Com um sopro de amor, a humanidade fora criada. Gerada à imagem e semelhança do onipotente. Esta ganhou com carinho um paraíso onde poderia viver e ser feliz. Sua única função era reverenciar seu criador e amar o seu próximo. Contudo, algo brotou no cerne destas criaturas. Sentimentos estranhos e deturpados que não poderiam ser coibidos, afinal, fora lhes dado também o livre arbítrio. Algo que não condizia com a virtude brotou dentro do âmago de alguns indivíduos, levando-os a enveredar-se para um lado obscuro, gerando o pecado que como um vírus, alastrou-se rapidamente. A doença fora incutida na humanidade e a cura só se daria através do desejo de livrar-se daquela chaga. Teriam as pessoas verdadeiro desejo de regeneração ou a febre das vicissitudes as venceria? Conheça a pequena cidade de Roania e seus moradores que vivem os grandes dilemas de viver entre a virtude e o pecado. Após a libertação de demônios exilado há séculos naquele lugar, terão sua moral posta à prova e viverão as causas e consequências de suas escolhas.
Ler maisIntensamente, a chuva caía, acompanhada de raios, trovões e uma forte rajada de vento. O céu transformara- se em crepúsculo. A batalha entre o bem e o mal era violenta. De um lado estava o Padre Rudi e seus seis ajudantes, do outro estavam as belas irmãs Maiityh e Merônia, dois demônios que andavam pela terra e no intuito de corromper as almas das pessoas.
Foram infinitas tentativas de exterminá-las sem sucesso, a luta era intensa. Finalmente após a peleja incansável, elas estavam encurraladas no alto da montanha Cirana, considerada como sagrada e pura pelos moradores de Roania. Com muita dificuldade, Rudi conseguiu atrair aqueles seres para o tal lugar. Acreditava- se que os poderes de Maiityh e Merônia, tornavam- se reduzidos ali. Mesmo assim, não era fácil subjugá-las. Sempre tinham muitas cartas nas mangas, uma delas era a sedução. Por isso, nem todos os padres queriam enfrentá-las, somente aqueles que tinham plena convicção de suas escolhas, de sua fé.
Elas eram dotadas de magnífica beleza, curvas concupiscentes e linguagem igualmente sensual. Seus olhos eram hipnotizadores, seduziam tanto homens quanto mulheres. A despeito de serem irmãs, eram rivais na arte da conquista. Disputavam todo o tempo, o número de almas que colecionavam. Provavelmente esse era o ponto fraco delas.
Munidos de muita água benta, crucifixos, um livro sagrado e a Urna Imaculada de Almas, os homens iniciaram seu processo de intervenção dos demônios. Eles tinham o intento de enfraquecê- los e prendê- los na urna. Somente assim, poderiam livrar os seres humanos da astúcia e maldade de Maiityh e Merônia.
A tarefa foi árdua, levando quatro dos auxiliares de padre Rudi a sucumbirem. Tendo suas almas arrastadas às profundezas do inferno de gelo e fogo onde era a morada oficial das mulheres demoníacas. Lugar onde perambulavam muitas almas que outrora tinham sido subornadas pelo mal.
Padre Rudi era poderoso, dominou com tamanha destreza aqueles demônios. Selou suas pervertidas almas com correntes poderosas feitas de um estranho material transparente e luminoso. Nenhum dos outros presentes compreendia a procedência de tal objeto.
Com os membros atados, as criaturas debatiam- se de forma histérica, no intuito de libertarem- se. Esforço exercido em vão, quanto mais lutavam mais fracas ficavam. Depois de muito contorcerem- se foram finalmente submetidas à derrota.
Entorpecidas no chão, Maiityh e Merônia tiveram suas almas conduzidas diretamente para dentro da sacra urna, onde ficaram seladas. O receptáculo fora enviado para o pequeno templo de orações em Roania, onde permanece há mais de trezentos e cinquenta anos e é protegido com extremo cuidado pelos atuais detentores do objeto.
Ciro caminhava por entre aquela linda estrada de pedras. Árvores, flores e rios adornavam aquela bela paisagem. Pequenos e grandes animais corriam livres e em harmonia por todos os lados. Aquele aroma suave e confortante adentrava em seus pulmões e preenchia todo seu ser. Era uma sensação magnífica estar ali. Havia algumas pessoas e anjos ali, em plena consonância. Perfeição era a palavra que vinha à sua mente para descrever o que seus olhos assistiam. Sentiu que poderia ficar ali para sempre em meio a tanta plenitude. Continuou sua caminhada, aproximou-se de um belo lago, onde observou muitas crianças brincando satisfeitas. Fitou por alguns instantes aquela cena, sentiu até vontade de misturar-se ao grupo. Subitamente, sentiu uma mão apoiar-se ao seu ombro. Era Morian, seu amigo e guardião. — Olá, Ciro. Como se sente? — Não há pala
— Liberte esse jovem! — Morian fora contundente com o demônio.— Não. Ele quis assim. Ninguém poderá mudar isso! — A criatura retrucava sem medo. Sua coragem era maior que a de sua irmã, pois não queria abandonar Rodolfo.— Me deixe em paz, Maiityh... — Rodolfo estava tão atordoado que não queria mais aquele ser junto a si. — Vá embora, eu te liberto de nosso acordo.— Não é tão simples assim, meu querido. Não irei sair de perto de você, nunca mais. Entenda isso.— Argh... me deixe-o rapaz debatia-se freneticamente.Ambos observavam perplexos aquela cena. Morian aproximou-se do jovem e postou firmemente suas mãos sobre a cabeça dele te
— Ei, olhe para mim! — Rodolfo acariciava o rosto de Kátia que esquivava-se a todo tempo. — Olhe para mim...— Me deixe em paz, Rodolfo. — Ela respondia com sua voz alquebrada.— Já disse para olhar para mim! — Rodolfo apoiou o queixo dela em sua mão direita e o ergueu de forma enérgica.Kátia, tomada de ira, mordeu a mão dele. Revoltado com a atitude da moça, ele reagiu dando-lhe um tapa em seu rosto com certa violência. A moça desabou ao chão no mesmo instante. Chorava abundantemente.— Perdoe-me, querida. Eu não queria fazer isso, mas você me obrigou. — Ele olhava para ela como se não houvesse agido de forma incoerente para com a garota.— Eu odeio você, Rodo
Ciro e o sacerdote ao lado do casal Romualdo e Rose estavam quase no topo da montanha. Os três homens pararam um pouco antes de aproximarem-se do cume e esconderam-se. Rose prosseguiu o restante do caminho sozinha. Ela estava visivelmente temerosa.A professora parou e esquadrinhou toda a sua volta, olhou ainda fixamente para toda a cidade. Respirou profundamente e enviou fortes vibrações para Maiityh e Merônia.— Venham, demônios! Preciso de vocês! — Com um tom de voz firme, ela iniciou sua evocação. — Maiityh! Merônia! — Porém nada aconteceu.Rose calou-se por alguns instantes e tentou aumentar sua concentração. Os outros olhavam apoquentados. O sacerdote temia que estivessem começando a perder um tempo precioso de forma errada.
Akemi, com o auxílio de Kátia, terminava de preparar o café da manhã de ambos. Pilar também participaria do desjejum. Ela fora convidada por seu Alcebíades e prontamente aceitara ao convite.O pai de Kátia e Akemi gostava muito da garota e estava muito feliz pelo auxílio da mesma para sua filha. Pilar ficava o máximo de tempo possível ao lado da amiga. Em agradecimento, o senhor Alcebíades decidiu por prepararem um super café da manhã naquele dia em homenagem a Pilar.Muitas iguarias estavam dispostas naquela mesa, além do café tradicional havia também achocolatado e suco de frutas. Pães, bolos, biscoitos, queijos e geleia. Frutas frescas e doce de goiaba. Parecia dia de comemorações, estavam muito felizes.Não demorou mu
Padre Roberto e Ciro estavam no templo confabulando sobre o dia que seria definitivo para eles. Não iam mais esperar para agir, já haviam perdido tempo demais. Rose e Romualdo também estavam presentes, afinal a professora seria peça importante no plano deles.Enquanto conversavam, os pais de Rodolfo adentraram ao santuário. Tinham cada qual, um semblante entristecido e preocupado.Ciro já tinha alertado ao sacerdote sobre o ocorrido em relação a Rodolfo na sorveteria, no dia anterior.A aproximação do casal fez com que eles interrompessem o colóquio. Ao notar a feição de ambos, o pároco já imaginava o porquê deles estarem ali.— Bom dia, reverendo. Perdoe-nos estarmos aqui tão cedo, mas precisamos muito de sua ajud
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