Patrick elegendo um novo amor

- Deixa eu te lembrar, eu mimo ele , mas não é o dia todo . se você já se esqueceu, eu tenho faculdade e faço muito bem as minhas obrigações antes e depois de chegar aqui . E de mais a mais  , eu não vejo nada demais em dar amor para o meu cavalo, coisa que nenhum de vocês nunca fez. E se eu fosse a senhora, Não perdia seu tempo discutindo aqui comigo . vou continuar cuidando do meu bichinho ele precisa muito de carinho Ainda mais agora que está doente.

- Atrevida igual sua mãe.

- Como ela te suportava?

- Eu ainda te pego garota.

                       Dona Iolanda se afastou pisando duro. Ruizinho olhava para Pillar , espantado.

- Pensei que tinha medo dela.

- Respeito. Mas medo jamais.

- Fiquei muito satisfeito de ver o modo como defendeu esse campeão. Dá para ver que ele ama você.

 - Eu também amo muito ele.

                     Pegando uma escova , ela passou a dedicar atenção total a pentear e trançar o rabo do cavalo.

- Você leva jeito. Escova muito bem. Está até brilhando.

- Obrigada. Meu garoto tem uma personalidade vaidosa também.

- Sim. O pai dele se chamava bonito. Sabe como ele morreu?

- Deve ter sido de velhice , não?

- Não. Meu avô Pascoal , trabalhou aqui desde a sua juventude e me contou que o seu pai o matou.

- Como é que é? O que você está me dizendo?

- Isso mesmo que você ouviu. Fez isso quando descobriu que Bonito pisoteou o peito da sua mãe , tirando assim a sua vida. Diz meu vô que na época ele só queria vingança. Invadiu o haras de madrugada e atirou. Só que até hoje, ninguém sabe disso.

- Não! Nos pode ser!

                     Pillar murmurou em choque se agarrando em Castanha. O animal corria risco de vida na mão de Patrick.

-  Nunca tinha te visto no haras.  Pensei que fosse filha de Taele.

- Não, mas eu adoraria. Vou ficar 3 anos hospedada na casa dela, preciso cumprir uma medida social , prestando serviços comunitários , porque dirigi bêbada sem habilitação e destruí bastante coisa pelo caminho até que o carro bateu no poste.

- E de quem era o carro?

- Do meu ex namorado.

- Sinto muito.

- Então. Odeio isso tudo aqui. A única que me faz suportar esse lugar é Tatá e agora meu cavalo.  Ela me apoia em tudo , mas não pode me livrar das ordens da chefona da minha avó.

- Sempre achei a velha muito exigente.

- Mas uma excelente profissional.

Sentindo uma enorme dor de cabeça, dona Iolanda parou para descansar e sentando-se na escrivaninha , ao abrir as gavetas, encontrou uma carta de Bela.

“ Mamãe , guarde esses papéis. São de Pillar, com isso Patrick não vai poder afastar minha filha do haras , o que eu sei que ele vai tentar fazer ”

A senhora então , leu todo o conteúdo , e sem saber o que fazer correu  até a casa dos fundos e jogou todos os papéis nas mãos de Taele.

- Não quero ser a responsável pela destruição da vida da minha neta.

                     Taele olhava para ela sem entender.

- Dona Iolanda , o que está acontecendo?

                    A velha saiu batendo a porta sem pronunciar qualquer palavra a mais.

A noite estava agitada. Eram 21:00 e Tatá acabava de verificar o sono de Pillar , quando bateram na porta.

- Patrick!

- Boa noite. Posso entrar?

                   Ele tossiu sem jeito.

- Claro que sim. Mas não repara na bagunça , é que...

                  Ela gaguejava .

- Eu te peguei desprevenida.

                  Ele completou para ela.

- Sim. Nem o jantar está pronto. Você costuma vir só no sábado.

- Realmente , mas recebi um telefonema hoje a tarde e achei que precisava vir , podemos conversar?

                  Sentou-se sem rodeios.

-  Podemos.

                  Taele não escondia a preocupação na voz trêmula. Tinha medo de escutar algo grave em relação a Pillar , algo que impossibilitasse sua adorável tarefa de transformar aquela menina em alguém dócil , sociável e o principal , dar a ela todo o amor que a paixão da Bela pelos cavalos  inconscientemente lhe toldou. O amor de mãe.

Ela passou a mão pelos cabelos desarrumados.

- Deixa assim , você está linda querida.

                    Taele se assustou com o tom doce e principalmente com esse “querida”.

- O que você.... deseja?

                     Ele riu do embaraço dela.

- Vamos deixar para depois. Primeiro vou te ajudar com a comida.

- Não. Não precisa.

- Mas é claro que precisa. E minha filha?

- Já está dormindo.

- Meu Deus ! Isso é surreal! Essa garota não fechava os olhos antes de Duas horas da manhã.

- Acho que isso ficou no passado.

- E graças a Você. Isso me deixa impressionado. Qual o segredo?

- Sem segredos. É assim que as coisas funcionam quando se tem amor.

- Tudo bem , você está certa.

                      Patrick a acompanhou até a cozinha e continuou observando-a atentamente. Será que era assim que ela reagia á visita inesperada de um namorado? Taele encostou-se no canto do fogão.

- Amanhã Pillar vai sair para tomar um sorvete com o amigo novo. O rapazinho trabalha aqui. Está ajudando ela a cuidar do Castanha. Eu autorizei. Tudo bem pra você?

- Tudo ótimo. Mas vem cá . Qual o problema?

                     Taele se sobressaltou.

- Nenhum.

                      Ela sorriu para ele , tentando não demonstrar mais preocupação.

- Pode me arrumar um avental? Já disse que vou te ajudar no jantar.

- Não acho que haja necessidade. Mas já que insiste.

- Insisto.

- Então , pode pegar um ali na terceira gaveta.

                 A moça seguia tentando ignorar a estranha reação que sempre tinha na presença dele, tentava Não reparar o quanto ficava charmoso mesmo naquele avental , aflita não queria proximidade com ele mas era totalmente impossível se esquivar sem que ele percebesse.

- Bem melhor.

             Observou o pai da rebelde de bom humor.

- Você sabe cozinhar?

- Nunca reclamaram da minha comida. Faço desde que Pillar nasceu , mas minha especialidade mesmo é omelete.

              Ele mexia na panela de arroz.

- O cheiro já está uma delicia.

- E a sobremesa? Vai ter?

- Não sei.

              Respondeu mais interessada em continuar admirando-o tão descontraído.

- Podemos inventar algo.

- Eu adoraria.

- Que tal estão os cavalos?

- Dando muito trabalho.

- Posso imaginar.

- E o  irmãozinho de Pillar?

- Queria vir te ver , mas eu disse que outro dia.

                    O rosto dele estava ligeiramente corado, seus olhos brilharam com força, e o Tom do dos cabelos estavam mais claros sobre a luz forte da cozinha inexistente nos outros cômodos .

ela nunca havia reparado naqueles cachos eram lindos.

Tatá se censurou pela linha de pensamentos, ele, por outro lado também precisaria se lembrar do motivo que levou até ali, mas na presença daquela criatura tão sensual , era impossível racionar com clareza.

De repente, uma vontade violenta de beijá-la o invadiu. Um calor imenso tomando conta de si. não era possível não sentia isso há anos. Não queria se apaixonar.

- Quer tomar alguma coisa antes de jantar?

- Sim.

“Juízo” ele desejou responder.

- Vou preparar.

                  Patrick foi com ela até a sala sentando-se no sofá.

- Tatá.

- Sim?

- Acontece que a minha sogra me ligou hoje à tarde, me colocando à tarde do que está acontecendo aqui no haras nos últimos dias. Me falou da depressão de Pillar pela doença do cavalo. Sabe me dizer alguma coisa sobre isso?

                      Ele falava devagar.

- Sua filha não está depressiva e dona Yolanda é muito estranha. Invadiu minha casa hoje com uns papéis na mão jogando sobre o meu sofá,  dizendo que não queria destruir a vida da neta e foi embora sem dizer mais uma palavra . Estou sem entender nada . Não quero que Pillar sofra nenhum dano.

- É por isso que está preocupada?

- Sim.

                   Ela concordou com lágrimas nos olhos.

- Será que posso ver esses documentos?

- Claro que Sim. Estão na estante. Pode pegar. Não procurei saber do que se trata, deixei do jeito que a me entregou.

                   Nesse momento , Pillar apareceu na sala.

- Pai?

- Oi Pequena!

                 A abraçou e voltou sua atenção para os papéis.

- Eu não sou pequena.

- Para o pai você vai sempre ser.

- O que faz aqui? E o que é isso em suas mãos?

                Pillar questionou  preocupada com a palidez no rosto do pai.

- Também não sei meu amor. É o que vamos saber agora.

                Taele se aproximou da jovem , segurando-a pelos ombros.

- Meu amor , pensei que já estivesse dormindo.

- Vim beber água.

- Ai meu Deus ! Me desculpa , esqueci de encher sua garrafa, agora teve que levantar.

- Imagina , você já faz tanto por mim , com tanta coisa para ajeitar.

- Vou com você até a cozinha.

- Com licença papai. Boa noite.

- Boa noite filha.

                   Ele devolveu disperso , lendo os escritos de cabeça baixa , olhos vidrados.

- Pillar , seu pai me ajudou no jantar , será que ficou bom?

                  Informou Taele numa tentativa de distraí-la.

- Jura?

- E ainda preparou uma sobremesa.

- Mas ele nunca fez isso pra mim!

                 Pillar se queixou.

- Te garanto que agora tudo vai ser diferente.

- Quem sabe.

                 Durante o jantar , ele resolveu dar uma atenção especial para ela.

- Filha, ansiosa pelo passeio?

- Sim papai.

- Patrick  , viu como sua menina está feliz? Dona Iolanda não tem motivo para preocupações.

- A vovó? Preocupada comigo?

                      Pillar olhava de um para o outro tentando adivinhar o motivo de Patrick estar tão solicito.

Ela riu desconfiada.

- Que foi?

                    Taele perguntou.

- Não. Nada.

- Pillar , nada de beber amanhã, viu?

- Claro que não papai , agora sem bebida estou achando a vida engraçada.

                    Jantaram os três em clima descontraído.

Ao término do jantar, ele lavava as louças.

- Imagino que a minha sogra continue muito exigente, e por isso ela não deve nem te dar tempo para você namorar, não é?

                   Tatá mais uma vez se assustou.

- Por quê?

- Ela não te dá ordens o dia todo?

- Sim , mas eu não acho o trabalho tão puxado assim.

                 Respondeu hesitando por não saber  o real motivo daquele questionamento.

Patrick achava-se um idiota. Não queria  se apaixonar , mas precisava saber se ela era comprometida. Afinal , quem seria o louco de deixar uma mulher como aquela sozinha?

Ela se sentia desconfortável sendo olhada tão intensamente.  Por um momento ela sustentou o olhar Sereno do homem mas depois desviou.

 o pai de Pillar a  olhava com carinho ela queria entender e tentando fazer isso perguntou:

- Patrick , você é feliz?

- Sou.

- Como pode um homem ser feliz com pensamentos tão preconceituosos a respeito de mulheres?

- Hoje reconheço que nem todas são iguais.

- Você teve uma experiencia ruim com o casamento?

- Não! Fui extremamente feliz com Bela. Ela me fez o homem mais realizado da face dessa terra. Mas aí veio esses cavalos e...

- Você não pensa em se relacionar novamente?

- A dor causada pelo seu falecimento, não me sinto capaz de suportar novamente. Mas o fato é que ando tão carente! Você não pode imaginar. Tenho medo de terminar sozinho os meus últimos dias.

- Não Patrick ! Por favor! Não diga isso.

- Bom, acho que já vou. Está ficando tarde. Você precisa descansar. Dá para ver que está exausta. Não quero mais incomodar.

- Você não incomoda.

- Obrigada por me ouvir. Por me receber. Puxa , eu não conversava assim , já tem um tempo.

                   Ele riu.

- Sempre que precisar...

- Obrigado.

- Espero que esteja mais tranquilo em relação a Pillar.

- Estou sim.

- Não vai me dizer sobre o que se trata esses papéis?

- Por enquanto não.

- Tudo bem.

- Vou me despedir da minha filha.

                      Quando ele entrou no quarto , ela estava sentada na cama lendo um livro pra lá de picante que ele logo tratou de tirar da sua mão.

- Tchau. Não vai ler isso.

- Droga! Que mania!

- Olha o palavreado mocinha! Tem alguém nessa casa acreditando piamente em sua mudança de comportamento.

                  Ao ouvir isso ela abriu um enorme sorriso e o abraçou.

- E eu vou mudar! Por ela vou mudar. Ai papai! Você não sabe o quanto ela é especial .

- Fico muito feliz em ouvir isso. Bem já vou embora. Te deixo em boas mãos.

- Vai tranquilo.

            Horas depois Pillar adormeceu.

Taele também. Mas antes , lembrou-se de quando levou Patrick até a porta. Ficaram se olhando por um bom tempo e Patrick se aproximava , sua respiração acelerando cada vez mais. Foi aí que Tatá achou que ele fosse beijá-la mas não aconteceu.

Ela procurou dissipar essas lembranças do pensamento.

Então , quando ela despertou , inesperadamente , Pillar estava do seu lado. Ela se enterneceu com a surpresa.

- Ora ora mocinha!

- Vim ver se a Janela estava aberta.

                Despistou ela.

- Não! Não está! Tudo em ordem.

                Taele se enrolou na coberta e encantada , observou que Pillar tinha um habito que lembrava muito o pai. Roer unhas.

- Então , pode voltar a dormir. Até amanhã.

- Até amanhã meu amor.

               Deu um beijo em sua testa e ainda sem entender , viu a menina desaparecer , ficando novamente sozinha em seu quarto. Imaginando o pai dela ali, no canto de sua cama. Depois se recriminou, desajeitada dando um tapa em seu próprio rosto.

O dia amanheceu.

Patrick continuando a dominar seus pensamentos pois, ele era um homem estranho. E mais estranho ainda era admitir que o queria. Ele estava ansioso sabia porquê. Não parava de olhar no relógio mas de que adiantaria o sábado demoraria chegar ainda estavam na segunda-feira e ele não se continha de vontade de ver Tatá.

Revivia várias vezes os momentos que tiveram. Ele quase a beijou.

estava fascinado com aqueles olhos e não conseguia tirar aquela mulher da mente. Ela era receptiva em todos os momentos. Sabia ouvir com dedicação, fazia um bolo fabuloso e havia ganhado o coração dos seus filhos de imediato.

Pillar começava a acreditar no carinho e amizade graças a ela. Sem contar com o fato dela ter provado a sua honestidade entregando a ele documento que Dona Iolanda tão irresponsavelmente jogou para cima de si.

Ao sair ele levou os  ditos documentos consigo e Longe dos Olhos de todos, furioso Ele rasgou os papéis em quê Bela passava o haras para o nome de Pillar.

 Na manhã seguinte , ele encontrou o filho acordado cedo. Ainda não eram 6 da manhã.

- Papai.

- Sim filho.

- Sábado vou poder ir na casa de Tatá com você?

- Claro que sim. Mas ainda vai demorar.

- Sinto falta dela.

- E de Pillar?

- Ela vai me bater?

- Não ! Claro que não. Você gosta muito dela , não é ?

- Claro que Sim. Porque que ela não pode ser minha mãe?

               Assim o menino conseguiu deixá-lo mudo.

Um nó se formou em sua garganta.

Na quarta-feira Ele conversou com Pillar. Viu com bons olhos a sua ligação.

- Eu acho que fui negligente com meu cavalo.

- Por que diz isso?

- O veterinário disse que ele ficou doente por causa da má alimentação.

- E por que se acha responsável por isso? Você ainda não tinha nenhuma experiência.

- Estou sofrendo muito. Não me vejo sem ele.

- Aquele rapazinho está te ajudando não é?

- Sim!

- Não vá se interessar por ele.

- Papai ! Claro que não.

- De todo o jeito eu ficaria mais tranquilo se a senhorita não tratasse esse cavalo como centro da sua vida.

- Mas eu amo ele!

- Tudo bem. Tudo bem.

- E você? Como vai essa solidão?

- Por que tanta preocupação em ver seu pai solteiro?

-  É que deve ter alguém interessada em você e você perdendo tempo desse jeito.

- Quem está interessada em mim?

                    Ele riu.

- Uma amiga minha. Um dia vai saber. Agora vou desligar.

- Tchau. Deus abençoe você. Ah querida, a propósito, antes que desligue. Tael tem namorado?

                 Pillar riu. Ele estava caindo.

- É Taele papai! Chama ela de Tatá! Ela já te pediu. Mas não. Não tem ninguém. Agora eu tenho que desligar ela deve estar me procurando. Nos vemos no sábado.

- Se Deus quiser.

- Até lá.

               Ela desligou apressada.

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