Liam Smith
Caminhei de um lado para o outro, inquieto durante alguns dias. Ficar de braços cruzados e não fazer nada a respeito daquela puta me deixava com os nervos à flor da pele.
Fiquei sabendo que Nathaly chegou a procurar um repórter da região perguntando quanto ele pagaria por uma fofoca sobre os Smith e quase enlouqueci de vez.
Eu poderia muito bem ter dado ordens para que acabassem com ela logo e jogassem o corpo em uma valeta qualquer, mas ao invés disso me mantive paciente.
Estava em meu escritório quando recebi a ligação de um dos homens que trabalham com o meu irmão.
_ Que ? Emma está bem? _ Respirei fundo esperando pelo pior, mas o homem do outro lado da linha me tranquilizou e explicou a situação. _ Ok, obrigado pela informação.
Talvez karma realmente exista. Por pura ironia do destino Nathaly rolou escadas abaixo e perdeu o pequeno bastardo.
Sei que é crueldade chamar a criança dessa forma, mas é isso que ele seria, um pequeno e pobre bastardo.
Jamais deixaria meu irmão nas garras daquela mulher, e sem remorso nenhum faria com que Nathaly se juntasse aos mortos para ver Emma e Oliver com um final feliz.
_ Sou quase um cupido. _ Murmurei ao encher minha taça com mais vinho. _ Agora, preciso dar cabo dessa puta.
Eu sei quais são as intenções daquela mulher, eu sei muito bem. Ao longo da minha vida conheci muitas pessoas ruins, incluindo mulheres.
Pode-se dizer que eu tenho um sério trauma de mulheres, pois meu primeiro amor apunhalou meu peito com mentiras, apunhalou minha vida com caos. Tive que fazer justiça com as minhas próprias mãos, e vi a vida esvaindo de seus lindos olhos lentamente.
Confesso que não me orgulho disso, pois é dolorido olhar para trás e ver o que eu tive que fazer para sobreviver. Mas infelizmente não posso viver uma vida me depreciando, agora o que me resta é ser o mais esperto de todos, e não me deixar levar por nada e nem ninguém.
No momento o que me resta é deixar alguns dias passarem e ter paciencia, por mais que eu queira entrar naquela fazenda e arrebentar a cara daquela mulher.
Oliver pensa que eu não me importo com ele, que eu sou frio o suficiente para não gostar do meu próprio irmão, mas jamais vou esquecer todas as coisas que ele fez por mim. Da forma que cuidou de mim quando perdemos nossos pais, da forma como me tirou de um caminho que se eu continuasse seguindo seria sem volta.
Sou grato ao meu irmão por tudo, absolutamente tudo.
Quando meu pai era vivo sempre dizia que seria bom algum Smith tomar conta das empresas fora da fazenda, e tomei essa tarefa para mim quando ele se foi. Não é que eu não goste do lugar onde nasci, mas as cargas de lembranças são dolorosas e mexem comigo de uma forma diferente, fico ainda mais agitado do que já sou.
Fico feliz por Oliver ter cem por cento de certeza que aquele lugar é a sua casa, e que é lá onde ele quer ficar.
Às vezes eu até sinto vontade de voltar, mas prefiro ficar em meio a esses animais da cidade grande, que tem sede de poder. Gosto de brincar vendo-os competindo pela minha atenção, e por menos mimado que eu seja, é bom ver pessoas se fazendo de tapete para meus sapatos caros passarem.
Agora, me resta apenas esperar.
Quando meus pés pisarem novamente naquele solo, aquela mulher vai se arrepender amargamente do dia em que cruzou o caminho dos Smith, e farei com que ela chore lágrimas de sangue por ter atentado contra minha família!