o Matheus está indo para a escola ele se apegou muito a você. — Letícia assentiu.
— O meu filho, é uma criança adorável, e infelizmente após alguns acontecimentos recentes fez com interferissem no modo como ele age.
Letícia não falou nada, e apenas esperou pelo o que o homem tinha para falar.
— A mãe dele foi embora tem pouco, menos de um ano. — suspirou — E desde então ele não teve mais contato com ela, e isso afetou bastante o Matheus. Ele era uma criança bastante feliz, e apesar de estudar em casa ele sorria e brincava como uma criança normal, mas depois da partida de Lily ele se fechou no seu próprio mundo.
— Eu percebi que ele não interage muito com as outras crianças, ele prefere ficar na sala durante o recreio, e às vezes me ajuda com as tarefas, ele é um pouco tímido também.
— Eu levei o Matheus ao psicólogo, e ele me recomendou que eu colocasse ele na escola, foi por isso que ele entrou tão tarde, eu ainda estou assustado vendo o quão apegado ele está a você em tão pouco tempo.
— É por que nós nos entendemos, senhor Augusto, o Matheus é um ótimo aluno.
— Eu gostaria de ter fazer uma proposta, eu sei que você é professora, e o que eu irei te oferecer pode até parecer um cargo inferior ao seu, mas eu posso pagar mais, o quanto você quiser. — Letícia olhou confusa para o homem à sua frente. — Eu quero que você fique aqui cuidando do Matheus.
— Como? — perguntou confusa.
— O Matheus gosta de você, quando ele está com você ele muda o jeito de agir, ele nem mesmo come quando eu peço, e com você ele se alimenta, ele sorri. Quando ele está com você ele volta a ser aquela criança normal de antes, então você aceitaria trabalhar aqui cuidando do Matheus?
Letícia continua calada, pois não sabia o que responder.
— Você pode pensar. — O homem falou. — Por favor, pense bem, e lembre-se que eu posso pagar o quanto que você quiser, apenas pense e me fale a sua resposta.
[...]
𝓐𝓾𝓰𝓾𝓼𝓽𝓸 𝓒𝓪𝓶𝓹𝓸𝓼
Quando a jovem professora Letícia saiu do escritório, Augusto suspirou, ele teve aquela ideia de oferecer o emprego para a moça após ver que Matheus havia se alimentado, e parecia até bem mais disposto na presença dela.
A jovem professora fazia muito bem ao seu filho e precisava que ela ficasse com ele para que a recuperação dele fosse mais rápida, ele sabia que era bem difícil aceitar a proposta dele, afinal ela era uma professora com uma boa formação, e com um bom emprego.
Mas ele insistiria para que ela aceitasse, e dinheiro não era problema para ele, e ele seria capaz de fazer tudo para que o seu filho ficasse bem. Fechou os olhos e lembrou do rosto da professora quando ouviu a proposta a mesma abriu a boca em um perfeito "o".
Ele conseguia entender a razão pela a qual o seu filho estava tão fascinado pela professora, ela tinha a voz carinhosa, o tom de voz calmo, e bastante amável. Claro que além de ser uma mulher muito bonita, os cabelos loiros ondulados caiam como cascatas pelas suas costas, ele queria sentir a textura dos fios delas, para saber se eram tão macios quanto pareciam.
Saiu de seus pensamentos quando seu celular tocou, e ele atendeu sem nem mesmo ver quem era.
— Alô? — Falou distraído.
— Augusto, querido.
O mesmo se levantou da cadeira em um pulo, sentindo uma raiva subir por suas veias.
— Lily, aonde você está? — falou entredentes.
— Ah querido, você não vai me achar tão rápido assim. — a mulher deu uma risada sarcástica. — Eu só estou ligando para pedir um pouco mais de dinheiro.
— Lily, você recebeu mais de cem mil reais com o acordo de divórcio. Além de uma mesada que deposito todo mês.
— Querido, uma mulher tem necessidades, não é? E infelizmente o dinheiro acabou.
— Não estou nem aí, peça para o meu querido irmão.
— O Ricardo, também está sem dinheiro.
—Lily..... — Augusto falou tentando manter a calma.
— Olha lembre-se Augusto, ou você me manda o dinheiro, ou então eu irei levar o Matheus, você sabe que nenhum juiz separaria uma mãe do seu amado filho. — falou em uma voz fingida de choro. — Pense nisso.
Augusto sentiu a veia de sua testa latejando, e antes que pudesse responder, Lily desligou, Augusto jogou o telefone na parede para extravasar a raiva que sentia. Pois ela usava o filho para conseguir dinheiro, ela nem perguntava como o seu próprio filho estava, se ele sentia saudades dela? Ou se ele precisava de alguma coisa.
O mesmo ligou para David e pediu para o advogado que ele rastreasse aquela ligação para saber onde Lily estava, e tudo o que ele sentia por sua ex esposa era ódio, e isso vinha aumentando a cada dia que se passava.