7

— Muito. — Eu rebati, saindo antes que pudesse dizer qualquer coisa. Eu caí para trás e Adrian sentou-se ao meu lado.

— Bem, nada. — Adrian xingou e eu os meus pensamentos espelhavam os dele. Ele era como o irmão que nunca tive. Ele sabia tudo sobre mim e como tudo isso me levou até a borda. Ele não era como todas as pessoas gays extravagantes que você via na TV. Ele era um cara normal, que gostava de fazer coisas normais, mas que preferiu seu próprio sexo.

— Você quer sair e esquecer um pouco as coisas? — Adrian perguntou gentilmente.

— Não, está tudo bem. Nós vamos para baixo, eu me sinto mal por deixar o chá assim.

— Mamãe não vai se importar, Jenny. Eu vou apenas dizer-lhe que tinha um telefonema estressante e teve que relaxar.

Dei-lhe um sorriso. — Está tudo bem. Vamos descer.

Descemos em silêncio absoluto. Marie ainda estava na sala de jantar, falando com Pierre. Eles olharam para cima quando entramos. Marie sorriu e o olhar no rosto de Pierre me disse que eu não gostaria do chá.

— Quem é Shelly? — Marie pediu e meu coração parou por um segundo.

Antes que eu pudesse responder, porém, Adrian falou.

— Shelly é a sua gerente pelo tempo em que ela está aqui. Nós lhe dissemos para não nos chamar a menos que seja realmente importante. Houve algum problema com os fornecedores, de modo que ela entrou em pânico.

— Isso não soa como um bom gerente para mim. — Comentou Pierre. Dei-lhe um olhar e ele apenas deu de ombros. — Já que o seu café lhe é tão querido, digo. — Ele completou com um sorriso cínico.

Eu fiquei boquiaberta, de tal forma que o meu maxilar estava quase no chão. Espreitei um olhar para Adrian, que estava ocupado falando Marie. Ignorei Pierre e tentei prestar atenção no delicioso cheesecake de limão na minha frente. Eu tirei uma mordida, saboreando o gosto e sentindo a maneira como ele explodiu em minhas papilas gustativas. Senti a perna de Pierre contra a minha e o meu olhar agarrou-se ao dele.

Ele estava olhando para seu telefone com indiferença, mas eu vi o sorriso no seu rosto.

— Pierre! — Eu assobiei e seu olhar divertido encontrou o meu.

— Sim, Srta. Kingsley? — Ele sorriu. Ele sabia muito bem o que estava fazendo e jogando. Eu balancei a cabeça, sabendo que provavelmente seria um a tola se eu dissesse qualquer coisa. Não seria, afinal, uma coisa muito improvável, porque sempre que eu estava ao seu redor, parecia que eu não conseguia encontrar palavras.

— Como está o bolo, querida? — Marie perguntou. — Será que está de acordo com os seus padrões?

Eu ri desconfortavelmente.

— Uh... Está ótimo! Muito melhor do que o bolo do meu café. Talvez eu tenha de roubar a receita de você.

Marie corou e riu.

— Oh, quão doce você é.

Um rubor subiu até meu rosto, mas rapidamente eu o escondi. Adrian virou-se para mim com um sorriso e eu levantei minhas sobrancelhas para ele. Ele se inclinou e sussurrou.

— Eu acho que meu irmão tem tesão por você.

Eu olhei para ele, sem palavras.

— Adrian! — Eu sussurrei de volta, ciente do rubor subindo pelo meu pescoço. — Eu sou sua namorada, lembra?

Ele riu e eu olhei para ele. Ele beijou meu rosto e falou alto o suficiente para os vizinhos nos ouvirem.

— É claro que faremos sexo, querida.

Meu queixo caiu no chão. Olhei para ele em descrença absoluta. E esse cara era para ser meu melhor amigo. Depois olhei feio para ele antes de desculpar-me e sair. Fui até meu quarto, completamente irritada e envergonhada.

— Jenny, eu sinto muito. — Adrian correu atrás de mim. Eu o ignorei e continuei a subir as escadas. Entrei no meu quarto e quando eu estava prestes a fechar a porta, ele ficou na frente dela. — Jenny...

— Que porra, Adrian! — Eu explodi assim que a porta se fechou atrás dele. — Você me fez soar como a porra de uma adolescente com tesão.

— Eu sinto muito Jenny, eu... — Ele gemeu em frustração. — Mamãe me perguntou se estávamos realmente namorando ou éramos como os ligar e desligar dos casais de hoje em dia. E eu me apavorei.

— Isso não é desculpa. — Eu rebati. — Você não pode me trazer aqui e me tratar assim.

— Eu sei. — Disse ele, com desculpa clara em sua voz. — E eu sinto muito. Deixe-me fazer uma coisa boa para você.

Eu levantei minhas sobrancelhas. Eu não estava entendendo isso, ou estava?

— Como?

— Nós podemos ir a passeios turísticos amanhã, o que acha? — Adrian ofereceu. — Você sempre quis ver Roma.

Eu sempre quis ver Roma realmente, sentir a autenticidade da cidade. E ele sabia disso e estava jogando com essa vantagem. Mordi o lábio, querendo não ceder tão rápido. Adrian sorriu um pequeno sorriso de desculpas. Ele sabia que eu iria sucumbir. E foi isso que eu fiz.

— Ok. — Eu disse. — Mas você não está perdoado.

Adrian sorriu, já sentindo a vitória.

— Claro. Vou pedir e implorar pelo seu perdão.

Rolei os olhos. — Você é um tolo.

Ele sorriu. — Então, o que você diz, um dia inteiro para paquerar gatos italianos por aí?

Eu ri. Claro. Adrian tinha que ter um motivo por trás disso. Rapazes italianos. Mas ele parecia tenso.

— Por que você está agindo assim? — Fiz uma breve pausa. — É por que você está perto do seu irmão?

Ele fez uma careta, ele sabia aonde isso ia. — Sim. Pierre me perguntou sobre minha preferência sexual uma vez. Eu não tinha certeza naquela época, então eu dei de ombros. Ele nunca tocou no assunto depois disso.

— E ele não ficaria bem com isso?

— Sim, eu acho. — Respondeu — Pierre não é assim. Ele entenderia, mas agora não é o momento certo para dizer a ele.

— Por quê? — Eu fiz uma careta. — Se ele não se incomodaria, então por que você está escondendo isso dele?

— É complicado, Jenny. Eu vou lhe dizer mais tarde.

— Adrian... — Eu parei, sabendo que o havia perturbado. — Sinto muito. Eu só estou preocupado com o que vai acontecer quando você resolver sair.

— Essa preocupação é minha, Jenny. Deixe assim.

Eu balancei a cabeça, antes envolvendo-o em um abraço. Ele era meu melhor amigo e eu queria que ele fosse feliz. Ele merecia isso. Mas eu sabia que ele só tinha cavado o buraco mais profundo, fazendo-me sua namorada. Quanto mais eu pensava nisso, mais eu percebi que eu deveria ter dito não. Mas agora era tarde demais.

Adrian hesitou antes de abraçar-me de volta, mas logo o calor familiar me cercou.

Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >

Capítulos relacionados

Último capítulo