Continua Capítulo Um

Parte 4

E se alguém tivesse visto os dois saindo juntos do salão e entrando em sua cabana, com certeza a fofoca iria correr solta pela cidade.

Andaluz era um ótimo lugar para se viver, com alguns moradores bem excêntricos, mas ainda assim era um lugar pequeno e o povo fala. E como falava.

Ficou desapontado com seu passo em falso e olhando para ela, percebia que também pensava o mesmo. Estava preocupada.

_ Eu sei que deveria ter parado quando começamos a nos beijar aqui na cama - ele falou devagar _ Mas aí ficou difícil de resisitir à você.

Ela o olhou meio de lado.

_ Você é diferente das outras mulheres com quem eu estou acostumado a ficar, Juliana - sorriu de leve _ Tem um jeitinho muito fofo... Quando não está aborrecida, é claro - ele viu um sorriso se formar na boca bonita _ Tem um modo gostoso de se chegar e isso me tirou o pouco juízo que ainda tinha.

_ Eu... Eu me lembro... Um pouco - ela mexeu no cabelo _ Lembro do beijo.

_ E lembra também de quando tirei sua roupa e a trouxe para o meio da cama?

Ela ficou vermelha.

_ Lembra dos beijos que trocamos... Por completo? - insinuou e ela corou mais _ Eu lembro de quase tudo. Está vindo aos poucos, mas sei que foi uma noite como nenhuma outra.

Ela apertou as mãos. Recordava disso.

_ Eu sinto ainda como você foi carinhosa, mesmo um pouco relutante quando eu montei em você e a penetrei e sentiu dor.

Ela começou a chorar baixinho.

_ Merda... Me desculpe linda, não queria te deixar assim - sentiu um nó na garganta.

_ Eu estou bem... Mais ou menos... Não quero chorar, mas não consigo segurar.

Ela sentiu o peso de ter cometido um erro também.

A culpa não era só dele. Ela tinha dado sua virgindade a um homem que nem mesmo era um namorado após uma noite de farra. Com tantos homens que davam em cima dela foi escolher justo ele para se deitar e ter sua primeira experiência.

Ele era bonito, inteligente e interessante, mas era só o Vítor, um empregado da fazenda e que seus irmãos iriam morrer de ódio quando descobrissem sua loucura.

Até poderia culpar só ele e sair com um pequeno prejuízo dessa confusão, mas isso seria muito errado e ela não seria capaz disso. Poderia culpar a bebida também, só que seria apenas uma desculpa esfarrapada, afinal não estava desacordada e sabia que estava com ele. E aproveitou muito bem cada minuto.

Fechou os olhos novamente revisando tudo o que acontecera.

Os dois abraçados se beijando, os corpos nus e colados, as mãos correndo ousadas por sua pele. Puxou o ar. Ela tinha mesmo aproveitado tudo muito bem.

Lembrou que ele foi muito carinhoso com ela, que a abraçou ao perceber que ainda era virgem e que foi calmo e gentil depois.

E em nenhum momento ela pediu para ele parar. Ao contrário, pediu que a amasse mais e que fizesse ela sentir o que era um orgasmo real.

E agora? Como levaria isso adiante? Eles trabalhavam juntos algumas horas do dia, quando ele não estava com os animais. Desde o começo eles foram meio estranhos um com o outro, embora seus irmãos dissessem que ela era cismada demais com tudo.

Vítor mexeu no cabelo, pensando no que fariam para não causar uma confusão. Ajeitou um trevesseiro na cabeceira da cama e se encostou, cruzando os braços sobre o peito.

Juliana tentou não olhar, mas não conseguiu. Recordou da noite anterior quando foi abraçada por aqueles braços fortes e deitou a cabeça em seu peito.

“Ai, Senhor.”

_ Se você não notou ainda, nós estamos em uma roubada complicada - ele disse esticando as pernas.

_ Uma roubada? - ela franziu a testa _ Então é assim que você chama o que aconteceu entre a gente?

Ela ficou chateada pelo modo dele encarar o que tinham vivido, mesmo sabendo que se referia mais ao que poderia acontecer se seus irmãos soubessem. Ainda assim isso a irritou muito.

_ Não se preocupe. Vou sair de seu quarto e não vai ter roubada nenhuma.

Ele não queria que se aborrecesse, mas a verdade era essa, estavam em um grande problema.

_ Foi só um jeito de falar, Juliana. Claro que é um problema, tem que admitir isso.

_ Eu sei disso - falou alto.

De certa forma sabia que ela precisava sair de seu quarto, mas ao mesmo tempo não queria que se fosse. Só de olhar para ela já tinha vontade de começar tudo de novo.

_ Eu vou dar o fora logo e aí vai ficar tudo bem - ela torceu a boca fazendo bico _ Como se não tivesse acontecido.

_ Sério? - ele deu um risinho _ E você acha mesmo que é assim tão fácil. Pronto!

_ E por que não seria? - meneou a cabeça.

Ele a olhou de uma forma que ela sentiu o corpo esquentar de novo. Prendeu bem o lençol na frente do corpo.

_ Se fosse um dia normal eu nem chegaria perto de você - balançou os pés _ Trabalhamos juntos, você é irmã dos donos da fazenda - abriu as mãos _ E dona também, claro. Isso já me afastaria normalmente.

_ Por que você é só um empregado?

_ Por isso também - assentiu _ E também porque agora vai ser muito difícil que eu te veja do mesmo modo.

Ela apertou os olhos, analisando o que ele queria dizer com aquilo.

_ Se eu estivesse de boa e não atolado em bebida, jamais tocaria em um fio de cabelo seu. Não pertenço ao seu círculo social.

Realmente ele nunca iria dar em cima dela se estivesse em seu juízo normal. Juliana pertencia a outro nível e ele era só mais um empregado da propriedade que poderia ser descartado a qualquer momento sem preocupação.

Já ela era a princesinha da família.

Seria difícil trabalhar lado a lado agora depois de ter passado uma noite incrível e divertida em sua companhia.

Juliana abaixou a cabeça pensando no que ele disse sobre ser fora de seu nível. Sempre achou isso uma bobagem, mas sabia que isso era algo a se levar em conta. Não tinham grandes conversas, sempre o achou um machista, apesar de não se ofender com seu comportamento e ele nunca lhe faltou com respeito.

Só nunca imaginou que ele se sentisse inferior a ela por causa de dinheiro. Não sabia muito sobre a vida dele e também nunca procurou mesmo saber. Se os irmãos o deixaram ficar então sabiam o que estavam fazendo.

Sabia que ele pelo jeito não tinha família, porque nunca apareceu ninguém atrás dele na fazenda. Só quem aparecia eram as mulheres com quem ele ficava e às vezes outras que ele garantia não conhecer.

Nunca o ouviu atender um telefonema de parente ou de alguém mais próximo. De certa forma era até um pouco triste que fosse sozinho.

Sempre que havia algo na fazenda os irmãos o convidavam e ele até aparecia em algumas festas, mas geralmente era um dos primeiros a ir embora. Dava a entender que gostava mais de ficar sozinho.

_ Isso de círculo social é uma bobagem.

_ Não é não - colocou as mãos atrás da cabeça _ Sei que sou inferior e tudo bem.

_ Não acho isso.

_ E além disso, você é a caçula da família. Muito mais nova do que eu. Esqueceu?

_ Eu sei disso - fez uma careta _ Só que você está achando um monte de desculpas para dizer que se arrependeu de ter ficado comigo - se aborreceu.

_ Não me arrependi de ficar com você... Sou muito mais velho, não deveria ter te colocado nessa situação.

* Autora Ninha Cardoso.

Está gostando do enredo?

Deixe seu comentário para que eu saiba sua opinião. Me ajuda muito a entender meus leitores. Obrigada!

Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >

Capítulos relacionados

Último capítulo