Antonella Bellini
Quando o carro parou em frente a casa dele, eu ainda estava espumando de ódio no banco do carona. Ele não tinha encerrado a discussão.
- Eu acordei e você parecia tão cansado. Entã me levantei, tomei um banho e deixei um bilhete em cima do meu travesseiro, antes de sair. Não estava chovendo e o dia estava perfeito pra uma caminhada no quarteirão. - Começo a gesticular.- Queria tomar um café. Qual é o crime? Não é como se eu tivesse arrombado o palácio e roubado as joias da coroa ou qualquer coisa assim.
Vejo seus olhos revirar, e esse simples gesto me deixa irada.
- Meu amor, você tem ideia de como foi acordar e não te encontrar? Nenhum recado, nenhum bilhete, nada!
Não aguento mais, parece que estamos andando em circulos, parece que ele não está me ouvindo. Encosto a cabeça no banco e olho para o teto, pedindo a Deus que me dê paciência e sabedoria para lidar com esse homem.
- Meu Deus do céu! Qual a parte que eu deixei um bilhete você não entendeu? Coloquei em cima