— Muito. — Eu rebati, saindo antes que pudesse dizer qualquer coisa. Eu caí para trás e Adrian sentou-se ao meu lado.
— Bem, nada. — Adrian xingou e eu os meus pensamentos espelhavam os dele. Ele era como o irmão que nunca tive. Ele sabia tudo sobre mim e como tudo isso me levou até a borda. Ele não era como todas as pessoas gays extravagantes que você via na TV. Ele era um cara normal, que gostava de fazer coisas normais, mas que preferiu seu próprio sexo.— Você quer sair e esquecer um pouco as coisas? — Adrian perguntou gentilmente.— Não, está tudo bem. Nós vamos para baixo, eu me sinto mal por deixar o chá assim.— Mamãe não vai se importar, Jenny. Eu vou apenas dizer-lhe que tinha um telefonema estressante e teve que relaxar.Dei-lhe um sorriso. — Está tudo bem. Vamos descer.Descemos em silêncio absoluto. Marie ainda estava na sala de jantar, falando com Pierre. Eles olharam para cima quando entramos. Marie sorriu e o olhar no rosto de Pierre me disse que eu não gostaria do chá.— Quem é Shelly? — Marie pediu e meu coração parou por um segundo.Antes que eu pudesse responder, porém, Adrian falou.— Shelly é a sua gerente pelo tempo em que ela está aqui. Nós lhe dissemos para não nos chamar a menos que seja realmente importante. Houve algum problema com os fornecedores, de modo que ela entrou em pânico.— Isso não soa como um bom gerente para mim. — Comentou Pierre. Dei-lhe um olhar e ele apenas deu de ombros. — Já que o seu café lhe é tão querido, digo. — Ele completou com um sorriso cínico.Eu fiquei boquiaberta, de tal forma que o meu maxilar estava quase no chão. Espreitei um olhar para Adrian, que estava ocupado falando Marie. Ignorei Pierre e tentei prestar atenção no delicioso cheesecake de limão na minha frente. Eu tirei uma mordida, saboreando o gosto e sentindo a maneira como ele explodiu em minhas papilas gustativas. Senti a perna de Pierre contra a minha e o meu olhar agarrou-se ao dele.Ele estava olhando para seu telefone com indiferença, mas eu vi o sorriso no seu rosto.— Pierre! — Eu assobiei e seu olhar divertido encontrou o meu.— Sim, Srta. Kingsley? — Ele sorriu. Ele sabia muito bem o que estava fazendo e jogando. Eu balancei a cabeça, sabendo que provavelmente seria um a tola se eu dissesse qualquer coisa. Não seria, afinal, uma coisa muito improvável, porque sempre que eu estava ao seu redor, parecia que eu não conseguia encontrar palavras.— Como está o bolo, querida? — Marie perguntou. — Será que está de acordo com os seus padrões?Eu ri desconfortavelmente.— Uh... Está ótimo! Muito melhor do que o bolo do meu café. Talvez eu tenha de roubar a receita de você.Marie corou e riu.— Oh, quão doce você é.Um rubor subiu até meu rosto, mas rapidamente eu o escondi. Adrian virou-se para mim com um sorriso e eu levantei minhas sobrancelhas para ele. Ele se inclinou e sussurrou.— Eu acho que meu irmão tem tesão por você.Eu olhei para ele, sem palavras.— Adrian! — Eu sussurrei de volta, ciente do rubor subindo pelo meu pescoço. — Eu sou sua namorada, lembra?Ele riu e eu olhei para ele. Ele beijou meu rosto e falou alto o suficiente para os vizinhos nos ouvirem.— É claro que faremos sexo, querida.Meu queixo caiu no chão. Olhei para ele em descrença absoluta. E esse cara era para ser meu melhor amigo. Depois olhei feio para ele antes de desculpar-me e sair. Fui até meu quarto, completamente irritada e envergonhada.— Jenny, eu sinto muito. — Adrian correu atrás de mim. Eu o ignorei e continuei a subir as escadas. Entrei no meu quarto e quando eu estava prestes a fechar a porta, ele ficou na frente dela. — Jenny...— Que porra, Adrian! — Eu explodi assim que a porta se fechou atrás dele. — Você me fez soar como a porra de uma adolescente com tesão.— Eu sinto muito Jenny, eu... — Ele gemeu em frustração. — Mamãe me perguntou se estávamos realmente namorando ou éramos como os ligar e desligar dos casais de hoje em dia. E eu me apavorei.— Isso não é desculpa. — Eu rebati. — Você não pode me trazer aqui e me tratar assim.— Eu sei. — Disse ele, com desculpa clara em sua voz. — E eu sinto muito. Deixe-me fazer uma coisa boa para você.Eu levantei minhas sobrancelhas. Eu não estava entendendo isso, ou estava?— Como?— Nós podemos ir a passeios turísticos amanhã, o que acha? — Adrian ofereceu. — Você sempre quis ver Roma.Eu sempre quis ver Roma realmente, sentir a autenticidade da cidade. E ele sabia disso e estava jogando com essa vantagem. Mordi o lábio, querendo não ceder tão rápido. Adrian sorriu um pequeno sorriso de desculpas. Ele sabia que eu iria sucumbir. E foi isso que eu fiz.— Ok. — Eu disse. — Mas você não está perdoado.Adrian sorriu, já sentindo a vitória.— Claro. Vou pedir e implorar pelo seu perdão.Rolei os olhos. — Você é um tolo.Ele sorriu. — Então, o que você diz, um dia inteiro para paquerar gatos italianos por aí?Eu ri. Claro. Adrian tinha que ter um motivo por trás disso. Rapazes italianos. Mas ele parecia tenso.— Por que você está agindo assim? — Fiz uma breve pausa. — É por que você está perto do seu irmão?Ele fez uma careta, ele sabia aonde isso ia. — Sim. Pierre me perguntou sobre minha preferência sexual uma vez. Eu não tinha certeza naquela época, então eu dei de ombros. Ele nunca tocou no assunto depois disso.— E ele não ficaria bem com isso?— Sim, eu acho. — Respondeu — Pierre não é assim. Ele entenderia, mas agora não é o momento certo para dizer a ele.— Por quê? — Eu fiz uma careta. — Se ele não se incomodaria, então por que você está escondendo isso dele?— É complicado, Jenny. Eu vou lhe dizer mais tarde.— Adrian... — Eu parei, sabendo que o havia perturbado. — Sinto muito. Eu só estou preocupado com o que vai acontecer quando você resolver sair.— Essa preocupação é minha, Jenny. Deixe assim.Eu balancei a cabeça, antes envolvendo-o em um abraço. Ele era meu melhor amigo e eu queria que ele fosse feliz. Ele merecia isso. Mas eu sabia que ele só tinha cavado o buraco mais profundo, fazendo-me sua namorada. Quanto mais eu pensava nisso, mais eu percebi que eu deveria ter dito não. Mas agora era tarde demais.Adrian hesitou antes de abraçar-me de volta, mas logo o calor familiar me cercou.— Você sabe que este é um tema sensível, Jenny. Deixa assim, por favor.Relutantemente, eu assenti. Se era isso que ele queria, eu respeitaria.Eu não conseguia dormir. Tentei tanto quanto eu pude, mas não consegui convencer meu corpo a seguir a minha mente. Eu devia estar com jet lag, cansada, na máxima exaustão, era a explicação. Mas eu estava também bastante confusa. Olhei para o relógio e percebi que era tarde demais para ligar para a minha mãe e eu realmente não estava preparada para a gritaria dela.Ela iria me dizer exatamente que era uma estúpida decisão essa que eu tinha feito e eu não estava pronta para ouvir isso ainda. Então, eu saí da cama e vesti um roupão de seda caro que eu tinha trazido. Estes eram os prazeres que me deixavam mais culpada, pois era onde boa parte do meu dinheiro se ia.Puxei-o em torno de mim com força e amarrei-o. Coloquei minhas pantufas felpudas e sai do quarto. Eu esperava que não tivesse ninguém acordado em nenhum lugar, ou isso seria muito embar
— Parece que você teve o pior dos castigos. — Comentou Pierre. Eu me virei para olhar para ele em confusão. Ele estava dirigindo-nos para a cidade.Fazia uma hora desde que deixamos a casa dos seus pais e não havia tido uma palavra entre nós. Eu até pensei duas vezes sobre ligar o rádio, mas decidi não arriscar. Pierre parecia tão sério na condução que eu não pude sequer pensar em perturbá-lo.Isso me assustou ao mesmo passo que me fascinou. Ele tinha essa vibração perigosa que eu podia sentir a partir de uma milha de distância. Ele era o cara que meus pais me disseram para ficar longe.— Jennifer? — A voz de Pierre me tirou dos meus devaneios. Um rubor cobriu meu rosto quando eu percebi que ele estava esperando que eu respondesse.— Desculpa, o que? — Corei novamente.— Estava em uma espécie de porão próprio, Jennifer? — Eu me repreendi.— Parece que você tem uma detenção tripla nesse aspecto.— Eu não sabia que minha atitude era tão horrível. — Ele disse e, embora estivesse provavel
Eu estava prestes a responder, mas meu telefone tocou. Eu olhei para o identificador de chamadas. Mamãe.— Oi, mãe. — Eu disse com cautela, esperando a tempestade.— O que você estava pensando? — Ela me repreendeu, sem sequer uma saudação. — Você sabe quanto problema isso vai causar?— Mãe, — eu interrompi, — eu sei. Você sabe o quão difícil é para dizer não a ele.— Isso não é desculpa, Jennifer. — Eu podia imaginar o rosto da minha mãe, e eu não tinha nenhuma dúvida de que ela estava franzindo a testa.— Eu sei, mãe! — Suspirei. — Adrian não teria desistido até que eu dissesse que sim. Você sabe como ele é.— Você percebe o que vai acontecer quando ele sair do armário?Rangi os dentes.— Eu sei, mãe. Eu percebi depois que eu vim aqui. Eu não deveria ter aceitado, eu sei.Mamãe suspirou. — Querida, para o seu bem, espero que o Adrian volte a si.— Eu também, mãe. Te amo. — Eu sorri.— Também te amo, querida. Divirta-se. — Minha mãe disse e cortou a chamada.— Sua mãe? — Pierre pergu
— Jenny? — Ouvi Adrian dizer e pulei para longe de Pierre como se ele estivesse em chamas. Pierre tinha um olhar sombrio no rosto, enquanto olhava para a figura que se aproximava.Adrian caminhou em nossa direção, vestido elegantemente em um terno, com um sorriso no rosto. Metade de mim estava brava com ele, a outra metade feliz que ele veio em cima da hora e me salvou de ser violada por Pierre Lawrence. Ok, talvez eu estivesse exagerando, mas eu sabia que uma vez que aqueles lábios luxuriosos tocassem os meus, eu estaria perdida.— A-Adrian. — Eu gaguejei, tentando manter minha voz normal. — O que... Por que você está aqui mais cedo?— Eu disse ao meu pai que o tempo gasto com a minha namorada impressionante era mais importante, e que eu iria te ajudar com as suas coisas hoje à tarde.Engoli em seco.— Oh? Ahm... Nós estávamos apenas tomando um pouco de sol aqui.O rosto de Adrian ficou amassado com preocupação e confusão.— Você está bem, Jenny? Você parece um pouco pálida.Eu balan
Olhei para ele com os olhos arregalados. Como ele sabia? “Você foi uma burra, Jenny!” gritou uma voz dentro de mim.— Do que você está falando? É claro que Adrian é meu namorado. Você por acaso é idiota?Ele sorriu, curvando-se, e por isso ficamos ao nível dos olhos um do outro.— Eu não sou a porra da sua namorada, eu sou a sua melhor amiga! — Ele disse em uma voz feminina falsa. — O que foi isso sobre você ser sua namorada?— Ahm... eu não sei o que você ouviu, mas eu não disse isso. — Gaguejei terrivelmente. — Deixe-me ir, Pierre! Estou namorando seu irmão, você não tem nenhuma...Seus lábios se esmagaram contra os meus, me silenciando. Eu não respondi, chocada. Ele me beijou mais forte, sua língua sondando meus lábios e todos os meus pensamentos racionais se esvaíram. Então eu o beijei de volta ansiosamente, amando a sensação dos seus lábios contra os meus. Ele empurrou sua língua na minha boca mais forte, como se estivesse transando com ela.Gemi contra ele, seus lábios e língua
Olhei para Pierre, recuando de volta em total surpresa enquanto ele se afastava de mim. Ele estava me provocando? O que no mundo que ele quis dizer com isso? Eu não tinha tanta certeza do que seu jogo era e isso me fez sentir muito desconfortável.Adrian se aproximou de mim e franziu a testa quando viu meu rosto.— Tem alguma coisa errada, Jenny?Eu balancei a cabeça, engolindo o champanhe restante, e tendo outra taça quando o garçom passou por nós. Adrian ergueu as duas sobrancelhas para mim.— O que? — Eu murmurei, tomando mais um gole.— Você está tentando ficar bêbada de propósito? Você está agindo muito estanho.Eu fiz uma careta, sem saber o que dizer. O que eu poderia dizer? Seu irmão ameaçou me provocar? E eu não tenho nenhuma ideia de que forma ele quis dizer isso. Ok, talvez um pouco de uma ideia, mas não muito.— Jenny? — A voz de Adrian me tirou dos meus pensamentos. Ele estava olhando para mim com preocupação em seus olhos, fazendo-me sentir muito culpada por beijar seu i
Assim que levei a primeira garfada de comida à boca, eu senti os dedos no meu vestido. Engasguei e Adrian, atencioso como sempre, gentilmente acariciou minhas costas.— Você está bem, Jenny?Eu balancei a cabeça, tomando um gole da água. Pierre continuou sua exploração, as mãos deslizando para dentro da fenda do lado do meu vestido. Eu quase engasguei de novo com as sensações passando por mim. Calor começou a inundar o meu núcleo e os meus mamilos ficaram tensos através do vestido. Gotas de suor se formaram na minha testa, meu corpo reagiu de forma tão completa, tão... totalmente entregue ao seu toque.Quando o garçom tirou os nossos pratos de entrada para que o prato principal fosse servido, a mão de Pierre moveu meu vestido mais acima, para que sua mão tocasse o interior das minhas coxas. Tão perto do lugar onde eu queria que seus dedos estivessem. E embora eu quisesse evitar que da minha boca saíssem quaisquer sons de encorajamento enquanto eu tentava continuar com a minha refeição
Curiosidade e tédio é, na maioria das vezes, uma receita para o desastre. Os dois são uma combinação muito perigosa. Foi a curiosidade que fez Eva pegar a maçã. A curiosidade matou o gato. Mas eu acho que é bom que o gato tenha nove vidas. Não era como se eu fosse ser morta por isso. Ou era?Eu olhei para a tela do laptop sentindo algo parecido com um horror cômico. O que eu estava fazendo agora talvez passasse a fronteira da perseguição, mas eu tinha que saber. Eu não poderia pedir a Adrian por razões óbvias. E foi assim que eu me encontrei pesquisando sobre Pierre Lawrence. Eu li o artigo que um jornal qualquer tinha escrito sobre ele.O bilionário Pierre Lawrence fechou outro negócio bem sucedido. Desta vez com uma indústria de telecomunicações. Parece que Lawrence quer conquistar tudo. Com os novos telefones movidos à energia solar para as Indústrias Lawrence, conquistar o mundo não parece ser uma tarefa difícil.Uma fonte interna revela que Lawrence é “Um homem frio e cruel que co