Patrícia levantou a cabeça lentamente, lágrimas em seus olhos. Ela reuniu todas as suas forças para conter as lágrimas, sua voz trêmula:
- Mas eu não aguento mais.
As palavras de consolo de Roberto se prenderam em sua garganta; diante de seus olhos marejados, ele sentiu um aperto no peito.
Após um momento, ele perguntou:
- Patrícia, não há mais ninguém neste mundo por quem você se importa?
Ela hesitou por um momento e respondeu lentamente:
- Apenas o meu pai.
- Então, viva bem também por causa do seu pai.
Patrícia sorriu amargamente:
- Obrigada, Roberto. Sinto que estou me sentindo muito melhor agora. Não vou mais incomodá-lo.
Roberto percebeu que o anel de casamento que ela sempre usava não estava mais em seu dedo. Abriu a boca para falar, mas acabou não dizendo nada.
- Para onde vai? Eu te levo.
- Não precisa, já chamei um carro e está a caminho.
Ela recusou de forma direta, e Roberto teve que concordar, mas estava um pouco preocupado. Vendo a expressão triste de Patrícia e lembrando de suas palavras anteriores, temeu que ela pudesse estar contemplando algo extremo. Ele discretamente seguiu o carro de Patrícia.
O carro parou à beira do rio, e Patrícia estava sozinha, olhando para a água. Mesmo que a chuva tivesse cessado, a temperatura estava baixa. Roberto inicialmente pensou em se aproximar e conversar com ela, mas então um carro preto executivo estacionou ao lado dela.
A porta se abriu, revelando o homem elegante que sempre figurava nas listas das revistas financeiras, iluminado pela luz da rua.
Roberto ficou chocado. Será que aquele homem era o marido de Patrícia?
O vento do rio soprava em seus cabelos, acrescentando um toque melancólico à sua já debilitada aparência. Teófilo instintivamente levantou a mão para afastar uma mecha de cabelo de seu rosto, mas logo reprimiu o impulso:
- Algum problema?
Patrícia o encarava com um olhar frio e intenso, como se estivesse tentando reconhecer o rosto dele.
- A falência da família Bastos tem alguma relação contigo? - Perguntou ela diretamente.
E ele respondeu de maneira ainda mais direta:
- Sim.
Ela fez sua segunda pergunta:
- Aquela criança... É seu filho?
Ela continuava com um olhar fixo nos olhos dela. Justamente quando ela estava começando a achar que tinha suspeitado errado, Teófilo não teve nenhum intenção de negar e respondeu calmamente:
- Sim.
Patrícia deu dois passos à frente e deu um tapa em seu rosto.
- Teófilo, você é desprezível!
Ele segurou facilmente seu pulso e acariciou as lágrimas em seu rosto:
- Está doendo?
- Seu canalha! Por que fez isso comigo? O que a família Bastos fez de errado para você?
As pupilas frias sob os longos cílios de Teófilo permaneceram impiedosas. Sua voz carregava um frio glacial:
- Patrícia, se quiser saber a resposta, talvez possa perguntar a seu querido pai o que ele fez.
Ela perguntou com a voz embargada:
- Teófilo, você já me amou de verdade?
Aqueles olhos negros eram pura indiferença, e ele respondeu lentamente:
- Não, desde o início, você foi apenas um peão em minhas mãos.
Lágrimas escorreram dos olhos de Patrícia, caindo sobre a mão dele. O vento frio rapidamente dissipou o calor.
- Você me odeia, é isso?
- Sim, é a dívida que a família Bastos tem comigo. Patrícia, você é filha do João, e eu quero que você viva todos os dias em sofrimento, expiando pelos pecados que cometeram contra minha irmãzinha!
- Mas sua irmã desapareceu há muito tempo. O que isso tem a ver com a família Bastos?
Ele olhou para Patrícia com desprezo, como se fosse um juiz divino vindo de cima.
- Patrícia, enquanto você estava desfrutando do amor de todos, minha irmã estava passando por torturas inumanas. Descubra por si mesma. Eu não vou te contar a verdade. Quero que viva com medo para sempre, experimentando o mesmo sofrimento que minha irmã viveu! - Teófilo virou-se friamente, entrou em seu carro e proferiu apenas uma frase. - Amanhã, às nove, estarei esperando por você no cartório,
Patrícia correu atrás do carro, batendo desesperadamente na porta:
- Explique isso direito! O que aconteceu com sua irmã?
O carro acelerou e partiu rapidamente, deixando Patrícia caída no chão, sem apoio.