Júlia estava sentada na sua mesa, com os olhos fixos na tela do computador, mas sua mente estava em outro lugar, em qualquer outro lugar.
Seus dedos batucavam contra o teclado, hesitantes, aquele não era seu habitate natural, nunca foi.
O cursor piscava no documento aberto à sua frente.
Ela estava fazendo algo que jamais pensou que faria voluntariamente.
Estava trabalhando.
A ironia da situação quase a fez rir. Ela sempre soube como se esquivar, delegar, manipular. Sempre foi boa em manter-se confortável, sem esforço.
Mas agora, ali estava ela, tentando, de fato, fazer seu trabalho. E odiando cada segundo.
Porque não era só o tédio que a incomodava.
Era a sensação de que tudo estava errado, de que ela não sabia o que estava fazendo.
Francisco tinha virado o jogo contra ela.
Bruno não estava tão acessível como de costume.
E, pela primeira vez em muito tempo, ela não tinha um plano. Isso a deixava irritada. Isso a deixava… angustiada.
Ela olhou ao redor. O setor de Marketing estava agita