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Senhor Ex-Marido, quer que eu te salve? Se ajoelhe!
Senhor Ex-Marido, quer que eu te salve? Se ajoelhe!
Por: Maerley Oliveira
Capítulo 1 – "Parabéns, senhora. Você está grávida."

POV Lianna Aslan

Passei três anos dando tudo de mim para conquistar o coração de Zayden, mas o que chegou antes do amor dele, foi um acidente de carro.

Um segundo antes, eu ainda acreditava que poderia salvar o resto daquela noite. O jantar de aniversário do nosso terceiro ano de casamento, que ele esqueceu, a mesa posta com carinho, o vinho esperando no balde de gelo. As velas queimavam sozinhas sobre a mesa enquanto o relógio avançava, implacável.

Eu liguei. Mais de uma vez.

Nenhuma resposta.

A cada chamada ignorada, o nó no meu peito apertava mais. A cabeça girava com todas as possibilidades: o trabalho, uma reunião, ou…

O silêncio dele gritava mais alto que qualquer resposta. E, movida por um desespero que eu mesma não reconhecia, peguei as chaves e saí.

Minhas mãos tremiam no volante, o coração batia descompassado. As mensagens não entregavam, o telefone seguia mudo. “Por favor, só me atende”, sussurrei, a voz presa entre soluços e o barulho da chuva fina que começava a cair.

E então, um farol atravessou meu campo de visão. Um clarão. Um som metálico rasgando o ar. 

O mundo virou de cabeça pra baixo antes que eu pudesse reagir. O vidro explodiu, o corpo foi lançado contra o volante, e o gosto amargo de ferro inundou minha boca.

O impacto me jogou para frente, o ar escapou dos pulmões num gemido fraco. 

Tudo rodava. Luzes piscavam. 

O som distante de sirenes veio depois, como um eco do fim. Eu tentei manter os olhos abertos, mas o peso do corpo venceu.

 E antes que a escuridão me engolisse, a última imagem que vi foi o reflexo quebrado de mim mesma no vidro, uma mulher tentando consertar o que já estava em ruínas. 

— Senhora! — uma voz distante ecoou, abafada pelo som do sangue latejando. — Consegue me ouvir?

Sim. Consegui. Mas a única pergunta que atravessou minha mente foi: onde ele está?

***

O cheiro de antisséptico me acordou. As paredes brancas, o bip do monitor cardíaco, o peso da gaze presa à minha perna. 

Estava em... um hospital.

Meu corpo inteiro latejava, mas a dor mais profunda não vinha do machucado, era do vazio ao lado da cama. Nenhum buquê, nenhum bilhete, nenhum rosto conhecido.

Pisquei devagar, tentando entender quanto tempo havia passado. Na cabeceira, uma enfermeira sorria com profissionalismo treinado.

— Bem-vinda de volta, senhora Aslan. O acidente não foi grave. Um corte superficial e um leve trauma na perna, mas você vai se recuperar rápido.

Assenti, com a voz embargada.

— Alguém… veio me ver?

Ela hesitou.

— Já avisamos o seu marido. Ele atendeu, mas… ainda não chegou.

O nome ficou preso na garganta. Zayden. Ele sabia. E mesmo assim, ele não veio. 

Horas se passaram, e o relógio da parede marcava quase meia-noite. O silêncio do quarto era opressor, quebrado apenas pelo som monótono das máquinas. 

Peguei o celular na mesinha, a tela fria refletindo meu rosto pálido. Nenhuma ligação, nenhuma mensagem.

O coração apertou, uma pontada de desespero tentando atravessar o orgulho. Digitei seu número. Esperei o primeiro toque. O segundo. O terceiro. A caixa postal.

Desliguei antes de ouvir a voz dele.

A enfermeira voltou, segurando uma prancheta.

— Senhora Aslan, o obstetra pediu para conversar com você.

— Obstetra? — repeti, confusa. — Por quê?

Ela apenas sorriu, como se carregasse um segredo gentil.

— Porque o exame de rotina que fizemos deu positivo.

— Positivo…?

— Parabéns, senhora. Você está grávida.

O chão se abriu. Por alguns segundos, o mundo inteiro girou mais uma vez.

Grávida.

A palavra pesou no ar, densa, absurda. Um bebê. Ou melhor, dois, porque o médico logo explicou que eram gêmeos... dois coraçõezinhos batendo dentro de mim enquanto o homem que os colocou ali estava… em algum lugar, menos ao meu lado.

***

Na manhã seguinte, recebi alta. 

O sol atravessava as janelas do hospital, e o ar parecia mais leve do que eu merecia. 

Caminhei mancando até a recepção com uma muleta improvisada e a pasta de exames apertada contra o peito.

Peguei o celular. Respirei fundo. Liguei para ele de novo.

Chamou uma vez. Duas. Três.

Até que ouvi.

O som do toque. Atrás de mim.

Meu corpo inteiro congelou. O coração disparou, como se quisesse avisar: não se vire.

Mas eu me virei.

E lá estava ele.

Zayden. O homem que eu esperei a noite inteira, o homem que prometeu cuidar de mim em “todos os dias bons e ruins”. O homem que devia estar ali por mim.

Mas ele não estava sozinho. Estava com Camille. Minha meia-irmã. Aquela que cresceu à sombra do ciúme, sempre olhando para tudo o que eu tinha  e agora tinha o que restava de mim. Ela estava nos braços dele.

Zayden inclinava-se sobre ela, a mão firme em sua cintura, os lábios colados aos dela num beijo lento, íntimo. Um beijo que eu conhecia bem demais.

O celular quase escorregou da minha mão. O som do toque ainda ecoava, cruel, repetindo a cena como uma trilha sonora macabra da minha humilhação.

Camille riu contra os lábios dele, um som leve, doce, ensaiado. O tipo de riso que eu costumava dar quando ainda acreditava que Zayden era meu porto seguro.

Ao ver aquela cena íntima, senti uma fraqueza em todo o meu corpo e desabei no chão. 

Os ferimentos causados pelo acidente doíam intensamente. Parecia que cada ferida estava sendo aberta, rasgando minha pele. Mas apesar de toda dor, nenhuma delas se compara à que eu sentia no coração, ao ver o meu marido com outra. Com minha irmã.

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