Parte 5
Ele parecia mesmo querer afastá-la e isso foi chato para ela.
_ Bom, eu também não planejei cair na sua cama, mas aconteceu. Já você parece querer esquecer.
_ Como se isso fosse possível - murmurou _ Juliana, me entenda, isso é grave. Eu não tenho nada a ver com você.
_ Tá, entendi... Só que você fala parecendo um crime.
_ Depende do ponto de vista - brincou _ Você é uma garota linda, fofa e delicada. É inteligente, tem grana e tem futuro. Eu sou um grosseirão, um cara da roça que adora morar no campo e trabalhar com animais.
_ E daí? eu também gosto disso.
_ Seus irmãos vão tirar meu coro se descobrirem o que aconteceu. Especialmente o Joel.
_ Eu não ligo para o que eles pensam. A vida é minha.
_ Não seja tão inocente, Juliana - riu _ Claro que o que eles pensam é importante para você. E qualquer cara ficaria feliz e seria sortudo se casasse com você.
_ E quem falou em casar? - ela bateu na testa.
Ele falou. Um medo louco de cair nessa de novo o fez abrir a boca. Depois de tudo o que aconteceu em seu casamento e com sua ex-mulher, ele não queria de forma alguma cair no velho truque de se apaixonar.
Não mesmo.
Marta tinha feito um inferno em sua vida e até o colocou em problemas bem sérios. Seria um tonto se entrasse de novo nesse caminho.
O pior não foi só descobrir as traições de Marta. Pior mesmo foi ficar feliz como um idiota por saber que ela estava grávida e logo depois ela revelar que o filho nem era dele.
_ Seja como for, quando seus irmãos descobrirem eles vão me colocar pra correr... Se não me matarem antes.
_ Não seja dramático. Só porque nós dormimos juntos, meus irmãos não vão fazer isso.
_ É que, não foi bem dormir... Teve mais coisas aí...
_ Ahh... Eu sei - apertou os lábios.
_ Calma - ergueu a mão _ Eu só estou dizendo que eles têm direito de achar errado. Eu entendo. E se ninguém te viu entrar aqui comigo, menos mal.
Ela não tinha intimidade com Vitor, apesar de terem passado a noite juntos, mas foi algo inesperado. Sabia que os irmãos eram protetores e até um pouco chatos às vezes quando se tratava de homens perto dela, mas eles não iriam m****r Vitor embora só por causa disso.
Ou talvez o fizessem? Ficou em dúvida.
_ Por isso mesmo eu tenho que sair logo daqui. Assim ninguém vai me ver e não vão saber.
_ Mas eu sei, Juliana - voltou a sentar _ E isso vai pesar em minha cabeça. Logo eles vão descobrir e acredite, a fofoca vai rolar pela cidade toda.
_ Não exagere.
Ela olhou em volta procurando um relógio para saber as horas. Não poderia ser tarde, ainda nem ouvia o barulho normal da fazenda quando começavam os trabalhos.
_ O que procura?
_ Saber as horas? - abriu os braços.
_ Espera.
Ele levantou e ela não deixou de olhar sua bunda. Pernas grossas, costas largas.
“Meu Deus.”
_ Aqui - entregou um relógio de pulso _ Eu larguei no chão perto da porta quando entramos.
_ E por que?
_ Porque você pulou em cima de mim e eu bati o braço na parede. Aí tirei o relógio junto com a roupa na empolgação.
Ela ficou rosada de vergonha. Não lembrava disso.
_ Jesus... - falou alto _ Não pode ser... Quase dez e meia? Todo mundo já está de pé. Preciso sair logo.
A essa hora com certeza alguém a veria. Teria que ter cuidado para atravessar toda a área da ala de empregados para chegar do outro lado.
E pior.
Estava usando a mesma roupa da noite passada e com certeza seus sobrinhos estavam em algum lugar da fazenda. Pelo menos Briana já estava por ali como ela sempre fazia todas as manhãs em seu jardim.
_ E acha que vai fazer o que? Sair correndo?
_ Isso mesmo. Ninguém pode me ver sair daqui.
_ Sabe que isso é quase impossível, né? - era meio óbvio que não daria certo.
_ Quase, você diz. Se eu correr, talvez consiga sim.
Só que ela não poderia correr por aí sem roupa. Viu o vestido jogado aos pés de uma cadeira.
_ Vira pra lá, Vitor. Quero me vestir.
_ Eu já te vi nua.
_ Não me importa, vire-se.
Ficou mais vermelha ainda ao ver a calcinha bem à vista, no tapete. Ele olhou e fez uma cara de riso. Ela já ia brigar com ele para se virar quando ouviram passos.
Ela travou e arregalou os olhos. Ele ajeitou as costas.
_ E agora... - ela murmurou e ele levantou o dedo.
Vitor começou a se mexer devagar quando uma forte batida na porta o travou de volta no lugar.
Eles se olharam e ele viu que ela ficou com medo.
Colocou o dedo na boca sinalizando para que ficasse quieta e sem falar nada. Outra e outra batida. Esperaram e foi pior.
Mais uma batida forte e a porta se abriu. Mais que depressa Vitor deu um pulo da cama mesmo com a cabeça doendo e catou a calça vestindo-a depressa enquanto Jessé ia entrando.
Juliana engoliu pesado e sentiu o peito apertar, segurando o lençol na frente do corpo, estática. Agora a sorte estava lançada, só Deus sabia o que poderia acontecer.
Entre tantas pessoas a entrar no quarto tinha que ser justo um de seus irmãos? Realmente ela estava sem sorte.