- Puxa! Que folga!
Ele comentou o fato da filha estar deitada com a cabeça do colo de Tatá. Que lhe fazia cafuné.
- É. Hoje sua filha está muito preguiçosa. Não quer nem se levantar.
Ele seguia sorrindo sem graça e se alarmou com a docilidade de Pillar. Com certeza viria mais bomba pela frente.
- Oi Papai! Seja bem vindo.
- Obrigado.
- Cadê meu irmão?
- Ficou na sua vó.
- Então , dá licença que eu vou lá ver ele.
- Tá ok.
Ela se levantou e saiu correndo. Ele continuava olhando para ela intrigado.
Mas não havia mistério. A filha o tratava bem para tentar recuperar o cavalo , mas o que a invadia quando ele se aproximava , era ódio. Nunca saberia lidar com traição.
“Isso tudo é culpa da minha mãe.”
Não pôde evitar de Pensar.
- Patrick ! Você está cheio de olheiras.
Observou Tatá com preocupação. Suspirando cansado , e se aproximando, segurou suas mãos.
- Eu não consigo dormir direito. Meu sono é de 1:00 hora . O resto da noite passo toda em claro.
- Mas por que?
- É o sofrimento de Pillar.
- Ela está bem.
- Sim. Mas até quando? Meu neném é uma bombinha. Pode explodir de uma hora para a outra. E eu agi muito mal com ela. Meu Deus o que eu faço?
- Trás o cavalo de volta. Só você e a vó sabem onde ele está! Patrick se você ama sua filha, não compactua com essa mulher má.
- Tatá!
- Sim?
- Desde que a vi , não consigo mais te tirar dos meus pensamentos. Estou muito apaixonado por você.
- Oh Patrick querido!
Ela suspirou acariciando aqueles cabelos macios . Emoções contraditórias a invadindo. Não ficariam juntos enquanto ele não aprendesse a amar Pillar. Tatá já tinha decidido. Por isso , muito sutilmente o afastou.
- Acho que estraguei o fim de semana de vocês.
- Não. Eu acho que não. Vem , vamos para a cozinha. Vou preparar a sobremesa dela.
- E para o pai? Você não vai fazer nada?
- Seu bobo! Claro que sim.
O dia passou tranquilo, e muito rápido. Pillar e Patrick trocavam poucas palavras. Tatá no meio observando, tentando amenizar e sem poder fazer muita coisa. Quando deu 8 da noite , ela se despediu apressada.
- Ei onde você já vai? Nem pensar em escapar de novo hein!
- Escapar? Que idéia é essa? Claro que não pai.
Ela pegou o irmão no colo para despistar.
- Vai sair? Te dou carona.
- Não! Eu só ia ali. Ver Ruizinho.
Confessou vermelha.
- Estão namorando?
- Não. Ainda não! Ai Pai! Pára de ser indiscreto.
- Tudo bem, desculpa.
Ele beijou a testa dela e pegou o filho dos braços dela. Ela , sem perder mais um minuto, correu para se encontrar com Rui. O rapaz a esperava já tinha 20 minutos.
- Preparado?
Pillar quis saber ansiosa.
- Não.
- Deixa de ser fracote menino! De todo jeito nós vamos.
- Então vamos. Tem certeza de que vai dar certo?
- Tem que dar certo. Minha vida depende disso.
Os passos de Pillar eram firmes. Os de Rui , vacilavam. Ele parou no meio do caminho , sendo puxado pela mão. Não tinha outra opção. Pillar estava determinada.
Enquanto isso na casa dos fundos...
- Patrick. Quer café?
Tatá ofereceu.
- Não. Obrigado. Não quero nada. A única coisa que quero é me livrar do passado.
- É a melhor coisa que você faz. Pelo bem de Pillar.
- Você me ajuda?
Taele sorriu.
- Ajudo.
Mas o passado não o deixava em paz.
Tinha certeza de que Pillar saiu para aprontar de novo e isso não demorou a se confirmar.
Quando o barulho de galopes rápidos chegaram aos seus ouvidos ambos correram para varanda a tempo de ver Pillar praticamente voando em cima de Castanha.
Um mal pressentimento fez a espinha de Patrick gelar.
- Pillar! Pare imediatamente!
Ele gritou.
- Patrick! Deixa ela!
Tatá aconselhou mas ele não ouviu. Corria atrás da filha enquanto ela atravessava o campo cada vez mais veloz.
- Pillar!
O grito de Patrick foi tão grande que o cavalo Se assustou e se inclinou atrás jogando pilar no chão Tatá desesperada correu até ela E verificou o seu estado.
- Patrick chame uma ambulância! Ela está desmaiada. Melhor levá-la ao hospital.
- Não! Vamos no meu carro. Esperar pode ser fatal.
- Então eu dirijo.
E 20 anos depois ele fazia o mesmo trajeto. A tragédia se repetiria? ele perderia a filha assim como perdeu a mãe dela? No hospital, andava de um lado para o outro. Como um leão. Sentava , levantava e voltava a percorrer todo o corredor lotado.
- Aquele cavalo infeliz!
Rosnou.
- Patrick ! Isso não é hora! Contenha-se por favor! Se tivesse me ouvido se não tivesse gritado feito um louco , nada disso teria acontecido.
- Não pude evitar. Vi tudo se repetindo.
- Você está destruindo a vida da sua filha . Ela não tem culpa da morte da mãe e muito menos o coitado do Castanha. Ele não sabe de nada. Mas parece que você não entende. Não quero ser testemunha disso.
Quando ela se afastava , ele segurou sua mão.
- Não se afaste de mim. Por favor!
Nesse momento, um médico se aproximou.
- Vocês são da família de Pillar?
- Sim. Como ela está? Podemos vê-la?
- A mocinha está muito agitada.
- Ela é muito agitada.
Tatá o olhou com repreensão Diante dessa afirmação.
- Aplicamos um sedativo nela. Faz mais de meia hora e ainda não fez efeito. Ela não pára de chamar pela mãe.
- Pela mãe?
Patrick estranhou.
- Sim. Tatá! É você moça?
- Sim! Sou eu!
Ela confirmou em prantos , o coração na garganta ainda sem acreditar no que o medico disse. Pillar a chamou de mãe. Se apoiou em Patrick impactada com tamanha graça. Ele , continuava impressionado com a força do sentimento que as unia. Se Pillar tivesse conhecido Bela, talvez não a amaria tanto.
- Pois vamos! Vou levá-los para vê-la.
Quando ela viu o médico , foi logo perguntando, ansiosa:
- Doutor quando eu vou poder sair daqui?
- Se for uma boa menina, amanhã á noitinha.
Ele saiu fechando a porta. Pillar estendeu a mão para Taele sorrindo.
- Como você se sente querida?
Tatá se aproximou com cuidado.
- Dói.
Resmungou.
- Onde?
- Nas costas e parece que meu corpo todo está quebrado.
- Mas o médico nos disse que você não tem nenhuma fratura.
- Patrick! E o meu cavalo?
- Ele quebrou uma pata.
- Viu o que você fez?
- Perdão. Fui um idiota.
- Como sempre!
- Olha o respeito menina!
Exigiu furioso. Ela se encolheu e levantou as mãos como se estivesse pedindo trégua.
- Desculpa. Quero ver meu cavalo.
- Amanhã.
- Ele deve estar sofrendo tanto. Coitadinho. Tatá. Estou com fome.
- Vou buscar um lanche para você.
- Vai , mas volta depressa ok?
- Sim meu amor.
Ela e o pai ficaram a sós. Ele estava em pé ao lado da cama , mexia com os dedos dela , tentando uma descontração , mas ambos estavam muito sem graça. Patrick viu que o tranquilizante começava a fazer efeito. Os olhos dela quase se fechavam , mas abriu um sorriso quando Tatá voltou.
- Trouxe um sanduiche delicioso para você. E uma vitamina de abobora.
- Hum deve ser horrível. Mas obrigada.
Tatá ajeitou a bandeja no colo de Pillar que acariciava o rosto da moça. Patrick estava estupefato com o que via. A filha nunca fazia isso com ninguém. Era extremamente fria e Tatá era a única que parecia ser capaz de quebrar aquele gelo.
- Filha ! O pai tem uma boa noticia pra você!
- Ai desculpa Patrick! Não acredito mais em boas notícias! Já estou bem crescidinha para acreditar em conto de fadas.
- Baixa essa guarda pelo menos 1 minuto. Pode ser?
- Ok vai lá! O que tem para me dizer?
- Recebi um comunicado do juiz e você foi absolvida. Não vai mais precisar cumprir pena.
- O quê?
Ela murmurou em choque.
- Aconteceu o que tanto queria. Amanhã mesmo poderá fazer suas malas e voltar para a cidade.
- Não mas eu não quero ir embora! Eu quero ficar no haras! Eu não posso deixar a Tatá!
- Você pode visitá-la todos os dias minha filha! E o seu cavalo também. Mas você vai para a casa. Durante quanto tempo só pensava nisso!
- Não!
- Pillar...
Patrick tentou continuar. Então, ela se agarrou á Taele , desesperada.
- Diz que eu vou poder ficar com você! Eu não quero ir embora. Quem vai me dar o seu beijo de boa noite? Quem vai me cobrir?
- O papai!
- Não! Não deixa eles me separarem de você mamãe! Eu te amo! Diz que eu vou ficar lá!
Patrick e Taele estavam de boca aberta. Tatá engasgada de emoção.
- Também amo você! Ninguém vai te tirar de lá. Se quiser pode ficar.
- Obrigada.
Agora ela enxugava as lágrimas mais tranquila.
- E eu pensando que esse calmante estava começando a fazer efeito.
Patrick observou fazendo Taele rir.
- E está! Eu estou com muito sono.
- Então vamos dormir?
- Sim , mas tira esse negócio do meu nariz! Está doendo muito papai!
- Infelizmente não pode.
- Mas por quê?
- Você tem que tomar soro para poder se recuperar. Se quiser ir para o haras amanhã e cuidar do seu cavalo , trate de se comportar e dormir de uma vez.
- Combinado então.
Ela abaixou a cabeça aborrecida. Ele segurou sua mão e beijou sua testa com cuidado.
Quando ela adormeceu Patrick saiu do quarto e deu de cara com Iolanda no corredor , com um semblante preocupado.
- Como está minha neta?
- Dolorida , a queda foi forte. Mas esta bem. Vai sair amanhã. Dessa vez eu mesmo coloquei a vida da minha filha em risco. Vai ficar no rancho. O juiz a absorveu por bom comportamento, mas acabou que ela não quer voltar para a cidade.
- Já estava imaginando isso. Ai aquela garota. Idêntica á minha Bela.
- Pois eu acho a personalidade dela até mais forte.
E a senhora continuava ali, bombardeando-o com uma série de perguntas. Ele olhava para Taele intrigado.
Ela estava calada e muito pensativa a um bom tempo. Patrick estava assustado . Não sentia isso desde Bela. O desejo e a paixão intensa o atordoava. Não via a hora de ficar sozinho com ela.
Muitas horas depois ele conseguiu se aproximar.
- Está chateada comigo?
Tatá virou-se para encará-lo.
- Por que deveria estar?
Ele acariciou seu rosto.
- Vai para o haras. Você está esgotada.
- Não! Eu não vou deixar minha menina.
- Não fique assim tão triste. Pillar já está bem.
- Sim. Eu sei.
- Tatá, obrigada por amar minha filha. Você é muito importante pra nós.
- Fico feliz de ter conquistado o carinho de todos vocês.
- Você é uma ótima mãe.
Ele a beijou com doçura e longamente , mas apesar da grande emoção , ela se afastou.
- Não é o momento.
- Não vou me desculpar. Por que não se permite algo mais intimo entre a gente?
- Eu temo que a gente se precipite e acabemos por prejudicar seus filhos.
- Mas como isso aconteceria? Eles te amam!
- Patrick você é muito dependente emocionalmente da sua falecida esposa. Não tenho a menor certeza de que isso vá dar certo.
Ela sorriu quando ele beijou sua mão.
- Tatá! Me dê uma chance!
- Vamos esperar mais um pouquinho Patrick.
- ok princesa. Como você quiser.
No dia seguinte eles ajudavam Pilar caminhar até o quarto na casa de Taele.
- Feliz por voltar ao lar , meu amor?
- Sim mamãe! Desculpe Patrick! Não consigo mais sobreviver sem esse lugar.
- Eu sei querida. Sua mãe adorava todos os minutos que passava aqui. Espero que seja feliz nesse rancho também.
Ela olhava para ele sorridente.
- Taele vai cuidar muito bem de mim papai.
- Tenho certeza de que sim.
Uma semana se passou e durante todos esses dias , ela recebia a visita de Rui . Isso fez com que se recuperasse mais depressa.
- Você parece triste meu amor.
- Sim mamãe!
- Mas por quê?
- Sinto muita falta do Castanha e estou preocupada com o estado de saude dele.
- Podemos ir até a baia dele.
- Me levaria até lá?
- Claro que sim! Mas para isso, você vai ter que usar a cadeira de rodas que o médico recomendou. Ainda não está de tudo curada.
- Tudo bem. Vamos.
Tatá ajudava-a a manejar a cadeira. Usava quando ela se sentia muito fraca e quando era acometida por fortes dores na perna e na coluna em decorrência daquele tombo. Mas já estava quase se livrando dela.
O alívio da jovem era tão grande ao perceber que o seu animal não estava tão mal como ela imaginava que resolveu se empenhar o máximo em sua recuperação para que pudesse em cavalgar juntos mais breve possível. Notou que ele emagreceu depois do acidente mas , mesmo assim Castanha continuava elegante. Ao consultar o veterinário Aquele dia ela soube que o peso poderia ser recuperado em semanas.
Então no sábado, livre de todas as mazelas provocadas pela inconsequência do pai, Pillar encostou-se na pista , esperando o momento certo de se aproximar do árabe que depois do acidente ficara 3 vezes mais arisco. Principalmente naquele dia.
Uma moça morena, belíssima , de olhos azuis e cabelos na cintura , de postura orgulhosa , chegou até ela.
- É um belo animal.
- Sim. Estupendo.
- Você vai montá-lo?
- Sim. Vou.
- Esse haras só tem cavalos belíssimos.
- É verdade.
- Quanto acha que deve custar um desses?
- Vó me disse que um desses na idade de 5 anos pode custar até 18.000 , mas isso depende da importância, raça e pelagem.
- Não entendo muito disso. Desculpe. Ele já criou?
- Ainda não .
- Deve ser jovem.
- Vai fazer 25 anos.
- Qual é mesmo seu nome?
- Pillar!
Respondeu começando a se irritar com a curiosidade da estranha.
- Meu nome é Natália Becker , Pillar. Muito prazer.
- Igualmente.
Natália estendeu sua mão.
- Me falaram tão bem desse lugar! Fiquei tão curiosa que tive que vir conhecer.
- Minha mãe era a Dona! Espero que esteja gostando.
- Estou amando! Pode ter certeza. Agora se me der licença , vou montar um pouco. Tem algum cavalo bem manso que possa me recomendar?
- Hum , não sei! Talvez o escapada. Ele fica no portão número 3.
- Quem sabe o árabe?
Pillar negou sentindo uma fisgada no peito.
- Não! Impossível! O castanha não aceita ninguém. Nunca foi montado. Só eu subo nele. Por que não monta em outro cavalo? Aí não corre o risco de se machucar.
- Por que não me leva então , até ele?
- Pode ser. Vamos sim. Mas eu não posso demorar. Não quero deixar o Castanha muito tempo sozinho. Primeiro ele tem que se acalmar.
- Eu cuido dele Pillar!
Rui propôs para o alivio dela. Não deixaria que ninguém se aproximasse de Castanha. Ela era muito possessiva em relação ao animal.
O momento que ela tanto esperava finalmente aconteceu. Ela pode desfrutar da sua companhia durante horas, praticamente a tarde inteira e começavam a praticar saltos. Apesar de nunca ter tido aulas de hipismo, por não se interessar, ela não sentia medo. Se Patrick visse , com certeza ia infartar.
Pensou divertida.
- Puxa garotão! Muito cuidado! Você quase me derruba novamente.
Quando pensa que não aquela notícia se espalhou rapidamente . Pillar chamou atenção com a sua ausência e o pai a descobriu na pista logo tratou de incomodá-la.
- Pillar! Sua avó me pediu para te avisar de que não deve mais praticar saltos com o seu cavalo.
- E por que?
Perguntou de cabeça erguida.
- Porque ele não é um animal adequado para esse tipo de esportes. é um Árabe selvagem e vocês podem acabar se machucando. Sabe muito bem disso.
Pillar suspirou beijando o pescoço do cavalo.
- Será que nunca poderemos nos divertir em paz?
- Podem. Mas sem saltos. Em segurança. Foi para isso que o pediu de presente? Para fazer peripécias perigosas?
- Claro que não! Por sinal foi você que me deu. Não pedi nada pra ninguém.
- Verdade ! Você tem razão. Mas melhor me obedecer , e obedecer sua avó para não perdê-lo novamente. E então, como ficamos?
- Dessa vez vou te escutar Papis! Faço de tudo para não me tirarem meu cavalo.
- Perfeito. O pai já está indo embora. Vem comigo? Vou me despedir do seu anjo da guarda , sua puxa saco.
- Hummmm! Ela é também a mulher da sua vida. Mas acho que não vai ser muito fácil conquistar ela não.
- Pelo amor de Deus ! Não fala isso nem brincando.
E Pillar foi abraçada com ele. Riam descontraídos e em paz. Esses momentos raros o deixava muito emocionado.
- Tatá! Meu pai veio se despedir de você.
Ela estava na cozinha e largou as batatas que estava cortando . Levantou-se e esfregou as mãos no avental. Tímida.
Pillar com cuidado ajeitava os cabelos dela.
- Aconteceu alguma coisa? Vocês estão com uma cara!
Olhava para Pai e filha desconfiada.
- É que eu estou tentando fechar uma parceria com Pillar , mas está difícil! Ela é muito enjoada.
- Ah é ! Que bom saber disso! Agora procura outra pessoa para te ajudar.
- Nem pensar! Você é a pessoa ideal! E depois já passou da hora de me dar uma moral. A um pai não se nega nada.
- Ah está bem. Vou pensar no seu caso. Vou ver se eu te ajudo. Mas você é muito lerdo. Não tenho muita paciência.
Tatá ria deles emocionada. Estavam abraçados.
- Meninas. Até o próximo sábado.
- Vai com Deus Patrick.
Ele segurou as mãos da loira que tentava desviar o olhar.
- É só isso que você vai me falar?
- Bem....
Pillar pôs a mão na boca segurando o riso.
- Vou sentir sua falta.
- Eu também.
- Tchau.
- Tchau!
Ela o levou até a porta.
Na semana seguinte Tatá atendeu um pedido especial de sua filha. Foi até a casa deles na cidade.
O calor de 40⁰ graus da cidade grande quase fez com que ela desmaiasse. O impacto foi terrível porque ela viajou 3 horas no ar condicionado e o clima do lugar não lhe fazia bem.
Inexperiente , ela vestiu roupas de lã ao sair. Decidira essa viagem de ultima hora e aquele detalhe acabou lhe passando despercebido.
Ela olhou para os lados observando aquela quantidade de prédios e lojas. Jamais se adaptaria e o fato de que sua estadia seria de pouco mais de três dias , a deixava mais conformada. Depois, com Pillar do seu lado seria mais fácil passar por aquela novidade.
Por falar em Pillar , elas pararam perto do hotel para descansarem do cansaço causado pelo peso das malas que dividiam. Desceram do taxi e andaram 10 minutos. Patrick as esperaria por ali.
- Ai Pillar ! Meus sapatos estão me matando.
- Pai já vem !
Tatá respirava com dificuldade. E isso se agravou quandoニ ela e uma mulher que chegava correndo rumo á entrada , trombaram.
- Desculpa!
- Não querida! Desculpas peço eu! Te machuquei?
A mulher segurou delicadamente em seu braço.
- Não. Está tudo bem.
- Então com licença. Boa tarde para você.
- Boa tarde.
Ainda zonza , ela observou a figura elegante desaparecer no interior da hospedaria. Essa observava agora seus movimentos da janela do ultimo andar. Dali não sairia mais. Pretendia se manter o mais afastada possível do lugar ao qual pertencia no passado. Faria seus contatos por telefone e providenciaria para que seus encontros fossem feitos ali mesmo.
decidida, ajeitou no corpo o longo casaco que usava e guardou o chapéu em uma caixa , colocando-a em cima do guarda-roupas. Agora iria relaxar.
A Semana em que Tatá passou na casa de Pillar , na cidade grande , passou voando. Patrick , durante aqueles dias fez o possível e o impossível para seduzir Taele , mas não foi tão fácil como ele imaginou. O laço entre ela e sua filha se estreitava cada dia mais. Pillar simplesmente se recusava a desgrudar do anjo de candura que ao invés de julgar , abriu os braços para acolhe-la e ajudar a se livrar da rebeldia.
Faziam o café juntas , davam faxina no apartamento e até o lixo , Pillar descia com Tatá quando chegava a hora dela descartar.
Ele suspirava impaciente. Ainda com esses pensamentos na cabeça , foi atender a porta. A campainha tocava e quando abriu , teve uma surpresa.
- Sogra.
- Boa tarde meu querido. Será que posso entrar?
- Por favor...
Concordou com hesitação. Ela entrou e se sentou sem cerimônias.
- E meus meninos onde estão?
- Vasco está dormindo. Pillar e Tael desceram agora.
- É Taele meu querido. E Nossa ! Você não imagina o quanto minha funcionaria está fazendo falta. Me sinto de braços e pernas quebradas sem ela por lá. O haras está um caos.- Não creio. Existem peões de grande competência espalhados por todo lugar. Tenho certeza de que dão conta sim. E outra coisa sogra. Se tivesse um caos , não acredito que a senhora estaria aqui.- Bem meu querido, justamente por isso vim. É que eu tenho uma reunião. Lá não tenho condições e como vinha para esses lados , achei que não haveria problema de me encontrar com essa pessoa aqui. Você se aborrece?- Não. Posso saber quem é?- Na hora certa vocês vão se conhecer. Nathalia Becker bateu na porta do apartamento e foi recebida por Pillar com surpresa.- Oi mocinha! Você por aqui!- Eu moro aqui.&
- Você perdeu um bebê? - Sim. - Ai meu Deus ! Lamento muito. Pillar a abraçou solidária. - Eu perdi um anjinho. E ganhei outro. Você! Minha filha ! Meu amor. - E eu vou estar com você para sempre. Prometeu. Ambas choravam emocionadas. Pillar pensado em todas as maravilhas que o Haras oferecia . amava aquele lugar apesar de Dona Iolanda fazer de tudo para prejudica- lá suportaria porque tinha a mãe a única que conhecia. Ela era adorável. A defendia da avó do pai contra aquela mente doentia e apegada ao passado como os dois possuíam. Sozinho em casa Patrick se arrependia de ter saído daquele jeito do Haras. Tatá não merecia. Se quisesse mesmo conquistá-la teria que
Mas como bem lhe dissera dona Iolanda , a tarefa não seria assim tão fácil. “ Querido vai ser muito difícil para você seduzir essa da roça. Eu no seu lugar me poupava , porque vai por mim, no final da história, isso não vai dar em nada.” Ela garantiu. E lembrando-se daquela ocasião Patrick então questionou: - Tata , você por acaso tem alguém? - Eu? Ninguém. Quem? - Um admirador, alguém com quem possa estar se relacionando? - Jamais Patrick. De onde tirou essa ideia? Estou sozinha. Eu, Deus e agora sua filha que eu amo de paixão, mas nenhum homem, ninguém que possa me dar amor, nenhum braço para me proteger e me amparar. Ele estendeu os dele fazendo ela rir. - Estou aqui. - Inteiro? Ele se calou. Deu um suspiro e depois questionou , só para despistar. - Minha Filha? Que horas termina o trabalho? - Ne
Pilar cavalgava o dia inteiro com castanha, queria montar em Juventude mas seu cavalo não deixava ela se aproximar de nenhum outro. - Castanha não seja bobo ! Você é meu e eu não vou te deixar. Ela ria divertida enquanto o levava para pista profissional ele precisava de exercícios. Desde que castanha se recuperara , sempre fazia tudo o que o veterinário pedia. - Olá Pillar. A jovem ouviu uma voz desagradável atrás de si. - O que faz aqui? - Esse é um lugar publico , que eu saiba. - Mas não é bem vinda. Patrick assistir a tudo e temia
- Tudo bem com você ? Já faz um tempinho que a gente não se vê. Querendo se livrar de mim? A senhora questionou com certo sentimento. - Querendo me livrar de aborrecimento. - Patrick querido! Lamento tanto sabe, não imagina o meu constrangimento ao pensar que posso estar aborrecendo você, pois eu o estimo muito, não teria como ser diferente com o homem que fez a minha filha a mulher mais feliz do mundo. O amor de vocês é tão lindo! Ela disparou. - Era. A velha pigarreou envergonhada e vermelha diante da declaração
Mas queria Tatá. Queria a paz que ela representava , queria a segurança e o amor que ela entregou á sua filha. Apesar de estar ciente que não conseguiria chegar ao coração da loira sem antes conquistar o da filha e Taele já deixou isso bem claro. Estava nítido para ele. Dona Iolanda acabava de adentrar o hotel. Esperava pôr um fim nos seus problemas. Furiosa ela subiu as escadas , sem se comunicar com o pessoal da recepção e bateu no 404 . Quando a porta se abriu , ela se livrou de sua bolsa e foi logo se sentando na poltrona do quarto . Não perderia tempo. Iria direto ao assunto. - Escuta aqui sua estupida! Até quando você vai deixar o que te pertence nas mãos de estranhos ? - Estranhos? Você conhece a funcionária muito bem e sempre me mantem informada sobre ela. - Não está preocupada? - Não , não! De maneira nenhuma. - Então quer dizer que eu sou a única aqui prestando papel de idiota , lutando para que
Pillar ouviu uma movimentação muito grande quando acordou. - Levaram o castanha. Ela se antecipou. - Como sabe? - Eu sinto isso. Meu coração indomável não se engana. Tenho certeza de que minha avó cumpriu com a palavra dela . Pillar abriu a porta e saiu correndo. - Pillar! Filha espere! Tatá e Patrick a seguiam mas nada a detia. Como ela tinha imaginado, uma caminhonete estava estacionada na entrada do haras, só não contava com o estado dela. Estava toda distorcida e o eixo que ligava a cabine ao veículo soltou-se seu estado e
- Vou estar sempre. Tatá prometeu emocionada ao ver que a menina não a rejeitou com a volta da sua verdadeira mãe. Assim as duas foram embora e Patrick continuou lá parado, estático , mudo e em choque. Uma fúria assustadora tomando conta de si. Tinha medo de sofrer um infarto. As batidas do coração estavam incontroláveis e tão ensurdecedoras que ameaçavam deixa-lo louco. Será que ouviu direito? Será que aquilo não era fruto de sua imaginação? Pillar inventaria um absurdo desses? E se fosse verdade? Como ele encararia Bela? Como ele reagiria diante da mulher que foi o grande amor da sua vida? Cada vez mais descontrolado ele chutou o ar , pois estava na casa de Tatá então não poderia quebrar nada. Teria que conter seus impulsos. Ele não parava de andar para lá e para cá. A revolta a dor e a insegurança queimando seu