Capitulo IV- Afável

Louis Vance

— Porque eu tenho que ir com você? —  Virei-me o rosto e direção da garota mais confusa diante de mim, mais uma vez perguntando. —  Escutou o que o tabelião disse? —  Assentiu séria, o que me inconformava mais foi ter prometido a Varsalles que cuidaria dela. Ele se aproveitou de uma situação para levar a outra pior.  — Sim, ouvir você pode ir, e eu fico...

— Tudo bem, não fui com a sua cara, ouvindo que na sua recusa a se casar comigo, seu tio tornar-se presidente da empresa, enquanto a sua tia... é sua tia aquela mulher? —  Deu de ombros. — A esta hora ambos devem estar procurando um bom assassino para lhe matar. —  Olhou-me sem preocupação, sorriu ao me ouvir, não era um sorriso comum, muito bonito, apenas desviei o rosto para olhar a turma no salão.

—Louco, acha que onde estamos num filme de loucos? Onde uma mata o outro por dinheiro? — Arqueei a sombrancelha, minha vontade de aplaudir Varssales apenas cresce em mim. — Tudo bem, fique e veja o que acontece,... —  Dei alguns passos nos degraus da escadas, não sei nem porque me comprometi, é apenas uma promessa e ele já esta morto. 

— Lembra da vez que o seu avô sofreu um atentado em c... —  Surgiu em minha frente com os escuros me encarando tentando segurar o cabelo pra trás da orelha. — O que houve? Ele disse que... —  Passei por ela descendo devagar, já perdi o vôo, agora só a noite.

— Que foi o seu filho junto a sua filha que tentaram lhe matar? Ah sim ele disse não foi? Ainda bem que a sinceridade sempre esteve presente entre vocês. —  Continuei a caminhar até ouvir. —  Não, ele não disse isso, disse que foi uma tentativa de assalto.  Seguiu-me virei-me para a mulher que numa calça de pijamas rosa, com ursinhos marron folgada junto a uma blusa de mangas compridas branca me olhava. 

— Então foi eles? —  A cara de garota ingênua me faz perder a paciência, virei-me para afastar-me. — Fique aqui com eles, aproveito faço o seu funeral também, já que o meu vôo só será a noite. —  Correu para a minha frente. —  Não, não por favor senhor Vance, o meu avô confiou a minha vida ao senhor, por favor não me deixe aqui sozinha. —  Até fora comovente a sua expressão de súplica, mas não, eu não me comoveria. 

— Arrume uma mala, estarei a sua espera, e acredite não é por você, é apenas pela gratidão que tenho ao seu avô. —  Assentiu ao me ouvir, desci a escada degrau a degrau, olhei para cada um deles que me observará sem esconder a sua raiva. — Eu sou a mãe dela, tenho mais que direito de cuidar da minha filha. —  O olhei para a mulher a minha frente, Sarah, as minhas lembranças não era boas ao escutar um pai falar sobre uma filha, a abandonou dias após o parto, para seguir um empresário italiano.

Produtor de café, franzi o cenho tentando me lembrar. —  Eu vou lá falar com ela. —  Lhe olhei subindo as escadas. —  Tudo bem, não a impedirei, não penso tampouco acredito que Diogénes tenha omitido a parte em que a resgatou do seu quarto com os lábios roxos, magreza excessiva, envolta de lençóis, era lençóis? Ah sim, eram, lençóis para abafar o seu choro. 

Parou girando em seus saltos no terceiro degrau da escada, observei a decoração monotóna do lugar, o que salva são os quadros. —  Como ousar ameaçar a minha irmã? — Cruzei a pernas da esquerda sob a direita, observando quem fala comigo. — Não estou ameaçando, estou me perguntando, sentiu-se ameaçada senhora Sarah Versallis? Desculpe-me não foi a minha intenção, pergunto-me quantas dias duraria a sua filha em suas mãos? 

Nunca fui afável, não tenho intenção de ser, senti as mãos aproximarem da gola da minha camisa, olhei para a porta do quarto, suspirei fundo. — Então Thomás Versallis, conseguiu gastar o bilhão que levou do seu pai? Acredito que entre todos....

— Como assim um bilhão? —  O outro indagou vindo a nossa frente, encarou o próprio irmão faminto por dinheiro e sedento. —  Mentira dele Arnold, é um dissimulado. —  Sorri fraco, vendo os olhos do filho mais novo sobre mim e prao irmão. — Thomás ele não parece mentir sobre isto.

— Não sei porque esta tão frustado Arnold não é? Você conseguiu parte da herança que fora deixada por sua mãe, qual o problema, sabia que o seu pai tinha apego aquelas joias...

— Arnold você, você... —  A Mulher de fios loiros misturados aos grisalhos levou a mão ao coração como se uma dor lhe afligesse. As lágrimas desceram como se eu não soubesse que ela tentou vender-se ao assistente para conseguir um contrato. 

Olhei deles brigando para o relogio, já havia passadodez minutos naquele lugar, olhei para a escada nenhum sinal dela, abri a porta passando em seguida, avisada foi, não tenho obrigação de proteger alguém que já foi avisado, tirei a carteira de cigarro do bolso, acendi a caminho do carro. 

Encostei-me vendo Diana, a filha caçula, saindo em seguida, as lagrimas, continuei a fumar vendo que a situação lá dentro era apenas para os fortes, Thomas e Sarah sairam batendo boca, joguei a fumaça no ar, notei que hora ela não conhece, ou talvez tempo. Arnold saiu xingando batendo a porta junto com o seu filho.

Contei quantos anos terei que suporta-la, para que não tenha idade para assumir a empresa só pode ser menor que dezenove anos, suspirei calculando quantos anos teria a jovem, até que saiu deixando dois deles para trás, arrastando uma mala vermelha. O vestido branco de tecido fino com buracos pequenos, os cabelos soltos ao vento, movendo o celular.

— Não precisa se preocupar com o tempo, tenho o dia e noite inteira pra vossa alteza. —  Olhou-em deixando a tela. — Calado eras um poeta! —  Abri a boca, parei ao tentar decifar a sua fala. — O que quer dizer? —  Perguntei-me baixo, veio até mim, olhou-me de baixo a cima, seus olhos negros graúdos, os cílios compridos. — Temos que conversar sobre este acordo! —  Arqueei as sobrancelhas.

— Sua boca funciona dentro do carro? —  Revirou os olhos, destravei o porta-malas, pegou a mala sem pedir ajudar, sorri fraco. — Olha que surpresa, uma garota rica pegando a própria mala. —  Não respondeu, colocou a mala, abaixou o porta-malas. — Vá encher pneu de trem. —  Resmungou baixo, nem mesmo parecia uma ofensa, virou-me a minha frente, caminhou para o lado do carro.

— Trens não tem pneus, deveria saber disto aos... —  Sorriu fraco ao me ver cair em mim. — Posso ou a sua namorada? —  Abri a porta apenas olhou para dentro. — Não tenho namorada e se tivesse ela jamais teria ciúmes de... — Lhe olhei de baixo a cima, hum bem que não sei, os pés dentro de um sapato preto o calcanhar exposto, as pernas lisas, finas, as coxas mais grossas, definidas, o vestido branco alvo. — ... de alguém como você.

Entrou com meio sorriso nos lábios, pegou o celular continuou a mover, entrei no carro. —  Mesmo depois de morrer continua me deixando em apuros Versallis. — Olhou-me rapidamente, liguei o veículo vendo os dois ultimos irmãos, juntos aos genros e noras que ficaram na casa. —  Eles lhe disseram algo?—  Indaguei curioso. — Que vão recorrer, que há algo errado nesta leitura.

—E você? —  Estalou a lingua. — Não vejo problemas, nada disso vai trazer o meu avô de volta, só aceitei porque não quero que todo o seu esforço vá pelo ralo. 

Assenti ao continuar a guiar. — O nosso casamento será contratual, não tenho interesse em você, enquanto estivermos no Japão, poderá sair livremente, tem planfletos, guias, se vire como puder por lá, apenas não ligue e não mande mensagem, estarei ocupado ou...

— Não se preocupe, eu também não vejo nada útil em você, não faz o meu tipo, quero dizer, estarei ocupada com algumas galerias de artes que serão expostas, posso saber quanto tempo iremos ficar? 

— Dois meses talvez, dependerá dos negócios, você terá um quarto, malmente ficarei em casa, fique a vontade neste caso, apenas não ligue enquanto estiver fora, caso se perca, sinta-se em perigo procure ajuda da policia local, prometi ao Versallis a cuidar de você, mas ...

— Não preciso do seu cuidado, cuidando do que pertence ao meu avô esta ótimo, sou grata por isto! —  A olhei por fim, olhou-me de volta, assenti fracamente ao lhe ouvir, sorriu fraco me olhando, notei que como eu, ela não me suporta é recíproco, passei no apartamento vazio, peguei a mala voltei ao carro. 

— Evidente que não Paull, ainda dói, não vai passar assim, no momento eu preciso ficar sozinha... —  Suspirou ao fundo. — ... não, não é com você querido, as coisas não estão bem pra mim, ficarei fora algum tempo... porque esta me cobrando algo se você não consegue cumprir na minha ausência... sim, ele sempre será a minha prioridade, mesmo que esteja morto, Paull, ah que  idiota, apenas não ligue mais para mim.

Desligou o celular virando-se a minha frente, parou ao me ver. —  Problemas no namoro? —  Sorriu com a minha pergunta. —  Não ensinaram que é falta de educação ouvir a conversa alheia? —  Arqueei a sobrancelha. —  Isso é válido pra você? — Olhou a mala em minha mão. — Tem certeza que quer me levar ao Japão pra o seu habitat querido? 

Caminhou para o banco do carro, sentou fechando a porta em seguida, coloquei a minha mala junto a sua. Voltei ao carro, seguimos para o aeroporto em silêncio, agradeci mentalmente por isto. 

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