POV LIANNA
A madrugada no hospital tinha um peso físico, uma qualidade tátil que se infiltrava pelos poros. O silêncio não era apenas a ausência de som; era uma entidade viva, pesada e gelada, que se enrolava em mim como um cobertor úmido.
Eu me encolhia no sofá áspero da sala, o casaco dobrado sob minha cabeça cheirando a limpeza estéril e a uma vaga lembrança de meu próprio perfume, abafado pelo cansaço. O relógio digital piscava 02:07, números vermelhos e cruéis que testemunhavam minha vigília forçada. Não era sono, era um desmaio consentido do corpo, uma fuga temporária de um sistema que já havia ultrapassado seu limite.
Depois da discussão com Zayden, depois da voz estridente das crianças ao telefone, depois do cheiro de antisséptico e desespero das rondas, meu organismo simplesmente desligou.
A porta estava fechada, a luz, apagada. Apenas um filete pálido e fantasmagórico da luz do corredor vazava por baixo da porta, pintando uma faixa de claridade doentia no chão. Eu esta