Três anos depois...

 Chego exatamente na hora do jantar. Estou exausta. Graças a Deus é sexta feira! Deixo o carro na garagem. Vejo pela janela da sala que ainda não estão jantando. Estão me esperando certamente. Saio rapidamente e fecho o portão da garagem. Decido ir por dentro, assim saio direto na cozinha e subo para meu quarto. Dará tempo de me lavar e deixar as coisas. É aniversário da minha mãe, não quero que veja antes do tempo o que comprei. Ouço batidas na porta do quarto e o abrir da porta. Quem será? 

- Estou no banheiro!  - Grito, esperando que-digam algo.  Como não ouço nada, termino de lavar as mãos e saio. Dou de cara com o Tiago deitado na minha cama olhando para cima. Parecia cansado e estranho. Na verdade, tudo entre nós era estranho. Estranho por tempo demais. Encostei no batente da porta e fiquei olhando ele ali deitado, brincando com minha almofada de corações que ele mesmo me deu a sei lá quantos séculos atrás. Dificilmente me dava presentes. Ele não era desse tipo. Romantismo não era com ele.  Eu nunca liguei, pois também não sou chegada a este tipo de coisa. Sou prática. Ele parecia absorto em pensamentos o que me deixou intrigada, afinal, não me lembro de tê-lo convidado para o aniversário da minha mãe. O que será que ele estava fazendo aqui?

- Oi! Tudo bem com você?

Seja lá o que ele estava fazendo ali era bom saber logo, antes que alguém venha me buscar, para começar o jantar de aniversário da minha mãe. Ele sentou na cama, me olhou dos pés á cabeça. Vi algo passar em seu olhar, mas não sei direito o que vi. Desejo? Raiva? O que estava acontecendo? Ele não era disso. Sempre ia direto ao assunto. Ficar nesse silêncio não era do seu costume. Muito menos me olhar daquele jeito.

- Tiago, você bebeu?  Eu queria saber o que estava acontecendo e queria saber já! 

- Porque você está no meu quarto e me olhando desse jeito?

Ele continuou olhando para mim sem dizer uma palavra. Sem mexer um músculo. De repente, passou a língua pelos lábios, ajeitou o cabelo num gesto meio nervoso como ele sempre fazia e voltou a me encarar. Só que desta vez seu olhar era fácil de decifrar. Estavam tristes. Sem dizer nada esperei ele falar.

- Rafa, há quanto tempo estamos juntos?  Disse com a voz baixa quase inaudível.

- Droga! - Pensei. Hoje não! Ele podia ter escolhido qualquer outro dia do planeta para me questionar isso. Mas hoje! Justo no aniversário da minha mãe, com a casa cheia de gente!

- Tiago! Hoje não é um bom momento para discutirmos isso. A casa está cheia, estão me esperando para iniciar o jantar. Acho que podemos falar disso uma outra hora, o.k.? 

Tentei controlar a situação trazendo-o para a realidade. Ele parecia estar bêbado, não muito, mas não estava em seu estado normal.

- Tiago, você bebeu? perguntei novamente.

Ele se remexeu na cama e balançou a cabeça em sinal de positivo. Voltou a olhar para mim agora com olhar de impaciência. 

- Bebi sim Rafa. Disse. 

- Mas só um pouco antes de subir para cá. Tomei um copo de Whisky com seu irmão. Satisfeita?!  Parecia irritado.

Sinceramente eu não sabia o que fazer, ele nunca havia agido assim. Estou perdida! Não conheço este Tiago que está na minha frente. Não sei lidar com ele. Baixei a cabeça, olhei para as mãos me sentindo muito confusa. Quando olho de volta, ele está parado na minha frente. Encarando-me. Tentando descobrir meus pensamentos. Olho para ele e me perco no azul de seus olhos. Tão intensos, lindos! Como da primeira vez que o vi. Foram seus olhos que me atraíram. Mas depois com o tempo, parece que tudo esfriou e algumas coisas aconteceram entre nós e tudo mudou. Eramos apenas mais um casal de namorados que se acomodaram um com o outro. Mas hoje, parece que voltamos a ser como antes, há muito tempo eu não o sentia tão vibrante, tão másculo. Diferente. Como se algo tivesse tomado posse dele e o transformado em outra pessoa. Ele se abaixou mais e veio em direção aos meus lábios. Começou a me beijar de forma gentil, como um carinho e de repente, colocou a mão em minha cintura e me aproximou mais de seu corpo e aprofundou mais seu beijo. Fiquei atordoada. O que era isso? Quem é esse homem? Sem perceber vi que também estava correspondendo ao beijo na mesma intensidade. Eu o desejei ali mesmo na minha cama. Dane-se o jantar. Eu queria aquele homem na minha cama agora! Não sei quanto tempo se passou durante o beijo. Quando ele parou de me beijar, sem me soltar, foi um instante apenas para recobrar o fôlego e voltou a me beijar. Tinha tanta intensidade em seu beijo. Tanto desejo. Desejo que senti crescer em meu quadril. Seu sexo estava ali, denunciando o quanto me queria. Me apertei ainda mais ao seu corpo também querendo a finalização daquele beijo em um sexo gostoso. De repente ele me soltou. Segurou em meus braços ofegante. Olhando para mim com tanta intensidade que seus olhos brilhavam. O desejo estava evidente por todo o seu corpo. Eu não conseguia soltá-lo. Eu queria mais... Queria mais daquele homem que entrou no meu quarto e me fez sentir arrepios que já estavam esquecidos. Estávamos ofegantes. Sem saber o que dizer, passei a mão pelo meu cabelo, alisei a minha blusa e tentei recobrar os sentidos.

- Rafa! Desce! Estamos com fome!  Era meu pai nos chamando para o jantar.

- Já estou indo!  Gritei.

- Temos que descer! Minha voz parecia mais um sussurro. Ele sem dizer uma única palavra, balançou a cabeça em sinal de positivo, me deu um beijo rápido nos lábios. Olhou-me novamente nos olhos com um pedido mudo de desculpas.

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