Dominic Castellano.
Os soluços abafados do garoto preenchiam o cômodo, cortando o silêncio como navalhas invisíveis. Por um breve instante, uma lembrança distante tentou emergir, eu, naquela mesma idade, vulnerável, sem entender por que havia sido descartado. Mas expulsei o pensamento no mesmo segundo.
Fraqueza não tinha lugar aqui. Porque não sou mais aquele garoto.
Fechei a porta atrás de mim e sorri ao ouvir o choro contido da criança. O som doce da vulnerabilidade.
— Olá, família Kim. — Minha voz saiu tranquila, mas carregada de malícia.
As palavras deslizaram na minha língua materna, o coreano. Caminhei devagar, absorvendo cada segundo da tensão que impregnava o ar. Peguei uma cadeira encostada no canto e a arrastei pelo chão. O metal raspando no piso fez o menino soluçar ainda mais.
— Shhh. — Murmurei, como se acalmasse um bebê. — Ainda não há motivo para chorar.
Sentei-me, cruzando as pernas, o sorriso brincando nos lábios. O terror refletido em seus rostos era quase palpável.