POV Lianna
O café esfriava no console do carro enquanto eu revisava o relatório pós-operatório. Tentei focar nas palavras técnicas, nas porcentagens, nas notas frias que me lembravam que meu trabalho ainda era o único lugar em que tudo fazia sentido.
Mas o toque do celular quebrou o silêncio.
“A Doutora Viúva: quem é a mulher que fugiu da vida e do marido morto? Retorno triunfal de Lianna Aslan: heroína ou oportunista?"
Por um segundo, senti o sangue subir ao rosto. As mãos tremeram, mas não deixei a caneta cair. Respirei fundo, contei até três, como aprendi na terapia, e desliguei a tela. Não era hora de quebrar.
Abri a porta e saí do carro. O ar da manhã era frio, cortante. Entrei no hospital com a postura que aprendi a usar quando o mundo tenta me empurrar: reta, firme, quase arrogante.
Os corredores estavam diferentes. Olhares. Sussurros. O som abafado dos passos que evitam contato visual. A guerra silenciosa tinha começado.
— Doutora Aslan. — Um residente me alcançou, tímido. — H