Antes da minha cerimônia de acasalamento, descobri que meu Alfa, Damon, tinha trinta candidatas a Luna. Ele passou um mês com cada uma, avaliando-as. Só a que obtivesse a maior pontuação se tornaria sua Luna.
E eu? A Beta-Chefe dele, sua amante por seis anos, a mulher que lhe deu tudo?
Perdi para uma Ômega submissa e mansa.
A porta do meu escritório se escancarou.
— Elysia! — Uma voz cortante rompeu o silêncio.
Levantei o olhar. A Ômega, Lydia, entrou desfilando em saltos altos.
Seu perfume enjoativo vinha misturado a outro cheiro que eu conhecia bem.
Damon. O cheiro de sexo.
— Você não bateu. — Disse secamente.
Ela me ignorou, foi direto à minha escrivaninha e atirou uma caixinha sobre a mesa.
— O Alfa pediu que eu trouxesse isto para você.
Sua voz era venenosamente doce, pingando satisfação presunçosa.
— Ele falou que você andou trabalhando demais.
Fitei a caixinha, sem me mover.
— Você não vai abrir?
Lydia inclinou-se para frente, deixando seu cheiro — uma mistura dela e de Damon — me envolver.
— É um colar muito bonito. Claro que não tão caro quanto o de diamantes que ele me deu ontem à noite.
Os dedos tamborilaram sobre a mesa.
— Ontem à noite? — Mantive a voz neutra, mas a palavra era uma lâmina na minha língua.
— Isso mesmo. — O sorriso dela se alargou. — Tivemos outra noite maravilhosa. Elysia, ele disse que queria me foder até a morte.
Aquelas palavras foram uma lâmina, entalhando imagens repugnantes na minha mente. Quis gritar, arrancar aquelas cenas do meu pensamento. Mas não consegui.
Damon e eu nos conhecemos na academia de metamorfos.
A presença de Alfa nele era ainda bruta, indomada. Durante um treinamento, senti aquilo: o laço entre nós.
Almas gêmeas.
Enquanto o observava e nos aproximávamos, nos apaixonamos.
Segui-o de volta à sua alcateia, ajudei-o a conquistar o título de Alfa e me tornei sua Beta-Chefe.
Por seis anos inteiros, dividimos a cama dele por incontáveis noites.
Todos supunham que eu já era a Luna da alcateia, faltava apenas a cerimônia oficial.
Eu também achava isso.
Mas, por seis anos, toda vez que eu perguntava sobre a cerimônia, ele adiava.
— Ainda não é a hora. — Dizia.
Ele me puxava para junto dele, seus lábios encontravam os meus, seus sussurros eram um bálsamo.
— Ainda não sou o Alfa mais forte. — Murmurava.
— Não posso correr o risco de te perder. Mas no dia em que nossa alcateia estiver entre as três melhores, farei a cerimônia mais grandiosa que este continente já viu. Direi a todos que você é minha única e verdadeira Luna.
Acreditei nele. Trabalhei ainda mais, ampliando o território e os negócios da alcateia.
Até que finalmente anunciaram a cerimônia.
Até que eu ouvi as palavras de Damon e descobri que eu era só mais uma entre trinta.
E minha pontuação… perdi para essa vadia presunçosa à minha frente. Essa Ômega, Lydia.
Levantei-me e fui até o suporte de armas do outro lado da sala.
Estava cheio de adagas de treino e equipamentos.
— Você tem razão. — Disse, pegando uma pedra de amolar e testando seu peso.
— Você e Damon combinam perfeitamente.
Lydia achou que eu estava admitindo a derrota e ergueu o queixo com arrogância.
— Preciso ir para a sala de guerra. Damon quer que eu comece a aprender os deveres da Luna.
— Aqui. — Joguei a pedra de afiar para ela.
Instintivamente, ela a pegou, depois a fitou, confusa.
— O que é isso?
— Uma pedra de treino. Para filhotes afiar as garras. — Disse, sentando-me de novo. Minha voz estava assustadoramente calma. — Já que você gosta tanto do meu Alfa, pode ficar com ele. E com a pedra. Ser a companheira de um Alfa não é para fracas.
O rosto de Lydia se contorceu de raiva.
— Como ousa me insultar?
— Insultá-la? — Olhei para ela. — Só estou sendo generosa. Dando algo que eu não quero mais a quem é desesperada o suficiente para pegar.
A mão dela começou a tremer, apertando a pedra.
— Sua vadia arrogante! Quem você pensa que é? Você é só uma Beta passada para o lado!
— Uma passada? — revirei os olhos. — Então por que está aqui, se esforçando tanto para me provocar?
— Porque quero que saiba que você perdeu! — ela gritou. — Damon disse que você é controladora demais para ser Luna! Ele precisa de uma companheira dócil e submissa como eu!
A loba dentro de mim despertou.
Minha dominância de Beta esmagou-a, uma força física que a fez recuar.
O rosto de Lydia empalideceu, o corpo tremeu. Mas a raiva a deixou imprudente.
— Vai para o inferno! — Atirou a pedra em minha direção.
Desviei com facilidade; ela estilhaçou-se contra a parede atrás de mim.
No segundo seguinte, eu já estava à sua frente.
O estalo da minha palma contra sua face quebrou o silêncio.
Lydia agarrou a face, olhando para mim, incrédula.
— V—você me bateu?
— Essa é sua punição por desrespeitar a Beta-Chefe. — Disse friamente como gelo.
— Na próxima vez, bata.
O ódio queimava em seus olhos. Um filete de sangue escorreu do canto da sua boca.
— Você ainda vai ver! — Ela recuou, com um olhar venenoso.
— O Alfa vai fazer você pagar por isso!