Anya engasgou, desabando no chão e lutando por ar quando ele a soltou.
De repente, Chloe agarrou o pulso de Damon, os olhos arregalados em dor fingida. — Alfa... há algo que eu não ousei te contar.
— Diga, o que foi?
Chloe mordeu o lábio, como se estivesse tomando uma decisão difícil. — O ataque dos Rogues esta noite — começou ela, a voz tremendo.
— Pode não ter sido uma coincidência.
O ar congelou instantaneamente.
A cabeça de Leo se ergueu de repente.
— O que você quer dizer?
— Eu... não tenho certeza, mas... — A voz de Chloe ficou mais baixa. — Alguns dias atrás, minha irmã estava perguntando sobre as rotas de patrulha da alcateia. Achei que ela só quisesse se envolver mais nos assuntos da alcateia, então contei.
Meu espírito quase se dissipou com o choque.
Ela estava insinuando que eu tinha vazado as rotas de patrulha!
— Está dizendo. — A voz de Damon era um rosnado baixo, um veredito final — Que Elena deliberadamente levou os Rogues até nós?
Por um segundo, os olhos de Chloe se arregalaram em pânico, como se tivesse ido longe demais. Depois, rapidamente, cobriu com um olhar apreensivo.
— Talvez eu esteja confusa por causa dos ferimentos... Posso estar lembrando errado. Afinal, é minha irmã. Como ela poderia fazer uma coisa dessas?
— Talvez alguém tenha se aproveitado dela de propósito... contra mim.
Ela silenciou, mas todos entenderam a implicação.
Os olhos de lobo de Leo tornaram-se ouro num instante.
— Ciúme? Elena trouxe os Rogues porque tinha ciúme de você?
— Não tenho provas, e não quero acreditar nisso... — Chloe soluçou ainda mais. — Mas minha irmã anda muito infeliz desde que eu despertei meu sangue de Beta.
— Aquela desgraçada! — Leo se ergueu, a natureza de lobo quase fora de controle.
— Ela ousou pôr todo mundo em perigo por razões egoístas!
— Mas minha irmã com certeza não esperava se envolver nisso. — Chloe continuou, pondo lenha na fogueira. — Ela provavelmente achou que, com o vínculo de companheiros, o Alfa teria que salvá-la. Aí ela poderia bancar a heroína.
— Chega.
A palavra saiu como um rosnado do peito de Damon. Leo e Chloe ficaram em silêncio, atônitos.
Chloe sussurrou, a voz trêmula.
— Damon...?
— Eu disse, cale-se. — Damon rosnou, os olhos lançando um brilho frio.
Ele não compreendia totalmente sua própria reação. Tentava forçar a narrativa familiar de volta ao lugar — que Elena era a culpada.
E, no entanto, um instinto primal e possessivo rugia sob a superfície. Ele não permitiria que um estranho a difamasse.
Ela era dele para punir, dele para controlar. Um problema que só ele devia resolver.
Queria gritar, me defender, dizer a verdade.
Mas como um espírito em extinção, eu não podia fazer nada além de vê-los me destroçando com suas mentiras.
Anya, ainda no chão, finalmente conseguiu falar.
— Do que estão falando? Elena estava protegendo o Alfa! Se não fosse por ela, o Alfa estaria ferido agora!
— Silêncio! — O rugido de Damon fez a floresta inteira tremer. — Parece que Elena não só te comprou, como também te encheu com suas mentiras!
Leo zombou e caminhou até o meu corpo. — Uma Ômega que trairia sua alcateia por ciúme merece morrer.
Nesse instante, Chloe esforçou-se para ficar de pé, cambaleando em direção ao meu corpo.
Ela se ajoelhou, acariciando meu rosto dilacerado, a voz embargada.
— Irmã, sei que você nunca ficou feliz por eu ser mais forte do que você, mas por que teve que ser assim?
— Mesmo que você realmente sentisse ciúmes de mim, eu nunca te culparia. Somos irmãs. Eu te daria tudo o que tenho, até Damon...
— Não seja ridícula, minha querida. — Disse Damon, a voz amolecendo com suas palavras. — Eu ia rejeitar a Elena mais cedo ou mais tarde. Ela não é digna da posição de Luna.
Um lampejo de triunfo cruzou os olhos de Chloe, mas, por fora, ela parecia ainda mais dolorida. — Damon, não diga isso sobre minha irmã... ela pode ter só ficado confusa por um momento...
— Confusa? — Leo riu com escárnio. — Quase fazer o Alfa ser morto e te deixar ferida, isso é só ficar confusa? Isso é maldade!
Observei tudo, vi aqueles que protegi com a minha vida pisotearem meu sacrifício com as palavras mais cruéis.
De repente, pensei que talvez fosse melhor morrer.
Talvez minha morte finalmente lhes desse o que todos queriam.
Então, senti uma violenta sensação de puxão.
Para meu horror, percebi que meu espírito estava sendo arrastado por uma força poderosa, movendo-se descontroladamente em direção a Damon.
— Não... — Tentei resistir, mas foi em vão.
O vínculo de companheiros partido segurava meu espírito como uma corrente, prendendo-me a Damon. Eu sequer pude soltar um grito de desespero.
Daquele momento em diante, estaria atada ao espírito de Damon, prisioneira em sua mente, forçada a suportar esse tormento silencioso e interminável.
— Minha querida — murmurou Damon, suavizando a voz.
— Você precisa descansar.