𝔏𝔢𝔱í𝔠𝔦𝔞 𝔖𝔦𝔩𝔳𝔞.
Letícia entrou na sala que ela usava para dar aulas para crianças de até seis anos, ou como ela gostaria de chamar ele de seus pequenos.
As paredes da sala estavam cheias de desenhos dos seus alunos, tinha cadeiras e mesas espalhadas pela sala, tinha uma estante com livros e brinquedos também o que fazia a jovem professora sorrir.
A moça tinha se formado há pouco tempo, e assim conseguiu um emprego naquela escola de classe alta, após uma seleção bem rigorosa, mas apesar da pouca idade Letícia era muito competente.
A mesma colocou a sua bolsa sobre a mesa e então começou a arrumar a sala, ela limpou a lousa, arrumou os livros, e ligou o aparelho de dvd onde colocava filmes infantis até dar o horário de início das aulas.
Ela se ajeitou quando ouviu baterem na porta, ela olhou pelo local e viu um homem alto, com os cabelos negros, tinha a barba por fazer e com a expressão séria, o mesmo trajava um terno preto exalando poder, e logo atrás dele tinha um garotinho de cabelos negros também, e lisos,com olhos assustados e parecia bem tímido, afinal ele estava se escondendo atrás do pai.
Letícia franziu o cenho em ver os dois ali, pois o ano letivo já havia sido iniciado e Letícia nunca viu aquele homem ou até mesmo aquela criança, e mesmo assim ela foi até eles e sorriu.
— Bom dia. — o homem a olhou sério. — Esse aqui é o meu filho, Matheus, ele irá começar a escola hoje.
— Bom dia. — Letícia falou para o homem. — Olá, Matheus! — Sorriu para a criança e se abaixou para ficar na altura dele. — Tudo bem com você?
— Tô bem. — ele falou envergonhado.
— Hoje é o seu primeiro dia aqui querido? — perguntou mesmo que o pai dele já tivesse falado.
O garotinho balança a cabeça concordando e o pai continua.
— O Matheus estava sendo educado em casa, ele até tinha aulas adequadas para ele, mas devido a alguns problemas eu tive que antecipar a vinda dele para a escola.
Letícia assentiu para o homem.
— Está tudo bem meu amor, venha vamos entrar. — ela segurou na mão dele e ajudou ele a tirar a mochila e o seu casaco, eles penduram os itens em um dos ganchos que havia na parede que não havia nome, e logo em seguida ela o leva até uma das mesas e deixou ele pintando um desenho e voltou até onde o pai dele estava. — O meu nome é Letícia, e serei a professora do seu filho. — ofereceu a mão, porém o homem não a apertou fazendo apenas um gesto com a cabeça.
O pai a encarou sério, e não tinha nenhum rastro de simpatia no olhar dele.
— Tem alguma coisa sobre o Matheus que eu precise saber? Ele tem alguma condição especial? Ou alguma alergia?
Ela sempre perguntava aquilo pois cada criança tinha um cuidado diferente, e ela tinha um cuidado especial com os seus pequenos, pois ela cuidava como se eles fossem dela.
— Não, apenas que.... — o homem soltou um suspiro pesado, e pela primeira vez ele havia perdido a sua pose de homem sério. — Recentemente eu e a mãe dele nos separamos, e desde que isso aconteceu,o Matheus ficou um pouco introvertido, e até um pouco rebelde, às vezes ele não quer se alimentar ou até interagir com outras pessoas, ele é um muito tímido e fechado no seu próprio mundo.
Letícia observou o homem com bastante atenção, o mesmo tinha a aparência séria, mas seus olhos tinham uma aparência bem triste e até mesmo cansados, e a jovem professora assentiu.
— Bom não se preocupe, o Matheus ficará bem aqui comigo e com as outras crianças. — Ele deu um sorriso e assentiu.
O homem olha para o seu filho e sai, e nem sequer se despediu, Letícia soltou um suspiro e foi até o menino.
— Matheus, você gosta de barcos? — perguntou enquanto observava o menino pintando um desenho de barco.
— O meu pai tem vários barcos, mas eu nunca andei em um. — falou sem tirar os olhos do desenho. — A minha mãe prometeu me levar para andar, mas agora ela foi embora e me deixou, então eu nunca mais vou andar de barco.
—Querido..... — Letícia começou a falar, mas foi interrompida pela chegada das outras crianças, ela colocou todos nos seus lugares e falou com os pais delas e logo a aula foi iniciada.
E durante o dia Letícia percebeu que as outras crianças não se aproximavam de Matheus, e ele era um menino bastante retraído então ela decidiu que iria trabalhar aquilo com todos, pois ela não queria que o aluno novo se sinta deslocado ali.
Ela também observou que o menino não havia comido o lanche que ele levou, e ao invés de sair ele ficou na sala pintando desenhos. Já ao final do dia, as crianças foram indo embora uma por uma, sobrando somente o Matheus ali com ela.
Letícia olhou para o relógio no pulso esquerdo e viu que já se passavam das quatro, e a aula terminava às duas e meia, e o pai do garoto estava bem atrasado.
Será que ele havia esquecido do filho?
Aquilo seria inadmissível, sentiu uma raiva subir pelo seu corpo, mas se conteve.
— Querido, você sabe onde fica a sua casa? — perguntou enquanto observava a criança desenhando.
Ele balança a cabeça em sinal de negação.
— Está tudo bem, vamos na secretaria para descobrir o seu endereço.
Letícia ajudou o garoto a pegar as suas coisas, e juntos eles foram até a secretaria, lá explicou a situação para a mulher que cuidava das informações dos alunos, e logo anotou o endereço e o telefone do pai de Matheus,ligou várias vezes mas ninguém atendeu.
A mesma sempre se considerou uma pessoa calma, mas diante daquela situação ela estava revoltada, com o pai daquele garotinho, e para piorar logo no primeiro dia de aula.
— Bom querido, eu irei te levar até a sua casa tudo bem?
O menino assentiu e logo os dois de mãos dadas entraram no carro de Letícia, a mesma tinha um fusquinha rosa, mas muito bem conservado, Letícia lavava ele todo fim de semana, e sempre levava ele para fazer revisões constantes.
Eles entraram no carro e Letícia colocou o endereço no GPS do celular, e então seguiram em direção a casa de Matheus. Letícia percebeu que eles estavam em um bairro de classe alta,ela parou em frente a uma casa imensa, uma mansão enorme, com muros altos, a grama bem aparadas e lindos jardins.
Letícia buzinou e um homem vestido de terno veio até a janela do motorista e ela abaixou a janela.
— Oi, o meu nome é Letícia,eu sou a professora do Matheus, vim deixar ele em casa.
O homem olha para ela e para o menino,e então libera a entrada e dirige até aquela casa enorme.
— Prontinho querido, você está em casa.
Ela dá um sorriso e o menino a encara sério.
— Obrigada tia, e me desculpa. — Ele se virou para sair, mas Letícia o deteve, e pegou no bracinho dele com delicadeza.
— Não se desculpe meu amor, não foi trabalho algum. — Falou e deu um beijo na bochecha dele. — Agora vai lá que vou esperar você entrar
O menino obedeceu e correu até a porta, que logo é aberta por um homem alto com cabelos grisalhos que parecia um mordomo, ele sorri para o garoto e deixa ele entrar, o homem olha para o carro e Letícia sai sem esperar o homem falar.
𝔏𝔢𝔱í𝔠𝔦𝔞 𝔖𝔦𝔩𝔳𝔞. Segui para casa ainda pensando no que havia acontecido, gostava muito das crianças e por isso optei pela área da educação infantil, eu acreditava que sendo professora poderia fazer a diferença na vida das crianças. Após alguns minutos estacionei o carro na frente da minha casa, era uma casa simples em um bairro subúrbio daquela cidade, mas era um bairro calmo e bastante familiar, pois sempre via as crianças brincando na rua e até mesmo passeando com seus cachorros. Desço do meu carro e logo fui cumprimentada por Rebecca, que foi a minha mãe de leite, e ela era a única mãe que tive, já que não conheci minha mãe biológica, pois a mesma acabou falecendo no parto. — Boa tarde, minha filha, você chegou tarde hoje. — ela falou me olhando. — Boa tarde mãe. — beijo sua cabeça em sinal de respeito. — Eu tive que deixar um aluno em casa, o pai esqueceu de buscar ele — Meu deus, mas que tipo de pai é esse? Letícia deu de ombros e juntas entraram na casa, Letícia
𝔏𝔢𝔱í𝔠𝔦𝔞 𝔖𝔦𝔩𝔳𝔞. Letícia como em todos os seus dias chegou cedo ao trabalho, a mesma estacionou seu carro na parte privativa dos professores e desceu do mesmo, Letícia estava tão concentrada pensando nas atividades que ela daria naquela semana que nem percebeu a aproximação de duas pessoas, ela parou quando viu dois sapatos, um era pequeno e o outro grande. Ela olhou para cima e viu Matheus e seu pai olhando para ela, o pequeno garotinho tinha um pequeno buquê de girassois em suas mãos e ele sorria tímido.— Bom dia — Augusto falou com a sua voz rouca e parecia bem mais intimidadora naquele silêncio da manhã. — Bom dia — Letícia respondeu séria. — Oi Matheus,como você está? O pequeno não falou nada,apenas estendeu o pequeno buquê de flores para ela. — É pra mim? — O menino assentiu tímido. — Muito obrigado querido. — Letícia falou e beijou a bochecha dele. — Eu amo girassol. — Eu queria me desculpar por ontem. — Augusto falou sem esperar, e Letícia assentiu. — Não tem
𝔏𝔢𝔱í𝔠𝔦𝔞 𝔖𝔦𝔩𝔳𝔞. Na manhã seguinte após o término das aulas Letícia e Matheus partiram para a casa da jovem professora, e assim como o combinado o menino parecia bastante maravilhado com tudo à sua volta, ainda mais quando entrou na casa da professora. — Tia a sua casa é bem bonita — Matheus falou impressionado. Letícia deu um sorriso com o comentário do garotinho. — Obrigada meu amor, venha vamos até a cozinha, você está com fome? O pequeno balançou a cabeça negando, mas Letícia decidiu que iria preparar alguns biscoitos para os dois, Matheus se sentou na mesa, enquanto Letícia preparava os biscoitos, era uma receita da sua mãe, e ela pode ver que o menino estava pensativo. — A minha mãe não sabia cozinhar. — Ele falou naturalmente, era como se ele falasse sobre o clima do lado de fora. E Letícia sentiu o seu coração se apertar ao ouvir ele falando da mãe, e por que ele dizia aquilo naturalmente e com a voz bem triste e era de partir o coração de qualquer um. — Ontem
𝔏𝔢𝔱í𝔠𝔦𝔞 𝔖𝔦𝔩𝔳𝔞. Na manhã seguinte após Letícia dar as aulas ela seguiu até a casa de Matheus, e daquela vez ela não havia sido barrada na entrada. A mesma estacionou o seu carro no pátio e desceu do veículo, e antes que ela pudesse bater na porta a mesma se abriu e o homem que parecia o mordomo apareceu. — Boa tarde. — Boa tarde. — Ela sorriu. — O meu nome é Letícia, sou a professora do Matheus. O homem acenou com a cabeça e permitiu que ela entrasse na casa, que para ela aquilo não era uma simples casa e sim uma mansão enorme, Letícia nunca tinha entrado em uma casa tão grande e rica. — O pequeno está no quarto. — O homem falou, e ele parecia um robô. — Ele está bem? — Letícia perguntou preocupada, enquanto ela e o mordomo subiam as escadas. — Ele passou a noite com febre, mas agora ele está melhor. Letícia sentiu seu coração se encolher no peito ao ouvir aquilo, quando chegaram no quarto do pequeno a jovem professora já foi falar com o seu aluno. — Boa t
𝔏𝔢𝔱í𝔠𝔦𝔞 𝔖𝔦𝔩𝔳𝔞. Letícia cordou com o seu celular tocando,tateou a mesa da cabeceira e pegou seu celular e atendeu sem nem mesmo olhar para ver quem era. — Alô? — Alô. — a mesma despertou assim que escutou a voz rouca e profunda de Augusto, pai do seu pequeno aluno. E o homem parecia estar bem aflito e apressado com alguma coisa. — Aconteceu alguma coisa com o Matheus? — perguntou desesperada. — Nós estamos no hospital, o Matheus passou mal durante a madrugada. — Eu estou indo até aí. — falou se levantando rápido da cama. Letícia desligou o celular e se levantou correndo, tomou um banho rápido e se vestiu. Em seguida foi para o hospital que Augusto havia mandado por mensagem, estacionou o carro em uma das vagas ali e seguiu para dentro do hospital. Foi até a recepção para buscar informações, e a mulher indica o quarto em que o garotinho estava, e em poucos minutos ela entrou no cômodo em que o pai e filho estavam. — Tia. — O garotinho falou, mas ele