Opositores

Taele empalideceu , sentindo uma grande vertigem ao tentar acompanhar a velocidade daqueles movimentos.

- Ela vai cair! Nunca andou em um cavalo antes.

- Tomara  Deus que ele não a derrube.

                     Patrick saiu correndo e atravessou o haras para chegar até a pista e assim que Pillar diminuiu o ritmo de cavalgar , ele se aproximou do cavalo e arrancou a filha de lá. Pillar começou a espernear , ele a colocou no chão e sacudiu.

- O que você pensa que está fazendo sua garota maluca? Sua avó me falou que esse é o filho de Bonito e eu não vou deixar que volte a se aproximar dele nunca mais. Já tive a minha vida destruída por causa de um animal e não vou deixar que isso se repita.

- Mas ele não tem culpa.

- Vou conversar com dona Iolanda e exigir que ela arrume um comprador para ele imediatamente.

                     Os olhos dela se encheram de lágrimas.

- Não papai! Você não pode fazer uma crueldade dessas. Ele já se acostumou comigo , vai sentir minha falta.

- Já me decidi.

- Como pode ser assim tão egoísta? Querem me punir ? Tudo bem vão conseguir! Será que não  consegue ver que sem ele aqui , cumprir minha pena vai ser difícil demais? Se ele não for ficar aqui , vou pedir para ser Presa.

                        Revoltada , ela começou a chorar.

- O quê?

- Isso mesmo que você ouviu. Se o Castanha for embora daqui , vou conversar com o juiz e cumprir minha pena detida.

- Escuta , eu tenho que ir. Vê se pára de chorar e conversar asneiras. Vai dormir.

- Eu detesto você.

- Sinto muito não posso fazer nada.

                         Quando Taele se aproximou , ela soluçava alto.

- Você aborreceu a menina , não é?

                           O acusou com dureza.

- Acho que ela nunca vai aprender.

- Tatá , ele quer vender o castanha.

- Entra querida. Toma uma água e deita. Vou conversar com seu pai  e levar o Castanha para a baia dele.

- Você não vai deixar ele levá-lo  vai ?

- Fica tranquila. Jamais. Prometo a Você.

                   Com paciência , Taele secava suas lagrimas. Sem dizer mais uma palavra ela se afastou. Patrick por algum motivo se sentiu incomodado.

- Também estou indo.

- Não. Você ainda não. Precisamos conversar.

- Conversar sobre o quê?

                 Irônico, ele colocou as mãos para trás.

- Já está mais do que na hora de você entender a sua filha. Você não tem noção no quanto isso ia ajudar.

- Será? Ela só apronta loucura.

- Ela está tentando se encontrar! Admite que essa menina sempre foi abandonada , nunca teve ninguém para se apoiar. Até aqui você foi um excelente pai. Suporte financeiro você pôde muito bem dar , mas no amor você falhou. Ela me falou que se sente sozinha e queria alguém para conversar , alguém que escutasse sem criticar , mas você não sabe...

- Não , eu realmente não sei.

-  Pois é eu vou tentar , e gostaria que você colaborasse.

- Como?

- Queria que você entendesse que deixar esse cavalo aqui é a única maneira de manter sua filha nesse lugar. Nada mais a prende aqui. Até ontem pensava em te pedir ajuda para ir embora.

- Não , eu não ia aceitar.

- Eu sei! Vamos olhar pelo lado bom. Talvez tudo seja um recado do universo.

- Recado do universo, você acredita nessas bobeiras?

- Não é nenhuma bobeira. Sabe muito bem que ela sempre odiou esses animais , mas por Castanha ela se apaixonou. Castanha também a aceitou muito bem , nunca vi ele tão dócil com ninguém. Antes de travar a menina , procura dar uma oportunidade.  Te confesso que eu estava apreensiva com essa aproximação e temia pela vida dela , mas agora não. Castanha pode ser um enviado dos céus para tirar Pillar dessa situação. Talvez ele a deixe menos agressiva , mais empática e dê a ela senso de responsabilidade. Se você não sabe , Pillar demonstrou interesse em mudar e eu prometi ajudar. Como pai , adoraria que fizesse o mesmo , mas se não puder , já ajudaria só de não atrapalhar.

- Acho melhor eu ir embora.

                  Ele se Despediu um tanto aturdido.

Quando Taele entrou , a menina já havia adormecido . Mas acordou angustiada no meio da madrugada , com medo de terem lhe tirado o cavalo. Saiu pé por pé e foi conferir. Ele estava lá. Relinchou quando a viu.

- Ei garoto , você também perdeu o sono? Tem que ser muito forte porque estão querendo nos separar , mas eu não vou deixar. Agora eu tenho que ir. Não podem descobrir que estou aqui. Descansa.

                      Voltou e deitou-se na cama silenciosamente.

Acordou 10 horas da manhã seguinte.

- Melhorou Pillar?

                        Taele quis saber, enquanto escovava seus cabelos longos para depois trançar. Tímida , ela não sabia como reagir , pois nunca teve aquele tipo de cuidado.

- Tatá, conversa com meu pai, não deixa ele tirar o cavalo de mim.

- Tudo bem. Posso tentar mais uma vez.

- Estou contando com você.

                      Mais tarde Patrick e Taele conversavam por telefone.

- Alguma novidade?

                      Questionou ele em tom desinteressado.

- A novidade que tenho é que sua filha está queimando na febre.

- Mas por que? O que aconteceu?

- Medo de perder o cavalo.

- Mas ela gosta tanto desse bicho assim?

- Ela ama o Castanha.

- Era o que eu temia. A mãe dela morreu por isso.

- Mas Pillar não tem culpa nenhuma. Espero que reconsidere e não interfira no gosto dela. Já te falei e repito: Esse animal pode fazer muito bem pra ela. Eu sei que você os detesta , mas não pode obrigar as pessoas a sentirem o mesmo.

- Tudo bem , vou pensar.

                 Eles se despediram e ela desligou o telefone , suspirando.

No dia seguinte , Pillar se deparou com uma cena que a deixou chocada. Eles tentavam transportar Castanha a força. O árabe relinchava e dava patadas para todos os lados. Estava amarrado.

- O que significa isso?

                 Ela indagou furiosa.

- Estamos levando ele para outro haras senhorita Pillar, o Castanha não vai continuar aqui com a gente.

                 Informou um dos funcionários.

- E com ordens de quem?

- Do seu pai e da sua avó, a dona do local.

- Não! Larguem ele onde está! Desse jeito vocês podem machucá-lo. Desamarrem ele agora!

                Exigiu. Como não a atendessem, ela correu até lá e começou a se desfazer das amarras. Nesse meio tempo a avó chegou.

- O que pensa que está fazendo mocinha?

- Libertando o meu cavalo. O que mais gostaria que eu fizesse? Que assistisse essa crueldade de braços cruzados? Olha como ele está assustado! Meu bichinho precisa de mim.

- Esse animal não é seu coisíssima nenhuma.

- Então o meu pai ainda não te falou vó? Ele não quer mais que ninguém ponha a mão nesse cavalo. Não quer mais que continuem me aborrecendo.

                 Mentiu.

- Não entendo aquele Patrick.

                 A avó lamentou. Assim Pillar conseguiu soltar o cavalo.

 em forma de agradecimento, ele começou a cheira-la, alegre , ele roçava a cabeça no rosto dela numa desajeitada demonstração de afeto Pillar riu.

- Ei ! Calma amigão! Ainda não se deu conta do seu tamanho , não é? Você é enorme , pode me derrubar. Agora eu tenho que ir. Vou te levar para a Sua baia e mais tarde passo lá para te alimentar. Hoje ainda tenho que escovar muitos iguais você. Pode ficar tranquilo , esses moços não vão mais incomodar você.

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