Eterna Adrenalina

O pai então suspirou aliviado, e eufórico como um adolescente. A mulher que começava a fazer parte dos seus sonhos era Livre. Procurou conter teus pulos de alegria pois não achou que combinasse mais com  um homem de 46 anos.

O sorriso de Tatá, fazia ele se esquecer de toda amargura que viverá com o luto de sua querida esposa .

Ele começou a contar os dias parecendo um garoto de 15 anos e ansioso para rever aquela que ele queria que fosse a sua segunda namorada. Primeiro conquistou o coração de Pillar e agora chegava ao seu.

Precisava fazer alguma cousa. Saiu rapidamente para comprar pão para o café da tarde e na volta , resolveu entrar em uma floricultura.

- Boa tarde senhor.

                 A florista o recepcionou.

- Boa tarde.

- Em que posso te ajudar?

- Bem moça, eu gostaria de comprar um buquê , só que não faço isso ah mais de 20 anos , desde que minha esposa faleceu , por isso estou um pouco desorientado.

- Eu entendo bem. Nessas horas os homens costumam ficar embaraçados , mas você veio ao lugar certo. Vamos escolher flores lindas você vai amar.

- Obrigado.

                        Estava feito.  ele comprou o buquê e mandou entregar.

 mais tarde recebeu um telefonema dela agradecendo, dizendo que amou. Realmente a dona da floricultura arrasou.

E no sábado bem cedinho ele e Vasco, já estavam no haras.

 ele ficou comovido com o reencontro entre o filho e Taele os dois se gostavam bastante. Foi aí que ele percebeu como aqueles meninos ,  Vasco e Pillar precisavam de uma figura materna.

- Meu Deus ! Como você está um gato hoje!

                A loira elogiou o pequeno   ajeitando com cuidado , a gola da blusinha xadrez. Ele estava a caráter   um autentico cowboy.

- Passei gel no meu cabelo. Papai que comprou. Você gostou?

               Perguntou o menino vaidoso.

- Amei ! Você está todo lindo. E cheiroso. Fiquei sabendo que queria me ver.

- Sim. Fiquei com saudade de você.

- Pede para o chato do seu pai te trazer mais vezes.

- Assim não vale Tatá.

               Patrick que observava toda a cena calado e emocionado , enfim se manifestou.

- É brincadeirinha.

- Eu sei meu bem.

- Vamos entrar.

                  Pillar os recebeu com um abraço demorado. O coração de Patrick quase saía do lugar. Não estava acostumado a lidar com o lado dócil da menina e a todo tempo olhava para ela querendo chorar. Pillar demonstrava pequenos traços idênticos aos de Bela , tanto físicos quanto comportamentais e isso o assustava.

- Meu bem , o pai quer  saber se você sente vontade de voltar para casa.

- As vezes papai, mas voltar para casa significa que eu não vou mais poder ter o colinho da Tatá com quem eu vou chorar? Nem de vó sou tão próxima assim. E não podemos esquecer do castanha. Não posso ficar 1 dia sem ver ele. Acho que se o tirarem de mim, eu morro.

- Não fale isso nem de brincadeira.

                  Ele se alterou lembrando-se da morte de Bela.

- Calma velho. Foi apenas uma força de expressão.

- Tudo bem , mas mesmo assim. Cuidado com as palavras. Se você não sabe, elas tem poder.

- Desculpa mais uma vez.

               Ele relaxou abraçando, e dando um beijo em sua testa.

- Tatá , você mostrou para ela as flores que eu te dei?

- Mostrei! E coloquei uma na beirada da sua cama. Para lhe alegrar.

- Com qual ficou filha?

- Com a margarida Papai.

                  Ele em silencio consentiu com a cabeça. Era a preferida de Bela.

- Vai brincar um pouco com seu irmão. Que tal levar o moleque para conhecer os cavalos?

- Claro!

- Mas nem preciso deixar claro que nada de chegarem perto do tal de castanha.

- Perfeito. Pode ficar tranquilo. Eu vou te obedecer. Cansei de problemas.

- Fico muito feliz em ouvir isso meu anjo.

                  Ela saiu segurando Vasco pela mão.

                 A sós com Taele   ele convidou:

- Vamos fazer começar a preparar o almoço?

- É para já.

              Tatá concordou sentindo um calor gostoso lhe invadir. Calor esse causado pelo olhar de Patrick.

Ao se sentar em na mesa, o pai de Pilar voltou a ser lembrar do que era um  lar .

se emocionou ao se dar conta de que seus filhos Conheciam essa palavra pela primeira vez e adoravam aquilo.

Aquela mulher estava mudando tudo.

- Como se sente hoje?

               Ela o tirou dos devaneios.

- Como assim?

- Te achei muito agitado na ultima vez em que nos vimos.

- Com Pillar sinto que nunca vou poder ficar tranquilo , mas estou melhor obrigado.

- Patrick você tem que aprender a separar Pillar da morte da mãe dela. você tem que diferenciar ,saber enxergar Quem é a sua filha.

 infelizmente Bela já está morta e Pillar tem a personalidade própria. Bela e a filha são pessoas distintas e se não se der conta disso logo, essa menina vai sair prejudicada.

- Nunca parei para pensar.

- Mas acho melhor começar.

                Ela exigiu dura. Ele estava envergonhado.

- Me deixa ser seu amigo.

- Você já é.

             Ele a  olhava intensamente tentando decifrar as emoções que o invadiam que se intensificavam  quando ela sorria com timidez.

- Ela está dando muito trabalho?

- Não! ela se comporta como um anjinho ela é tão adorável e muito pelo contrário não está dando trabalho . É ela que está tendo muito trabalho.  com os cavalos.  Dona Iolanda é Implacável com ela.

- Tenho que te agradecer a sugestão de presente de aniversário dela mesmo que eu me apavoro toda vez que essa menina chega perto daquele bicho.

- Você nunca vai se acostumar?

- Nunca. O que vai fazer hoje à noite?  seu namorado te convidou para sair?

- Eu não tenho namorado. E se tivesse não tinha aceitado seu buquê de flores.

                  Tatá se arrepiou inteira com aquele sorriso sensual.

- Então saia comigo , vamos conversar. Tem um filme super interessante em cartaz. O que me diz?

                   Ela suspirou apreensiva, não sabia como agir a sós com ele aquele homem era desejável demais e tinha medo de não resistir mais adorava sua companhia.

- Tudo bem pai de Pillar, tenho que pedir permissão para Dona Iolanda assim talvez ela me conceda uma folga essa noite.

- Entendi. Tem muito trabalho?

- Trabalho sem fim.

- São tarefas individuais das de Pillar?

- São sim.

- Se quiser converso com ela. Minha sogra não pode ser tão insensível a ponto de proibir que se divirta.

- Isso porque você não sabe que ela não vê com bons olhos sua vinda em minha casa. A velha é tão ousada que ela já deixou bem claro que não quer que outra ocupe o lugar que foi da filha dela. Tentei intervir,  disse que as suas visitas em minha casa são única e exclusivamente por causa de Pillar mas ela não me deixou falar .

foi logo me interrompendo e me exigiu não sonhar com relacionamento entre a gente. Me ameaçou para lá.

- O quê? O que está me dizendo?

- Isso mesmo que você ouviu.

- Mas isso não faz sentido.

- Não faz, realmente. Mas depois que você passou me visitar ela sempre me trata com hostilidade. não considera eu estar ajudando e cuidando de Pillar. para ela isso não significa nada,  mas para mim a única coisa  que importa é a menina e seu bem estar.

                 Ele baixou a cabeça constrangido.

- Meu Deus , por que ela age assim?

- Vai me dizer que não percebeu? Ela ainda te vê como marido de Bela. E não admite que outra se apaixone. Ainda mais , alguém como eu.

- Como você?

- A empregada dela. Pobre, feia..

   - Você não é feia.

    - E que fica cheirando a cavalos o dia inteiro.

                 Ela continuou, fazendo ele rir.

- Você é maravilhosa. Por Deus , não entendo o que ela pode ter contra você.

- Pare de rir Patrick! Não estou brincando.

                Esbravejou , surpreendendo-o.

- Também não estou brincando. Os seus cavalos estão escovados, as suas unhas estão bem feitas e o cheiro que sinto é muito sensual,  feminino ,  nada parecido com fenos ou esterco .Não se preocupe . Quem escolhe quem será a minha mulher sou eu e não ela e eu sei que você é perfeita para mim.

                      Tatá riu menos tensa.

- Você é terrível. Pillar puxou você.

                       Ele não disse nada sobre essa observação. Mais tarde ele confirmou o que Taele lhe falou sobre a  ex sogra e ficou chocado com aquela atitude desnecessária.

- Yolanda vão tomar Tatá do Haras esse fim de noite.

- Não sei se será possível Patrick ela é essencial não sei o que fazer no lugar sem ela.

- Prometo que a trarei sã e salva e que o passeio de hoje não irá prejudicar seu desempenho no trabalho. Ela até hesitou em ir. Disse que dorme muito cedo. Ela e Pillar...

- Se ela não quer ir , não insista.

- Mas faço questão que ela vá. Pois quero discutir algo sobre Pillar.

- Isso não seria assunto de família?

- Sim. E por saber que é a única em que a minha filha confia , preciso tirar umas dúvidas.

- Bem , eu não quero interferir. Se deseja sair com essa mulher....

- Eu não estou pedindo permissão dona Iolanda. Afinal seria o cúmulo para um homem da minha idade.

- Tem razão.

- Vou deixar Pillar tomando conta do irmão. Será que poderia dar uma passadinha lá mais tarde para conferir como eles estão?

- Vou trazer meus netos para ficar aqui. Não precisa se preocupar.

- Obrigado. Com licença.

                      Quando ele voltou para casa dos Fundos, Taele e a filha varriam a casa.

- E aí? Como foi?

                    Tatá procurou saber tentando não demonstrar ansiedade.

- Nem ao menos nos desejou um bom divertimento.

- E o que você esperava?

                     Ela sorriu olhando-o com simpatia.

- Que ela fosse educada. Mas fez de tudo para que eu desistisse. Isso fez com que eu me lembrasse o tempo todo da nossa conversa.

- Se eu fosse essa senhora eu não ficaria muito preocupada. Imagina se um homem como você iria querer alguma coisa comigo.

- Taele...

- Se eu tiver oportunidade , vou dizer para ela que não pretendo tomar o lugar da sua falecida filha.

                         Patrick olhava para ela  aborrecido pela insistência da moça em dizer que não queria o antigo lugar de Bela , Pois aquele era seu novo amor .

muito menos ele queria que a doce Tatá  ocupasse a posição que era de Bela. queria dar a ela algo muito melhor. Pillar sorriu.

- Quer que eu te ajude a escolher uma roupa bem bonita?

                   Taele sorriu abraçando-a com carinho.

- Sim meu amor , eu vou adorar.

                    Como as duas demorassem muito, Rui , amigo de Pillar e empregado do haras ofereceu sua casa para Patrick se arrumar.

- Tenho algumas roupas que talvez sirva no senhor.

- Obrigado. Você é muito camarada rapaz.

                    Patrick sorriu.

- Vai sair com Tatá não é?

- Vou.

- Imagino como o senhor deve estar se sentindo ansioso. Aquela mulher é sensacional. Deixa muito peão doido aqui no haras.

- E você acha que eles têm alguma chance?

- Ela não dá bola para ninguém.

- E eu? Acha que tenho chance?

- Não sei não senhor. Mas meu pai arrasta a maior asa para ela.

- Me deseje boa sorte e lamente por seu Pai. Eu vou tentar conquistar o coração dela.

- Bom senhor, boa sorte.

- Gostei muito de você rapaz.

- E eu gostei do senhor.

                      Eles se deram um abraço.

- Agora me chama de Patrick. Não quero me sentir velho demais.

- Também estou interessado em uma pessoa.

- Seria na minha filha?

- Sim.

                   O rapaz informou tranquilo.

- Vê lá hein cara! Meu neném é o meu bem mais precioso.

- Eu sei.

- Bem , se quiser tentar... ela tem um coração indomável. aquela Selvagem. mete medo.

- Em mim não.

- E é melhor que fique sabendo logo , aconselhei para ela não se apaixonar por você , porque pensei que também era porqueira. Agora vejo que não. Que é um moço do bem. Está aí autorizado. Vai em frente , mas cuidado. Usa um colete a prova de balas para chegar. Ela é pancada.

- Não é nada! Talvez era antes do cavalo.

- Não me fala desse animal.

- Me desculpe.

- Fico bolado demais.

- Eu percebi. Não vou mais falar.

                     Patrick sorriu. Ele sabia que 100% da mudança da filha devia-se a Taele.

Agora ela parecia mais calma , acessível, conhecia o que era carinho e não estava mais tão atrevida.

ele já estava pronto. Deu um abraço no rapaz em forma de agradecimento e foi buscar a nova dona dos seus pensamentos. Chegando lá , encontrou as duas animadas. Aquela cena o comoveu.

- Você está tão linda!

- Acha mesmo Pillar?

- Sim! Só precisa de blush e um pouquinho mais de brilho.

                   Pillar a levou até a penteadeira.

- Não vai ficar exagerado?

- Lógico que não! Confia em mim eu entendo de moda. Patrick vai adorar.

                    A moça riu.

- Tudo bem, eu vou confiar em você linda.

- Posso apostar que ele está caidinho por você, é a primeira vez que ele convida alguém para sair sabia?

- Verdade mesmo?

- Ele fica tão engraçado te olhando com aquela cara.

- Que cara Pillar?

                     Ele perguntou curioso, fazendo Taele se sobressaltar, mas Pillar não perdeu a pose.

- Cara de apaixonado Papi.

                       Taele estava cada vez mais vermelha.

- Acontece que você acertou em cheio filhinha. Papai está completamente apaixonado por essa mulher. Um sentimento assim não dá para esconder , mas o Que me diz ? Me apoia? Me ajuda a conquistar ela?

                       Tatá continuava de boca aberta.

- Claro que sim. Com o maior prazer.

- Ah meu Deus! O que faço com vocês dois?

                        Ela olhava para Pai e Filha enternecida , mas apreensiva. Não sabia se seria uma boa idéia sair com ele, pois , se Patrick tentasse algo , se a beijasse ela se renderia. Mas não podia amar aquele homem. Amá-lo seria bater de frente com dona Iolanda e ela não se sentia preparada para aquela guerra. As vezes ela tinha a nítida sensação de que o fantasma de Bela estava lá e aquilo lhe causava tanto medo que ficava difícil até dela respirar.

- Está pronta?

                       A voz de Patrick a tirou de seus pensamentos. Vendo que Tatá não se mexia , Pillar resolveu empurrá-la até o quarto.

- Ela só vai pegar a bolsa papai.

- Perfeito.

                        Solicita , a jovem os levou até o carro. Foi abraçada com a cuidadora.

- Papai , cuida muito bem dela.

- Pode deixar meu bem. Vou cuidar.

- Pillar , não durma tão tarde e não assista filmes de terror.

                       Taele recomendou mesmo sabendo que seria em vão.

- Divirtam-se.

- Obrigada(o)

                       Responderam.

A noite dos dois era muito tranquila e divertida. Depois do restaurante foram para o cinema e de lá , até uma boate. Mas Tatá não conseguia relaxar por completo na presença de Patrick.

O Impacto que aquela sensualidade lhe causava era muito grande, por outro lado achou melhor não se preocupar tanto, pois,  ele era como um perfeito cavaleiro tratando-a com carinho o tempo todo, e principalmente sem ultrapassar os limites.

- Mais vinho?

- Obrigada , acho melhor não. Eu não estou acostumada a beber desse jeito.

                      Ela riu.

- Você é linda.

- Obrigada. O que disse é verdade?

- O que eu disse?

- Que está apaixonado por mim.

- A mais pura verdade. Parece chocada. Não vejo nada errado nisso.

- Já se livrou dos seus sentimentos por Bela? Vai se permitir sair do luto?

- Creio que sim. Pode me ajudar?

- E se eu não conseguir?

- Pillar nos ajuda. Temos muita coisa nova para construir. Não me negue essa alegria. Deixa eu te conhecer melhor.

- Tudo bem.

- Mudando de assunto. Conversei muito com aquele rapaz, novo amiguinho de Pillar. O que acha dele?

- Um encanto de pessoa.

- Ele está apaixonado pela minha filha. O cupido não para de atirar suas flechas, não?

- Parece que sim.

                  Concordou rindo.

- Apesar de que sua munição atingiu só uma parte. Ele está muito ruim de mira.

                  Seguiam rindo divertidos.

- Você acha?

                   Tatá indagou doce.

- Eu acho. Desse jeito ele vai é deixar o coração de todos os homens partidos.

- Isso seria uma pena.

- Por que ficou tão séria de repente?

- Porque de repente me deu a impressão que sua sogra ama você.

- O quê?

- E o considera só dela.

                          Ele riu.

Foi o fim da calmaria.

Ao chegarem no haras eles se depararam com um barulho forte e uma movimentação muito grande . Ao descer do carro , Patrick observou horrorizado , Castanha pisoteando um dos funcionários. Algumas ambulâncias já se encontravam no local. O que significava que coisas mais graves haviam acontecido por ali.

Eram 3:30 da manhã. A mesma hora que a filha foi presa.

Ela, que assistia a tudo aflita, correu.

- Não ! Não toquem no meu cavalo.

                   Estendeu os dois braços na frente dele , como se quisesse protegê-lo.

- Pillar! Não se aproxime!

                    Patrick a deteve.

- Me larga papai! Eu tenho que fazer alguma coisa! Não posso deixar que o levem! Vão machucá-lo! Ele está doente!

                    Ela já chorava soluçando.

- Mas não esteve doente para pisotear esse pobre coitado. O homem poderia ter morrido.

                Patrick segurava a filha com tanta força que suava.

Ela se debatia nos braços do pai , vendo seu cavalo ser enlaçado e arrastado pelo haras á força.

             Sem conseguir suportar tal cena, Pillar desmaiou.

Horas depois , ela chorava com a cabeça escondida no ombro de Taele , deitada no colo dela. O pai andava de um lado para o outro da sala furioso. Não tinha paciência quando o assunto era o descontrole da filha em relação a àqueles animais selvagens.

- Tatá por favor! Conversa com minha avó! Eu te imploro! Não Deixa eles tirarem o castanha de mim! Ele deve estar machucado. Apertaram o focinho dele com aquela corda! Eu vi!

- Calma! Calma meu amor! Se eu pudesse ajudar você! Mas temo que dessa vez não vou poder fazer nada.

- Não! Por favor! Não fala isso. Você pode! Pode sim.

- Pillar você tem que entender  que todos aqui odeiam esse cavalo. Como eu vou poder interferir?

                       Dona Iolanda bateu na porta. Carrancuda , os braços cruzados.

- Vó! O que aconteceu com o meu cavalo?

                        Patrick afastou a filha bruscamente.

- Dona Iolanda , eu exijo que a senhora suma com esse animal. Não quero que Pillar se aproxime dessa criatura nunca mais.

- O quê?

                         A jovem contestou Em choque

- Isso mesmo que você ouviu.

- Você é um traidor!

                           Pillar declarou olhando para o pai com ódio mortal. Ele foi embora sem mais uma palavra. Parecia magoado.

O acidente que matou Bela anos atrás , jamais deixaria Pillar ser feliz. No decorrer das Horas, uma febre forte a abateu.

Ela não falava nada com nada estava em estado de choque. Tatá não aguentava ver ela nessa situação.

Na manhã seguinte ao se recuperar, a primeira coisa que ela fez foi procurar avó no escritório. Chegou com rompante e nariz em pé.

- Onde está meu cavalo? Eu quero vê-lo.

- Você não o verá nunca mais. Seu pai tem razão! Esses animais sempre destruíram a nossa vida.

- Mas o castanha nunca me fez nada!

- Ele feriu 3 pessoas e o pai dele , matou a sua mãe. Se não o neutralizarmos , ele vai matar alguém também.

- Mas vó! Aqueles homens o provocaram! Eu vi tudo! Os prevenir de que um árabe é Indomável mas não me escutaram. Castanha não tem culpa e eu o quero.

- Vai para a casa dos fundos e esquece esse animal. O assunto está encerrado.

- Não vó! A senhora não pode fazer isso comigo.

- Eu já disse menina insuportável! Assunto encerrado.

- Já vi que a senhora não sente um pingo de amor por mim.

                    Pillar declarou antes de desmaiar mais uma vez. Do jeito que estava , ficou : jogada no chão. A avó chamou um dos empregados que a levou para a casa de Tatá.

3 dias se passaram e a loira ligou para Patrick , desesperada.

- Patrick ! Pelo amor de Deus ! Me escuta! Busca esse cavalo! Pillar está trancada no quarto! Não bebe , não come e já não me escuta para nada! Estou assustada!

- Isso é chantagem. A mãe dela fazia a mesma coisa quando era proibida a se aproximar de Bonito.

- Você não se importa com sua filha?

                    Ela bateu o pé no chão indignada.

- Já tomei minha decisão.

- Mesmo vendo o quanto ela está sofrendo?

                   Uma semana depois ela voltou para escola. Os amigos a chamavam de opaca e sem vida.

- Podem falar o que quiserem. Desde que roubaram a razão da minha vida, não me interessa mais nada. Nada , nada nada.

               Chegou no haras chorando e soluçando. Olhava para o cantinho vazio de Castanha e pensava como ela poderia seguir cumprindo a pena sem ele ali.

- E Pillar?

                Questionou Patrick duas semanas depois , sem graça com a frieza de Taele.

- Você ainda pergunta?

- Quero saber.

- Não sei que diferença isso vai fazer para você , mas ela está lá no quarto agora , seus olhos continuam vermelhos e inchados. Ela não pára de chorar. Desmaia direto. Ontem foi la na escola , por isso achei melhor hoje ela não aparecer lá.

- Não entendo! Só por causa de um cavalo?

                Taele estava com os nervos a flor da pele e quando ia dar a Patrick uma resposta como ele merecia , chegou dona Iolanda.

- Escuta aqui , onde está Pillar?

- Deitei ela agora para ela poder dormir.

                 Tentou informar com calma.

- Ela não pode se entregar. Ainda tem muito trabalho.

- Que horas são?

- 5:30. E  9:00 eu quero que você a acorde.

AS 6 da tarde Tatá foi para o fogão preparar arroz com bife , que era o que Pillar mais gostava de comer. Pensando em lhe dar um pouco mais de animo quando a mesma acordasse , apesar de saber que isso seria difícil.

Assim o tempo passou sem mais preocupações. Taele e o pai de Pillar crentes que tudo estava dentro da normalidade. Mas quando deu 9:30 o horário que a avó determinou acordar a menina para mais uma conversa , definitiva, Taele foi chamá-la e descobriu que o quarto estava vazio.

Ela retornou para a sala e encostou-se na porta. Branca feito uma folha de papel.

O coração de Patrick gelou.

- Pelo amor de Deus Tatá , o que aconteceu?

- Pillar. Pillar não está no quarto.

                       A reação de Patrick fez Taele quase explodir de nervosismo.

- O quê que essa menina pretende? Nos enlouquecer?

- Ela fugiu!

- Calma! Pensando bem , não vamos nos desesperar! Talvez ela esteja no banheiro!

                     O pai da menina tentava tranquilizar a cuidadora que tremia feito gelatina. Ela correu até o cômodo.

- Não. Aqui também ela não está! Ela está sumida eu sei! Vamos procurar Patrick ! Pillar não pode ficar por aí.

                      Ela parecia em choque. Estava gelada e se Patrick não a amparasse, ela provavelmente cairia.

- Vamos procurar! Mas primeiro você precisa se acalmar.

- Não! Me acalmar não! E se não tivermos tempo? Ela esta muito debilitada , onde foi fraca desse jeito? Alguém pode fazer alguma coisa com ela.

- Tatá! Respira! Você está começando a me assustar.

                     Ela tentava puxar o ar. Os olhos turvos de lágrimas. Tudo á sua volta girava e ia escurecendo aos poucos.

                       Pillar chegou em seu mundo , despertando nela o instinto materno que ela havia enterrado anos atrás e ela nunca pôde imaginar que amor de mãe poderia doer tanto , ser tão intenso e ao mesmo tempo proporcionar tanta alegria e prazer.

- Eu não posso perder essa menina como eu perdi meu bebê.

                       Agora era Patrick que estava em choque.

- Seu bebê?

- Sim. Eu tive uma filha. Fruto do meu primeiro e único amor.  Eu era muito nova e minha mãe me obrigou a abortar. Eu não queria. Mas antes de tirar , fiquei sabendo que era uma menina. Lutei! Lutei muito , mas não pude ficar com ela.  E durante anos , anos e anos a única coisa que eu sonhava era preencher o vazio dos meus braços e achei que não era merecedora disso , porque Deus não me ouvia.

-   Meu Deus que horror!

                    Tatá continuava narrando , chorando e rindo ao mesmo tempo.

- Mas aí ele me ouviu.

- Ouviu?

- Sim! Porque apareceu aqui , uma princesinha linda , mas muito marrenta. Ela estava assustada e foi difícil para me aceitar. Mas aí ela viu que eu só queria ajudar e dar a ela todo o amor que ela nunca conheceu de uma figura materna. Tentei mostrar que isso não lhe faria mal. Só lhe faria bem. Ela precisava de uma mãe   eu precisava de uma filha. Ela disse que queria mudar, eu disse que queria ajudar e agora ela está sozinha. Não Patrick , ela não pode continuar! Levanta agora desse sofá ! Vamos procurar Pillar.

- Mas você não está em condições!

- Mas vou ficar!

- Tudo bem. Vamos.

-  Rápido! Não era nem para a gente estar aqui ainda! Afinal , tudo isso está acontecendo por culpa sua.

- Minha?

                        Ele protestou surpreso.

- Lógico e não adianta fingir que não! Você já tinha prometido o cavalo pra ela. O deu de presente.

- Eu sei. Você não imagina o quanto senti com aquela cena. O quanto foi difícil  tomar aquela decisão.

- Desse jeito ela não vai mais confiar em você.

- Nunca confiou.

                Ela suspirou angustiada e sem esperar para ouvir mais nada , correu até a entrada do haras , onde estava estacionada a caminhonete dele. Patrick foi logo atrás , trancando a casa , rogou a Deus pela integridade de Pillar.

Ele Deu para Tatá , uma lista com nome de amigos com possíveis endereços onde ela poderia estar. Sem perder tempo a loira  foi se certificar , enquanto ele entrava em todos os bares da cidade onde já tinha visto Pillar. Em vão.

Meia noite eles se encontraram  na praça ao lado do parque central.

- Você não a encontrou?

- Não.

- Meu Deus ! Onde foi parar a minha filha? O que eu vou fazer se algo tiver acontecido com ela?

- Não ! Não fala isso! Não vai acontecer nada com ela.

                        As lágrimas de Taele não cessavam. Foi aí que ele confirmou o quanto aquela mulher era importante para ele e para os filhos.

-  Ela vai aparecer.

- E Vasco hein!?

- Está com a avó! Não chora mais! Por favor! Eu te imploro.

- Só vou parar de chorar quando ela estiver na minha frente. Quando eu ver que ela esta segura. Quando eu a abraçar! Mas você não vai entender. Porque você não sabe o que é amar a Pillar. E eu , tudo que eu mais quero é tê-la em meus braços.

- Tudo bem eu entendi. E eu amo a minha filha sim. Só que do meu jeito.

- Esse amor que a morte de Bela nunca deixou crescer. Não é mesmo?

- Sim. Você está certa.

                         Ele não queria discutir. Estava cansado e abalado.

Patrick a abraçou. Também angustiado.

Depois dele muito insistir , Taele resolveu voltar para o Haras.

Sua noite foi um pesadelo. Ela se deitou na cama de Pillar para sentir a presença da garota , precisava sentir que ela estava bem. Por outro lado , se revoltava com a frieza do pai dela.

Como não conseguia dormir  ficou andando pela sala.

Por que aquela garota tinha que ser tão complicada ?

Patrick se questionava. O cavalo era o centro da vida dela e ele tinha muita dificuldade em aceitar isso. Mas a certeza que ele tinha era que Pillar agia assim por culpa dele , que não soube lhe dar carinho mas isso não significava que iria aceitar assistir a filha se matando exatamente como fez a mãe em consequência da paixão por um bicho selvagem. Pois se não fossem os mesmos , estariam juntos e felizes os três.

                     Então amanhecendo ele ligou. Deixando Taele com o coração na mão. E quando ele disse alô, ouviu um:

- Ah! É você?

- Pillar apareceu?

- Ainda não.

                  Ela lutava para o pânico não invadi-la.

- Quem sabe ela não está na casa do Rui?

- Não. Lá ela não está. Ele também veio aqui procurar. Também está preocupado.

                  Alguns minutos depois , ele perguntou , se alarmando com o silencio.

- Tael o que aconteceu? Ainda está aí?

- Estou. Patrick. Vem ficar aqui comigo. Estou com medo.

- Acho melhor não. Já que fui o culpado, ela não vai gostar de me ver aí quando chegar.

                       Tatá desligou o telefone aborrecida.

O dia amanheceu ensolarado , ela acordou 7:30 e fez um café .

Apesar do calor, sentia-se gelada até os ossos com uma dor de cabeça enorme,  Tremendo,  e sua vontade de chorar o tempo todo só crescia.

 Ainda não acreditava que que Pillar sumira.

Mais assustador era o motivo de tanto desespero: um cavalo.

Aquela criatura Com certeza não tinha ideia do que provocava.

 Ela se assustou com uma tosse rouca. correu até a porta e abriu.

Era Pillar.

- Oh meu Deus Pillar!

                 Ela estava totalmente bêbada.

- Olá!

                Antes que a menina caísse e se machucasse Taele amparou-a e a levou para o seu quarto.

- Vou te dar um banho. Aí você melhora.

- Não! Não precisa! Eu não sou criança igual meu irmão! Sou uma mulher.

- Mas sem juízo nenhum. E eu vou cuidar de você. Não discute comigo.

- Está bom!

- Porque você não disse onde estava?

- E quem se importaria?

                         Sua voz era fraca e muito trêmula.

- Eu! Não consegui dormir preocupada com você meu amor.

- Desculpa . Não queria te causar transtorno. A você não.

                          Ela abraçou Tatá chorando e a moça deixou que ela chorasse até se acalmar por completo.

Esperaria o tempo que fosse a menina se recuperar , pois não era o pai dela. Ela secava cada lágrima que Pillar insistia em derramar .

- Agora você vai dormir um pouco.

- Tatá! Preciso muito de você.

- Não vou te deixar nunca. Vem deitar. Descansa um pouquinho.

- Pede para a minha vó devolver meu cavalo.

- Vou pedir. Pode ficar tranquila. Eu te prometo.

                      Uma sombra de Sorriso parece eu surgir nos lábios da menina o que deu uma enorme Esperança em Tatá .

Ela imediatamente Correu para o telefone e avisou o pai de Pillar Falando bem baixinho para não incomodar .

Quando chegou no quarto ela estava com a televisão ligada mas sua cabeça estava baixa.

- Trouxe um lanche para você.

- Não eu não quero! Tira isso da minha frente! Não quero nada.

                       A jovem rebelde virou o rosto enojada e com irritação.

- Pillar ! Vamos parando de malcriação. Só estou pensando no seu bem. Você bebeu demais e pode passar mal se continuar de estômago vazio.

- Eu não quero.

                       Tatá suspirou . Pillar já chorava novamente.

- Tudo bem. Não vou ser chata , não vou insistir com você. Quando sentir fome , vou deixar no criado mudo.

- Obrigada.

                     Taele deixou  o quarto em silêncio. Não adiantava discutir com Pillar. Ela tinha um gênio muito forte e isso só piorava porque justo quando ela começava a conhecer um pouquinho do amor, lhe tiraram o que ela mais amava na vida e ela que nunca confiou em ninguém , agora tinha motivos mais fortes para tal.

Mas Tatá não desistiria da rebelde, ainda mais depois da menina declarar que precisava dela . Ela considerava isso um milagre , pois Pillar não gostava de expor seus sentimentos.

Sua avó estava furiosa com ela e seu trabalho foi redobrado.

- E anda logo com isso. Se a mocinha teve capacidade de fugir , terá para consertar essas 50 selas o mais rápido possível. Pode começar. Eu quero é para hoje.

- Eu sei! Eu faço tudo que a senhora quiser, desde que não tenha que lhe dirigir a palavra. Porque te acho egoísta e traidora assim como meu pai.

                          E olhando avó com arrogância menina saiu pisando duro. Tatá a seguiu .

- Quer que eu te ajude?

- Não. Não precisa. Obrigada. Eu não quero te atrasar nos seus ofícios.

                        Pillar disse em voz suave.

- Querida , você não poderia ter falado assim com sua avó.

- Eu não me arrependo. Eles não poderiam ter feito o que fizeram comigo. Castanha está doente ! Não pode ficar sem tratamento. Se ele morrer a culpa será toda deles e eu não os perdoaria nunca.

- Deus não vai deixar que isso aconteça.

- E depois eu odeio que gritem comigo. Toda vez que vó gritar , vou fazer o mesmo com ela. Ela e esse tal de Patrick precisam entender que quem manda na minha vida sou eu. E eu vou infernizá-los até Eles enlouquecerem e fazerem o que eu quero.

- Selvagem desse jeito  não vai conseguir nada.

- Tem certeza?

- Absoluta. E depois , esse tal de Patrick é o seu pai.

- Fazer o quê...

- Não fala assim.

- Ih ! Quer saber? Hoje você está muito chata.

- Sou chata porque amo você! Quero cuidar de você. Será que não percebe que nunca vou agir querendo o seu mal?

                    Pillar , desarmada , a abraçou.

- Bom trabalho. Já vou começar.

- Para você também meu bem.

                   Com o passar dos dias Pillar ia se acalmando aos poucos. Mas em suas horas de folga , ela punha as mãos na cintura , e por trás das arvores, circundava o haras sem ser vista. Visitava todas as baias na esperança de encontrar com seu cavalo. Lágrimas de frustração invadiam seus olhos. Pois não o via.

Rui estava lá e ela se aproximou.

- Pillar! Pillar você voltou.

                     Ele a recepcionou entusiasmado.

- Pois é ! Voltei.

- Por que sumiu por tanto tempo?

- Se eu pudesse nem tinha voltado. Mas não posso me esquecer que aquele juiz horroroso está de olho em mim.

- Que bom que está de volta.

- Vem cá peão! Você gosta de mim?

- Muito! Por que?

- Então , será que posso te pedir um favor especial?

- Me diga , qual?

                           A garota se aproximou sorrindo e lhe deu beijo de surpresa.

Tatá observava feliz , a cena de longe.

“Tudo voltando ao normal”

                          Ela vibrou em silêncio vendo o excelente apetite de Pillar.

- Hummmm! Essa comida está deliciosa.

- Quanto tempo não te vejo comendo assim.

- É que tenho que recuperar as minhas forças para continuar procurando meu cavalo.

- Isso aí. Você chegou aqui muito magrinha.

- É que eu detesto a comida do meu pai. Não conta nada pra ele não.

                       Taele riu emocionada.

- ih! Eu acho que ele já sabe disso.

- Ferrou.

                     Riam juntas agora.

- E então? Preparada para me contar o que aconteceu naquela noite?

- Aconteceu que eu estava sentindo uma dor tão grande ! Mas tão grande... que só me lembro de ter invadido a casa de vó pé por pé. A porta estava aberta. Ela estava dormindo. Abri o bar dela e tirei de lá 5 garrafas de cerveja e 3 de whisky e tomei tudo. Só consegui tomar isso . Acredita?

- E você acha isso pouco?

- Comparado aos velhos tempos! Depois apaguei. Quando eu acordei de manhãzinha estava na casa de um cara.

- De um cara? Que cara?

- Eu não sei quem é! Ele me viu naquele estado e me levou para lá. Eu estava muito longe daqui do rancho.

- Pillar! Você está me dizendo que se refugiou na casa de um estranho? Isso é perigoso demais! Ele poderia ter te matado!

- Mas não matou. Me deu teto. Eu não podia ter ficado no relento. Depois que passou também fiquei com medo. Prometo que não faço mais. Para você eu vou ser uma boa menina. Porque é muito boa pra mim. Não fica brava comigo. Por favor!

- Já passou querida. Está tudo bem.

                       No sábado , elas conversavam distraídas sentadas na varanda , quando Patrick chegou. Pillar não conseguia acreditar que ele apareceu por lá.

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