Alexandra
O silêncio da madrugada era quase reconfortante enquanto eu caminhava pelas ruas do centro, pensando no que faria a seguir. A prisão não me havia ensinado muita coisa além de como ser mais paciente. Antes, minha impulsividade quase me custou tudo, mas agora... Agora eu tinha aprendido a jogar. E Donatella seria meu tabuleiro.
Ela estava sozinha, fragilizada. Raphael, o grande estrategista, havia feito o que fazia de melhor: descartado alguém que confiava nele. Eu sabia disso porque já estive no lugar dela. Já senti o peso de ser nada mais do que uma peça descartável para ele. Donatella ainda não sabia disso, mas logo descobriria.
***
A primeira vez que a vi foi por acaso — ou ao menos parecia. Ela estava no mesmo café onde eu a encontrara semanas atrás. Sozinha, folheando alguns papéis com uma expressão cansada. Ela parecia menor, como se o peso do mundo tivesse encolhido seus ombros. Perfeito.
— Donatella? — chamei, hesitando na porta do café, fingindo surpresa.
Ela ergueu